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Após explosão, produção da Replan continua parada

A redução do número de trabalhadores do operacional e a precarização das manutenções preventivas são apontadas pelos petroleiros como uma das principais causas do acidente

Publicado: 21 Agosto, 2018 - 16h24 | Última modificação: 21 Agosto, 2018 - 17h17

Escrito por: Alessandra Campos, Sindipetro-SP

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A produção de petróleo da Refinaria de Paulínia (Replan), no interior de São Paulo, permanece parada nesta terça-feira (21), sem previsão de normalização, após o pior acidente registrado na história da maior refinaria da Petrobras, segundo relato dos trabalhadores e trabalhadoras.

Nesta segunda-feira (20), duas unidades foram afetadas pela explosão do tanque de águas ácidas, que fica no chamado craqueamento, unidade que acabou de passar por manutenção de vários equipamentos. Parte da estrutura de tubulações foi danifica pelo fogo, pois as chamas se alastraram e atingiram uma unidade de destilação da refinaria (processo pelo qual o petróleo é aquecido em altas temperaturas até evaporar, para separação dos derivados, como gasolina, querosene de aviação, diesel e asfalto, entre outros).

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Segundo a Petrobras, foi instaurada uma comissão para investigar as causas da explosão. Participam do grupo, que começou a atuar hoje, um representante do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado-SP).

Para a direção do Sindipetro, o acidente é resultado do processo de desmonte da Petrobras promovido pelo governo ilegítimo e golpista de Michel Temer (MDB) para privatizar a empresa. A redução do número de trabalhadores do operacional e a precarização das manutenções preventivas são apontadas pelos petroleiros como uma das principais causas do acidente na empresa.

“O Sindicato já vem há tempos denunciando essa política de sucateamento da Petrobras e a falta de segurança, que se agravou ainda mais com a redução do efetivo mínimo operacional”, declara o coordenador do sindicato, Juliano Deptula.

Desde a implantação do estudo de Organização e Métodos da Petrobras, em junho do ano passado, que promoveu o corte no número mínimo de trabalhadores e aumentou as condições de risco, a Replan já sofreu quatro paradas emergenciais.

Segundo apuração preliminar do Sindipetro, o acidente desta segunda-feira ocorreu poucos dias após o término de uma parada para manutenção do craqueamento. Pela primeira vez, o serviço foi executado por uma empresa de fora, apenas com trabalhadores terceirizados. O serviço incluiu a manutenção das grandes máquinas, que, segundo os petroleiros, demandam conhecimento específico e qualificado.

“Historicamente, a manutenção desses grandes equipamentos, que são considerados o coração das unidades, sempre foi feita por mão de obra própria, utilizando-se, principalmente, do acervo técnico e acúmulo de experiência, conhecimento que era passado de trabalhador a trabalhador”, explica o diretor do Sindipetro Unificado, Jorge Nascimento.

A explosão não teve vítimas, mas causou pânico nos trabalhadores. Cerca de 50 empregados, entre próprios e terceirizados, executavam serviços nas unidades atingidas. No momento do acidente, ocorrido às 00h51, não havia ninguém na área afetada. Era horário do jantar e os trabalhadores estavam reunidos no restaurante.

“Por muito pouco não tivemos uma fatalidade. Grande parte dos petroleiros afirma que nunca se viu na refinaria um acidente com um potencial tão grande quanto este”, afirma o coordenador da Regional Campinas do Sindicato, Gustavo Marsaioli.

Além de colocar em risco a vida dos trabalhadores, o acidente também assustou moradores próximos à refinaria e de cidades vizinhas. O barulho da explosão foi tão forte que pode ser ouvido a cerca de 40 quilômetros de distância.

Morador de Americana, do bairro Vila Omar, o técnico em elétrica Edson Lima contou que acordou com o estrondo, por volta da 1h. “Quando fui sair para o trabalho, encontrei minha vizinha e perguntei se ela tinha ouvido o estouro de madrugada. Só mais tarde é que vi a notícia e soube que tratava-se de uma explosão na Replan”, comentou.

Parada emergencial

A explosão, seguida do incêndio, causou a paralisação emergencial de toda a refinaria. Hoje, o setor administrativo retomou o serviço, mas a parte de produção continua parada e sem previsão de retorno.

A Replan tem duas unidades de craqueamento e duas de destilação. Como apenas duas das quatro unidades foram afetadas, a refinaria poderia retomar o processo operacional parcialmente.

No entanto, várias linhas de tubulação que passam pelas unidades prejudicadas sofreram grandes avarias e essa malha é fundamental para o acionamento parcial da refinaria. Sem essas linhas periféricas funcionando perfeitamente, as duas unidades da destilação e do craqueamento, que não foram atingidas pelo acidente, ficam sem condições de operar.