Escrito por: Redação CUT

Apesar da alta de casos de Covid-19, novo ministro da Saúde descarta lockdown

Com pandemia descontrolada, Bolsonaro troca general por médico para comandar pasta da Saúde, mas pouco deve mudar. Além de descartar lockdown, Marcelo Queiroga admite “tratamento precoce"

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Apesar da alta de casos de Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciado nesta segunda-feira (15) como sucessor do general Eduardo Pazuello, descarta adotar o lockdown para combater a acelerada transmissão do vírus no Brasil e admite o "tratamento precoce" com medicamentos sem comprovação científica, como defende o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL).

Em sua primeira entrevista como ministro, Queiroga afirmou à CNN que o tratamento precoce é uma questão médica. No entanto, a comunidade cientifica reitera que não há tratamento precoce contra a doença, o correto é o distanciamento social, o uso de máscara e lavagem das mãos.

Nesta terça-feira (16), ele disse que a definição da política "é do governo de Jair Bolsonaro", e cabe à pasta executar as ações, de acordo com o UOL.

Enquanto o país assiste a dança das cadeiras no Ministério da Saúde – o cardiologista Queiroga é o 4º ministro da pasta em um ano, antes dele saíram do cargo por discordar das orientações de Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, a pandemia não dá sinais de trégua no país.

O mortes por Covid-19 aumentou em 23 estados e no Distrito Federal. Já são quase 280 mil mortes em decorrência da doença desde o início da pandemia, no ano passado. O país registrou nesta segunda-feira (15) o 20º dia seguido de recorde de mortes, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Segundo o boletim, Monitora Covid-19 da Fiocruz, a média de óbitos chegou a 1.841. O crescimento é 50,3% superior ao registrado 14 dias antes (1.225). Na comparação com o pico de 2020, que ocorreu em 25 de julho, quando atingiu a marca de 1.096 mortes, o crescimento chegou a 67,9%.

País atinge nesta terça marca de 280 mil mortes

O país registrou 1.275 mortes pela Covid-19 em 24 horas e totalizou 279.602 óbitos. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de 46%, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença, de acordo com o levantamento do consórcio de imprensa sobre a situação da pandemia de coronavírus no Brasil.

São mais de 54 dias seguidos com a média móvel de mortes acima da marca de 1 mil, 20 dias acima de 1,1 mil, e pelo décimo sexto dia a marca aparece acima de 1,2 mil.

Foram 17 recordes seguidos de 27 de fevereiro até aqui. Os dados apontam também 42.446 novos casos confirmados da doença em 24 horas, totalizando 11.525.477 diagnósticos positivos desde o início da pandemia.

Brasil tem alta de 355 mil mortes nos últimos 12 meses

O Brasil atingiu o recorde de mortalidade desde o início da série "Estatísticas do Registro Civil", criada em 2003. Ao total, 1.498.910 pessoas morreram entre março de 2020 e fevereiro de 2021, de acordo com dados dos Cartórios de Registro Civil do país, disponibilizados no Portal de Transparência do Registro Civil.

É um duro contraste com a realidade do ano anterior. Houve um aumento de 31% em relação à média histórica, e 13,7% em relação ao cálculo de 2019. Dentro dos 31%, repousam 355.455 vidas brasileiras.

Só o estado do Amazonas enfrentou crescimento de 86,8%. Outros destaques pelo Brasil são Espírito Santo (42,8%), Santa Catarina (36,4%)e Maranhão (33,3%).

Paraná sofre com falta de leitos

A falta de vagas nos hospitais de Curitiba está sendo um problema. Nesta segunda-feira (15), 1.228 pessoas aguardavam na fila por vagas em leitos no Paraná - 687 para enfermarias e 541 para Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Há 5.270 pessoas internadas com suspeita ou confirmação de contaminação pelo novo coronavírus no estado, incluindo na rede privada.

A taxa de ocupação de UTIs no sistema público está em 97%. Além de oxigênio e leitos, o centro de medicamentos do Paraná (Cemepar), que monitora os estoques de 63 hospitais, emitiu um alerta diante da iminente falta de remédios.

Segundo o órgão, os relaxantes usados para auxiliar na ventilação mecânica de doentes devem durar mais três dias, e o estoque de sedativos e analgésicos, mais oito dias.

SP tem pico internações em UTIs

O estado de São Paulo teve uma média de 180 novas internações por dia em UTIs de Covid-19 nas últimas três semanas.

Foram internados 3.834 novos pacientes nas UTIs voltadas a doença, em um total de 10.244 internados em todo o estado. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde, é um número 64% maior do que o primeiro pico da pandemia, em julho, quando São Paulo chegou a 6.250 internados.