Escrito por: Redação CUT
O sindicato dos professores e professoras de São Paulo elaborou um manual que orienta como se proteger das atrocidades do Escola Sem Partido dentro e fora de sala de aula
Professores e professoras de todo o país já estão sofrendo perseguições de alunos, pais e diretores de escolas defensores da Lei da Mordaça, também conhecida como Escola Sem Partido, que ainda nem foi aprovada.
O texto do Projeto de Lei determina o que os professores podem ou não ensinar aos alunos. O PL surgiu do equivocado discurso conservador de movimentos que apoiaram o golpe de Estado no Brasil, como o Movimento Brasil Livre (MBL), que definem os debates em sala de aula como “doutrina marxista” e “orientação de gênero nas escolas”. Na prática, o projeto serve para perseguir professores, em especial, os que mais estimulam os alunos a pensar, refletir, chegar as próprias conclusões.
Para contra-atacar a censura aos educadores e o assédio moral, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) lançou o Movimento Contra a Fraude do Escola Sem Partido.
O instrumento principal da campanha, que também vai desenvolver ações e realizar debates sobre como combater o PL, é uma cartilha destinada aos professores com orientações, inclusive jurídicas, para que possam se proteger de situações de assédio.
O Secretário de Comunicação da Apeoesp, Paulo Guido, que coordena a campanha, explica que a cartilha tem, além do aspecto jurídico, orientações sobre como ter uma postura político-pedagógica sobre o conteúdo perante um fato concreto, real, do conteúdo lecionado na sala de aula e o que deve ser “acatado” pelos alunos, tais como a Constituição e legislação internacional sobre o direito e a liberdade de “ser professor”.
Para o professor de História Natural e ex-secretário-adjunto da Educação do estado de São Paulo, João Cardoso Palma Filho, essa ‘doutrinação de esquerda’, não existe. “Eu gostaria que me apontassem, em São Paulo, onde tem uma escola que está ensinando Marxismo para as crianças”, desafia.
Paulo Guido, da Apeoesp, também rebate os ataques dos defensores do projeto Escola Sem Partido. “A escola nunca teve partido. Tem pluralidade e objetiva a cultura do respeito, que se eduque as pessoas para respeitar”, diz
Atenção professor, silêncio não!
No lançamento da campanha, o professor Palma, ironizou um dos pontos do Escola Sem Partido, que determina o respeito à opinião do aluno: “O aluno vai dizer que a terra é plana, não redonda. Nesse caso o professor de geografia faz o quê, já que não pode contrariar o aluno?”
Professora na cidade Assis, interior de SP, Marina Rosseto dos Santos, conta casos de colegas que foram assediados por diretores de escolas, sendo ‘intimados’ a parar de se expressarem nas redes sociais. “Estamos sendo proibidos de expressar nossas ideias diante de um projeto que é absurdo”.
O material elaborado pela Apeoesp será distribuído para os professores e professoras por meio das subsedes do sindicato, em várias cidades do estado de São Paulo. Aqueles que não receberem a cartilha, podem procurar as subsedes ou acessar o portal da Apeoesp para fazer a denúncia. Ou clicar aqui.
A reportagem é de Jô Myagui, para a a TVT
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