Escrito por: CUT-RS

Após pressão , governador do RS marca reunião sobre reajuste do piso regional

Centrais sindicais reivindicam reajuste de 15,58% , considerando a reposição de 10,60% referente à variação do INPC de 2021 até janeiro deste ano e a recuperação de 4,50% correspondente ao INPC de 2020

Felipe Dalla Valle / Palácio Piratini

O governador do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Jr. (PSDB), que assumiu após a renúncia de Eduardo Leite (PSDB), marcou uma audiência com as centrais sindicais para sexta-feira (10), às 10h, no Palácio Piratini, sobre o reajuste do salário mínimo regional de 2022.

A agenda foi requerida pelas centrais com o objetivo de solicitar o envio de um projeto de lei, em regime de urgência, para a Assembleia Legislativa, com uma proposta de reajuste do chamado piso regional.

Com data-base em 1º de fevereiro, as centrais reivindicam 15,58% de reajuste, considerando a reposição de 10,60% referente à variação do INPC de 2021 até janeiro deste ano e a recuperação de 4,50% correspondente ao INPC de 2019, que não foi pago em 2020, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A reivindicação foi entregue pelas centrais, em 15 de fevereiro, e recebida em mãos pelo então secretário do Trabalho, Emprego e Renda, Ronaldo Nogueira, e pelo secretário do Planejamento, Orçamento e Gestão, Cláudio Gastal. Também participou a presidente do Conselho Estadual de Trabalho, Emprego e Renda (Ceter), Maria Helena de Oliveira.

Houve ainda uma importante mesa de diálogo instalada pelo presidente da Assembleia, deputado Valdeci Oliveira (PT), que reuniu centrais, federações empresariais e governo do estado. No entanto, terminou sem acordo entre as partes. Ocorreram três rodadas de conversas – 16 e 30 de março e 13 de abril -, sob a coordenação do deputado Luiz Fernando Mainardi (PT).

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, destaca que será a primeira reunião das centrais com o atual governo, o que representa um gesto importante para resolver o impasse acerca do reajuste do piso regional.

“Além de ouvir os representantes dos trabalhadores, esperamos que o governador atenda a nossa reivindicação, que visa tão somente repor as perdas com a inflação para cerca de 1,5 milhão de gaúchos e gaúchas que recebem os menores salários no estado e sofrem com a carestia”, salienta Amarildo.

O secretário de Administração e Finanças da CUT-RS, Antônio Güntzel, salienta que a fome cresceu no Brasil, segundos dados Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). Só entre dezembro de 2020 e abril de 2022, aumentou de 19 milhões para 33,1 milhões o número de brasileiros que passaram a conviver com a fome.

“Cada mês sem reajuste do piso regional significa a retirada descabida de dinheiro do bolso do trabalhador e da trabalhadora pelas empresas, no exato momento em que a inflação disparou, sobretudo diante dos aumentos dos preços dos alimentos, da gasolina, do diesel e do gás de cozinha, por causa da política do governo Bolsonaro”, enfatiza Antônio.

O secretário de Organização e Política Sindical da CUT-RS, Claudir Nespolo, ressalta que “o piso regional regional é um poderoso instrumento de valorização do trabalho, do emprego e da renda, fomentando a economia gaúcha, na medida em que aquece o consumo e a produção e amplia a arrecadação do Estado. Todos saem ganhando”.

Claudir observa que o Rio Grande do Sul é o único estado do Sul do Brasil que ainda não concedeu reajuste em 2022, além de ter o mais baixo piso regional. Segundo estudo do Dieese, o RS paga atualmente R$ 1.305,56 para a menor faixa salarial, enquanto o valor em Santa Catarina é de R$ 1.416,00 e no Paraná é de R$ 1.617,00.