Escrito por: Redação CUT
Em novembro, a prefeitura vai abolir o uso de máscaras apenas em locais públicos, mas a expectativa é retirar praticamente todas as medidas restritivas contra a Covid-19 até o final do mês
Apesar da alta no número de casos de Covid-19, semanas após a desobrigação do uso das máscaras de proteção contra a doença em países como Estados Unidos, Israel, Itália, Grécia, Nova Zelândia e Reino Unido, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), deve publicar, nesta terça-feira (26), decreto abolindo o uso do item em locais públicos a partir de novembro.
Com a taxa de letalidade está em 5,8%, contra 8,8% em 2020; e a de mortalidade, em 235,1 a cada 100 mil habitantes, contra 286,3/100 mil no ano passado, a expectativa das autoridades é a de retirar praticamente todas as medidas restritivas contra a Covid-19 no final de novembro, mantendo máscaras somente nos transportes públicos, segundo entrevista do secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz, à TV Globo.
Nos países que aboliram o uso de máscaras, os números indicaram uma queda este mês, cerca de três meses após a flexibilização, mas ainda em patamares superiores ao de antes da flexibilização do uso das máscaras. Em Israel, a queda ocorreu após a dose de reforço da vacina contra a Covid-19.
Flexibilização no Rio
O anúncio da flexibilizacão do uso de máscaras contra a Covid-19 no Rio, porém não terá validade imediata porque a medida precisa ser regulamentada pelo governo do Estado. É necessário modificar uma lei estadual, ainda em vigor, que torna o uso do equipamento obrigatório em todos os locais públicos.
Mas, para isso, as autoridades esperam a redução de casos, de internações e do bom andamento epidemiológico.
O secretário de Saúde do Rio disse também na entrevista que o decreto sobre a flexibilização do uso de máscaras só será publicado quando o município atingir o índice de 65% da população vacinada com duas doses da vacina contra a Covid-19.
A expectativa, Segundo Soranz, é que a marca seja batida nesta terça-feira (26). Só depois disso será feito um novo decreto para flexibilizar o uso de máscaras na cidade.
Até agora, 62% da população total do Rio de Janeiro, o correspondente a mais de 4,1 milhões, já estão totalmente imunizadas contra a doença. Além disso, mais de 5,7 milhões de cariocas tomaram apenas a primeira dose.
Quem perdeu a data da segunda dose pode ir ao local onde tomou a primeira a qualquer dia, sem precisar esperar a repescagem. O mesmo acontece para população acima de 12 anos que ainda não se vacinou. Uma busca ativa está sendo feita para encontrar essas pessoas.
O que dizem os especialistas
Para os especialistas, o uso das máscaras de proteção contra a Covid é uma arma importante no combate à pandemia. Eles consideram adequado fazer estudos e montar comitês científicos para definir quando e como o equipamento deve ser flexibilizado, mas tudo isso com muita cautela.
"O problema é a definição de ‘ambiente ao ar livre’. Um ponto de ônibus é um ambiente ao ar livre, mas as pessoas com frequência se aglomeram nesses espaços. Isso torna o lugar seguro? Não, não é bem assim", explica a infectologista, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora da Unicamp, Raquel Stucchi, em entrevista à Folha de S. Paulo.
Para ela, o mais difícil —convencer a população a usar a proteção facial— já foi conquistado, e é melhor manter essa orientação.
Em março, o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a obrigatoriedade das máscaras seria mantida. Já em junho, ele encomendou um estudo para avaliar desobrigar seu uso, com conclusão prevista para outubro.
Queiroga já se posicionou diversas vezes contra a obrigatoriedade das máscaras, embora inúmeras evidências científicas hoje comprovem como a proteção —em especial as do tipo PFF2— é eficaz em conter de maneira significativa a transmissão do coronavírus.
Tendência de queda
Dados do boletim epidemiológico do Rio mostra tendência de queda no número de casos notificados por Covid-19 e nos atendimentos na rede de urgência e emergência por síndrome gripal e Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na capital.
Segundo o levantamento, todos os índices apresentam as menores taxas desde o início da pandemia, em março de 2020.
A fila por leitos está zerada e 196 pessoas estão internadas na rede pública municipal como a doença. Esse número, chegou a ser maior do que 1.400 pacientes nos períodos mais críticos da pandemia.
Em 2021 são 271.853 casos e 15.660 mortes pela doença.
Apesar disso, a incidência da Covid-19 é maior em 2021 (4.081/100 mil, quando em 2020 era de 3.247,8/100 mil).