Escrito por: Redação CUT

Após pior mês, especialistas defendem lockdown no país para salvar 22 mil vidas

Em carta enviada a Bolsonaro, os especialistas defenderam a redução de circulação de pessoas para evitar uma tragédia maior no momento em que o país passa de 331 mil vidas perdidas para a Covid-19

TETÊ VIVIANI / PREFEITURA DE ARARAQUARA

Com a pandemia do novo coronavírus descontrolada – só na semana passada foram registradas 19.231 mortes em consequência de complicações da Covid-19- o Brasil precisa adotar três semanas de lockdown, medida mais rígida que proíbe circulação de pessoas, para evitar uma disparada de mortes e salvar 22 mil vidas no mês de abril.

É o que alertaram cerca de 30 especialistas do movimento “Abril pela Vida” em uma carta enviada ao presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), que é contra o isolamento social e já entrou até com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra governadores que adotaram a medida. Perdeu a ação, mas continua acusando os governadores de serem responsáveis até pela fome que aumentou no país.

O não cumprimento da população às medidas restritivas, somado ao negacionismo de Bolsonaro, que apareceu em vários locais sem o uso máscara, sem distanciamento social, provocando aglomerações e sabotando o lockdown adotado por governadores e prefeitos, custou caro ao Brasil que entrou numa crise que pode não ter volta se demorar agir, como defendem cientistas.

Na carta, os especialistas defendem, entre outros motivos, que é preciso reduzir a circulação do vírus para evitar o surgimento de novas variantes, o que pode tornar as vacinas obsoletas. Pedem,  ainda, o aumento da testagem no país, com acompanhamento das pessoas testadas. Coisas que o Brasil nunca fez desde o início da pandemia, em março do ano passado.

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Com a explosão de casos e o surgimento das novas variantes que não se tem mais controle, o Brasil está se tornando um laboratório para evoluções do vírus. Especialistas também alertam que o surgimento dessas variantes, sem o rastreamento delas, pode agravar mais ainda a crise sanitária porque vai demorar para descobri-las.

O Brasil enfrenta a pior crise sanitária, hospitalar e funerária da história. A ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pelo país beira 100%. Não há vagas para leitos, faltam insumos e medicamentos para pacientes graves, há risco de faltar oxigênio, e tudo isso não foi por falta de aviso ao governo federal.

A má-gestão do governo federal, com o pior ministro da Saúde da história, general Eduado Pazuello, que deixou a pasta na última semana com mais de 300 mil vidas perdidas, levou país às principais manchetes de jornais do mundo que se assustam com o descontrole da pandemia de Covid-19.

Mortes nas últimas 24 horas

Neste domingo (4), Brasil registrou 1.233 mortes por Covid e 30.939 casos da doença. Vale ressaltar que a queda nos números é esperada para um domingo após um feriado. Os dados da Covid-19 no país costumam ser menores nssas datas, por atrasos de notificação nas secretarias de saúde.

O Brasil teve a pior semana da pandemia, com 19.231 mortos, de segunda, 29 de março, até este domingo.

Foram 331.530 vidas perdidas pela Covid-19 e a 12.983.560 pessoas infectadas desde o início da pandemia.

Além disso, o país entrou na quarta semana seguida de recordes semanais de mortes. A pior semana havia sido em 22 até 28 de março, com 18.184 mortes. Na semana de 15 a 21 de março também havia sido a pior, com 15.788 mortes.

A média móvel diária de mortes também teve uma leve redução e chegou a 2.747. Na última semana, a média móvel permaneceu dois dias acima de 3.000 mortes por dia.

Para a Universidade Johns Hopkins, que acompanha a evolução da pandemia, só os Estados Unidos, com quase 555.000 mortos, tiveram mais óbitos por Covid-19 que o Brasil. Apenas em 2021, mais brasileiros morreram por conta da infecção do que o número de vítimas no Reino Unido em toda a pandemia.

SP tem leve queda em internações

O número de pessoas internadas por complicações da Covid-19 no estado de São Paulo teve uma leve queda. Foram 1.041 pessoas liberadas neste domingo de Páscoa, mas 29.962 pacientes seguem hospitalizados.

Os dados de internação foram comparados com os de sexta-feira (2). Para o governo do estado, o cenário "sustenta a tendência de queda nas internações".

Mesmo com o dado positivo, a taxa de ocupação dos leitos de UTI em São Paulo ainda segue alta, em 91,2% em todo o estado e 91% considerando apenas na Grande São Paulo.

Dos 29,9 mil internados, 13.001 estão em leitos de UTI e outros 16.961 em enfermaria, informou o governo.

Desde o início da pandemia, foram 2.527.400 casos confirmados de covid-19, com 77.020 vítimas fatais. Entre o total de infectados, 2.166.848 se recuperaram, incluindo 255.499 pessoas que precisaram ser internadas.