Escrito por: Redação CUT
Mãe de aluno que foi alvo de grupo pede expulsão dos que praticaram atos de racismo, nazismo e misoginia. Segundo ela, direção da escola, em Valinhos (SP), não tomou providências adequadas
Um grupo de cerca de 30 alunos bolsonaristas do Colégio Visconde de Porto Seguro, da unidade de Valinhos (SP), insatisfeito com a eleição para presidente de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) compartilhou por meio do WhatsApp mensagens de ódio contra petistas, negros, nordestinos e mulheres, além de fazer apologias ao nazismo, principalmente com o envio de "stickers" (figurinhas) de Adolf Hitler.
Um dos integrantes do grupo chamado "Fundação Anti Petismo” chegou a defender uma "Fundação Pró-Reescravização do Nordeste" enquanto marca uma manifestação que aconteceu presencialmente no colégio na última segunda-feira (31).
A ação do grupo foi divulgada graças a Thais Cremasco, advogada e mãe adotiva de um aluno negro que chegou a ser incluído no grupo antipetista, mas que após reclamar do conteúdo das mensagens foi bloqueado pelos demais integrantes. Após o bloqueio o aluno de 15 anos recebeu uma mensagem privada, racista, dizendo: "Espero que você morra fdp negro".
Entre as mensagens havia discursos de ódio contra nordestinos, sendo que um desses alunos disse desejar que os nordestinos "morram de sede"; "quero sua mãe, aquela negrinha"; "sou pró-reescravização do Nordeste" , "quero ver pobre se f*der ainda mais agora"; "ai ai como pobre é burro" e "não encontro um petista comemorando, acho que é porque eles não têm celular ainda", disse um dos participantes. "Se ele fez isso com os judeus, posso fazer isso com os petistas", disse outro, ao compartilhar uma foto de Hitler.
Além das mensagens de ódio, alguns alunos fizeram uma manifestação na escola usando bandeiras do Brasil e gritando mensagens contra Lula e seus eleitores, no dia 31/10.
Cremasco fez um Boletim de Ocorrência (BO) e apresentou à direção do colégio de elite o conteúdo das ofensas, mas segundo ela, os responsáveis apenas lamentaram o ocorrido. Ao Estadão, a advogado afirmou: “ o diretor falou para mim que nada poderia fazer porque os crimes não aconteceram dentro da escola. Um dos alunos foi suspenso, mas isso aconteceu porque ele ofendeu uma coordenadora ao ser chamado para esclarecer o caso e não pelo que ele fez contra o meu filho", disse.
A advogada, que também tem uma filha adotiva que é negra, defende a expulsão dos alunos racistas, por entender que eles precisam de uma punição mais severa. "Eles precisam começar a punir as crianças que cometem esse tipo de violência porque racismo é crime. Eu bato nessa tecla com eles: 'Se vocês aceitam crianças que cometem esse crime aqui, quais outros crimes podem ser cometidos? Se uma criança estuprar uma outra criança, ela vai poder continuar estudando aqui’?, questionou na entrevista.
Outras denúncias
Após o caso vir a público, Cremasco diz ter recebido denúncias de outros alunos que foram vítimas de racismo por serem negros, transgêneros e/ou judeus. Alguns deles dizem que deixaram a escola após sofrerem as ofensas e que lidam com danos psicológicos até hoje.
O que disse o colégio
Em nota, o Colégio Visconde de Porto Seguro diz se ser contra preconceitos e ataques de ódio e pediu para que os responsáveis pelos adolescentes os monitorassem nas redes sociais.
Com informações do Estadão