Amigo da família do presidente confirma esquema de “rachadinha” do clã Bolsonaro
Ex-mulher do presidente, Ana Cristina Valle, teria comando o esquema nos gabinetes de Jair e seus filhos Carlos e Flávio
Publicado: 21 Janeiro, 2022 - 12h03 | Última modificação: 21 Janeiro, 2022 - 12h20
Escrito por: Redação CUT
O ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2018 e amigo do presidente, Waldir Ferraz, disse que a rachadinha, esquema em que funcionários de gabinetes são obrigados a devolver parte dos salários a políticos, teria como “cabeça” a madrasta do senador Flávio e do vereador Carlos, Ana Cristina Valle. Ela é mãe de Renan Bolsonaro, o número 4.
Em entrevista à revista Veja, Ferraz contou que ela comandava o esquema nos gabinetes dos enteados e do ex-marido, então deputado federal. Naquela época Flávio era deputado estadual e Carlos, vereador, ambos pelo estado do Rio de Janeiro.
Depois de algum tempo, Fabrício Queiroz, amigo e ex-assessor dos Bolsonaro teria assumido o esquema. Em junho de 2020, Queiroz chegou a ser preso preventivamente pela Justiça do Rio de Janeiro no caso das rachadinhas, mas foi solto em 2021.
Na denúncia, o amigo da família Bolsonaro revelou ainda que Ana Cristina seria uma mulher perigosa que quer dinheiro a todo custo e chantageia o presidente, aparecendo no “cercadinho” (local em que o Jair Bolsonaro fala a seus seguidores em Brasília, nos arredores do Palácio do Planalto). Segundo Ferraz, ela ainda pediria dinheiro e favores ao presidente da República, em troca de seu silêncio.
O ex-assessor, no entanto, diz que Jair Bolsonaro e seus filhos só souberam do esquema em 2018, ano em que se iniciou a investigação da rachadinha.
Investigações
Uma investigação que corria em sigilo no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), apontava que parte do dinheiro vindo de rachadinhas do gabinete de Flávio Bolsonaro era lavado para ser usado em benefício do parlamentar. Mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou, em fevereiro de 2021, a decisão que permitia o acesso aos dados financeiros de Flávio e os demais investigados. Apuração inicial foi de que o esquema havia rendido R$ 4,23 milhões.
O atual senador pelo Republicanos é suspeito de comprar imóveis em dinheiro vivo, abaixo do valor, e de lavagem de dinheiro na loja de chocolates que tinha em um shopping da capital carioca. A investigação da promotoria apontou que Flávio e a mulher dele, Fernanda Bolsonaro, não tinham o valor necessário para a aquisição e operação da franquia. Por isso, Alexandre Santini, seu sócio, teria entrado como “laranja” no negócio. Eles entregaram a franquia que administravam em abril do ano passado.
Ana Cristina negou à revista Veja que tenha envolvimento com o esquema de rachadinha enquanto atuou nos gabinetes do ex-marido e seus filhos.
Já o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) teve seu sigilo bancário quebrado, além de outros 26 investigados em uma lista que inclui sua ex-madrasta Ana Cristina Vale, segundo a colunista do UOL, Juliana Dal Piva. Segundo a jornalista, na decisão que autorizou a quebra, o juiz Marcello Rubioli, da 1ª Vara Criminal Especializada do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio), escreveu ao longo de 79 páginas que verificou "indícios rotundos de atividade criminosa em regime organizado" e que "Carlos Nantes é citado diretamente como o chefe da organização". O material da quebra de sigilo, no entanto, ainda é desconhecido do público e está sob investigação.
*Com informações do UOL