Apoio e solidariedade internacional
Metalúrgicos da CUT debatem lutas comuns com norte-americanos do UAW
Publicado: 19 Setembro, 2014 - 11h03
Escrito por: Shayane Servilha - CNM/CUT
O secretário de Finanças do sindicato dos trabalhadores na indústria automotiva dos Estados Unidos - United Auto Workers (UAW) -, Gary Casteel, visitou na manhã desta-quarta (18) a sede da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), em São Bernardo do Campo (SP). O dirigente, eleito no 36º Congresso da entidade em junho último, veio ao país para estreitar as relações com as Centrais Sindicais brasileiras visando ações conjuntas dos trabalhadores nas montadoras. Além disso, a visita está servindo também para intensificar o apoio dos brasileiros à luta pelo direito de sindicalização dos metalúrgicos nos EUA. No encontro desta quinta-feira, ele estava acompanhado pela diretora do departamento internacional do UAW, Kristiny Peter.
Os representantes do UAW foram recepcionados pelo presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT), Paulo Cayres, o secretário-geral e de Relações Internacionais, João Cayres, e os metalúrgicos do CSE (Comitê Sindical de Empresa) da Volkswagen de São Bernardo do Campo, Valdir Freire (Chalita), Wagner Lima, Reinaldo Marques (Frangão) e Wellington Damasceno.
Parceria com metalúrgicos da CUT
No encontro com os metalúrgicos da CUT, Gary explicou as estratégias do UAW para garantir a sindicalização dos trabalhadores nas multinacionais instaladas no sul dos Estados Unidos, entre elas a Volks e a Mercedes-Benz, além da Nissan, que adotam práticas para impedir que os funcionários se associem à entidade.
Segundo Gary, além da pressão das empresas, os trabalhadores enfrentam também a pressão de governantes conservadores. Ele destacou que, em função disso, a planta da Volks, localizada na cidade de Chattanooga, no Tennesse, é a única que não participa do Comitê Mundial dos Trabalhadores na empresa. “Precisamos unir os trabalhadores de todos os países. Caso contrário, o modelo de precariedade de trabalho dos Estados Unidos pode ser disseminado para o restante do mundo. Temos que seguir bons exemplos, como o Brasil, para que isso não aconteça”, contou. O grupo Volkswagen possui mais de 100 fábricas no mundo.
Chalita, que também é vice-presidente do Comitê Mundial de Trabalhadores na Volks, sugeriu a criação do Comitê de Trabalhadores na Volks das Américas, que englobaria as plantas dos Estados Unidos, Brasil, Argentina e México, como mais um organismo para lutar por direitos iguais aos metalúrgicos nessas unidades da montadora.
"A parceria com o UAW tem dado certo desde o início e a cada dia tem ficado mais forte. A nova direção do sindicato norte-americano tem o apoio da CNM/CUT para continuar contribuindo com as lutas dos trabalhadores naquele país", afirmou João Cayres, lembrando que a Confederação foi a primeira entidade brasileira a aderir e apoiar o UAW na luta contra as práticas antissindicais da Nissan, no Mississipi.
Durante o encontro, Paulo Cayres também abordou a importância do diálogo com os jovens metalúrgicos. “Temos de ampliar a participação da juventude no movimento sindical e levar o debate da categoria para além do âmbito sindical. São os jovens que darão continuidade às nossas lutas e projetos para melhorar as condições de trabalho e de vida em todas as nações”, disse.
Intercâmbio Sindical
O representante da UAW chegou ao Brasil nesta quarta-feira (17) e visitou a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a União Geral dos Trabalhadores (UGT) e a Força Sindical.
Na visita à sede nacional da CUT, em São Paulo, Gary esteve acompanhado de João Cayres e se encontro com o presidente da entidade, Vagner Freitas, o secretário-geral, Sérgio Nobre, o secretário de Relações Internacionais, Antonio Lisboa, e o secretário-adjunto de Organização e Política Sindical, Valeir Ertle.
O sindicalista do UAW também esteve na sede da TVT (TV dos Trabalhadores) para conhecer a estrutura da emissora mantida pelo movimento sindical cutista. Para ele, a comunicação sindical “é uma importante instrumento para esclarecer a realidade no cotidiano do trabalho que muitos desconhecem”, contou.
Ainda na manhã desta quarta-feira, Casteel participou de assembleia na Arno, na capital paulista, e hoje (19), estará em Curitiba (PR) para conhecer a fábrica e conversar com os trabalhadores na Renault.