Apesar do atentado ao acampamento, 1º de Maio será mantido em Curitiba
Movimentos sociais e sindicais reunidos em acampamento atingido a tiros, com dois feridos, decidiram manter agenda. Para o presidente do PT-PR, nunca houve tamanha violência
Publicado: 29 Abril, 2018 - 09h28 | Última modificação: 29 Abril, 2018 - 09h42
Escrito por: Redação RedeBrasilAtual
Os movimentos sociais e sindicais reunidos em Curitiba em vigília ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiram manter a agenda de programações culturais e políticas e os atos deste 1º de Maio, mesmo após atentado ao acampamento. A segurança será reforçada e serão colocadas câmeras para registrar movimentos em torno.
Na madrugada do dia 28 o acampamento Marisa Letícia foi alvo de um atentado a tiros, com mais de 20 disparos, que deixou dois feridos. Jefferson Lima de Menezes, de São Paulo, foi atingido no pescoço e está internado na UTI do Hospital do Trabalhador. De acordo com a Secretaria de Saúde do Paraná, seu estado é grave.
A perícia encontrou cápsulas de 9 milímetros, que estão sendo investigadas. Também serão analisadas imagens gravadas por câmeras localizadas nas imediações, para identificar as placas dos veículos.
Em entrevista coletiva no começo da tarde do dia 28, o presidente do Partido dos Trabalhadores no Paraná, deputado estadual Doutor Rosinha, disse que em 26 anos de vida pública, jamais assistiu a cenas de tamanha violência.
"Sempre fizemos disputa política e ideológica e nunca vi tamanha agressividade aqui no Paraná e no Brasil. O que me preocupa muito é o discurso, em apologia a um candidato à Presidência da República, de seus seguidores. Nós, ao contrário, temos feito manifestações pacíficas. E o que tem acontecido é que nossos militantes têm sido agredidos psicológica e fisicamente", disse.
Referindo-se a outro atentado contra os apoiadores de Lula, durante caravana pelo estado do Paraná, Doutor Rosinha afirmou que essa situação de violência foi precipitada pela Polícia Federal desde a noite da chegada do ex-presidente Lula em Curitiba, no último dia 7, "de uma maneira que não cabe à Polícia. "Nós não atentamos contra a vida de ninguém. Por isso faço um apelo: vamos fazer uma disputa política, no debate. A violência não vai nos levar a nada, a não ser a vítimas, a lágrimas, ao choro".
Em nota, a vigília Lula Livre e as diversas organizações que a integram repudiam de forma veemente o ataque a tiros contra o acampamento.
Confira a íntegra da nota:
NOTA DA VIGÍLIA LULA LIVRE
A vigília Lula Livre e as diversas organizações que a integram repudiam de forma veemente o ataque a tiros contra o acampamento Marisa Letícia, ocorrido na madrugada de hoje (28) e que resultou em duas pessoas feridas, uma delas de forma grave, com um tiro no pescoço.
A sorte de não ter havido vítimas fatais não diminui o fato da tentativa de homicídio, motivada pelo ódio e provocação de quem não aceita que a vigília é pacífica, alcança três semanas e vai receber um Primeiro de Maio com presença massiva em Curitiba. Não nos intimidarão!
No fundo, é uma crônica anunciada. Desde o dia quando houve a mudança de local de acampamento (17), cumprindo demanda judicial, integrantes do movimento social haviam sido atacados na região. Desde aquele momento, a coordenação da vigília já exigia policiamento e apoio de viaturas, como foi inclusive sinalizado nos acordos para mudança no local do acampamento.
“Nós desmanchamos o acampamento cumprindo ordem oficial. Fizemos a opção de ir para um terreno e seria garantida a segurança. Agora o que cobramos da Secretaria de Segurança Pública é investigação, que identifique o atirador”, enfatiza Dr Rosinha, presidente do PT estadual e integrante da coordenação da vigília.
Seguiremos com nossas atividades, lutas, programação e debates da vigília. A cada dia vai se tornando cada vez mais impressionante como, mesmo preso, a figura do ex-presidente Lula, a força moral que ganha, as denúncias contra a injustiça de sua prisão, tudo isso causa desespero nos seus algozes.
Por isso, estamos no caminho certo e venceremos! Em repúdio contra a violência, realizamos o trancamento da rua na região e seguiremos lutando.
Convocamos a sociedade e as pessoas que prezam pela democracia, pelo livre direito à expressão, pela diversidade de vozes na política, que somem-se a nós na vigília. Não aceitaremos tentativas de retrocesso que já nos custaram muitas lutas e vidas.
Vigília Lula Livre, 28 de abril de 2018.