Alvo da Operação Zelotes, família deixa direção da Gerdau

Grupo envolveu-se com denúncias e tem sido palco de mortes de trabalhadores por acidentes

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No mesmo dia em que o Ministério Público Federal (MPF) denunciou executivos e consultores da Gerdau por suspeita de fraude fiscal. no âmbito das investigações da Operação Zelotes – um dos maiores esquemas de sonegação fiscal do País -, o Grupo Gerdau anunciou nesta quinta-feira (24) o afastamento da família do dia a dia da empresa, após cinco gerações no comando executivo da siderúrgica.

O atual presidente do grupo, André Gerdau Johannpeter, e os vice-presidentes executivos Claudio Johannpeter e Guilherme Gerdau Johannpeter deixarão seus cargos e passarão a atuar apenas no Conselho de Administração a partir de 1º janeiro. Para o lugar de André, foi escalado o atual diretor executivo da operação Brasil, Gustavo Werneck.

Em teleconferência com investidores, André negou que as alterações tenham relação com a Zelotes e disse que o movimento faz parte de um processo iniciado há um ano. O empresário afirmou que os membros da família focarão na parte estratégica e nos planos de longo prazo.

Executivos da Gerdau denunciados por corrupção no Carf

O MPF denunciou nesta quinta-feira executivos da Gerdau por corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), espécie de “tribunal” que avalia débitos de contribuintes com a Receita Federal.

Conforme a denúncia, enviada à 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, representantes da siderúrgica teriam negociado o pagamento de R$ 40 milhões em troca de vantagens em processos que tramitavam no órgão público.

O esquema teria funcionado entre 2011 e 2014, período em que o grupo econômico teve cinco casos analisados no Carf. Em valores atualizados, discutia-se a anulação de cobranças de R$ 4 bilhões. O caso foi investigado na Operação Zelotes.

Dos três executivos acusados, apenas um, Raul Fernando Schneider, permanece no grupo empresarial, como membro do conselho fiscal e do conselho administrativo. Os outros dois são o ex-diretor jurídico da empresa, Expedito Luz, e o ex-consultor jurídico da companhia Marcos Antônio Biondo.

Conspirador

Jorge Gerdau Johannpeter, o grande líder do grupo e fundador do Movimento Brasil Competitivo, em abril de 2011 foi nomeado pela presidenta Dilma Rousseff coordenador da Câmara de Gestão e Planejamento, passando a trabalhar ao lado dela no Palácio do Planalto. Ao mesmo tempo, já era membro do Conselho de Governança do Instituto Millenium, onde participava ativamente da articulação do golpe contra ela, por meio da execução de estratégias de influência via mídia.

O nome de Gerdau, que já foi habitual em listas dos homens mais poderosos do Brasil, tem frequentado as notícias também pela má fama da Siderúrgica Gerdau, de Ouro Branco (MG), onde já ocorreram 7 mortes de trabalhadores nos últimos meses, em três acidentes.