Escrito por: Guilherme Weimann, Sindipetro-SP
Além de comida mal lavada, restaurante da Refinaria de Paulínia (Replan) é responsável por formar longas filas que impossibilitaram trabalhadores de almoçarem na semana passada
Corte de água potável, omelete cru, pedras no feijão e, agora, larva na comida. Cada uma das empresas terceirizadas que assume o serviço de alimentação na Refinaria de Paulínia (Replan) – a maior do país e do Sistema Petrobrás – tem se superado no descaso aos trabalhadores.
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Desta vez, na última sexta-feira (1º), o Grupo Savvy serviu salada com larvas aos operários da unidade. Além disso, no mesmo dia, formou-se uma longa fila na entrada do refeitório, o que impediu alguns trabalhadores de almoçarem.
A reportagem do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP) também recebeu a denúncia de que alguns trabalhadores da ELFE, empresa terceirizada do setor de elétrica e instrumentalização, foram dispensados ontem (4) antes do término do expediente por terem ficado sem almoço.
“Mesmo com as recorrentes denúncias, formalização e cobrança por parte do sindicato, os casos seguem acontecendo sem a gestão da Replan tomar uma atitude. Apenas informam que estão acompanhando [os casos] e possíveis multas contratuais poderão ser aplicadas, mas o que isso resolve no dia a dia do trabalhador?”, indaga o diretor do Sindipetro-SP, Jorge Nascimento.
Além de enviar ofício à gerência da unidade, o sindicato realizou um ato no dia 25 de março e outro no dia 29 de março, este último em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Campinas e Região (Sinticom).
Contrato
O contrato da Petrobras com o Grupo Savvy foi assinado no dia 23 de dezembro do ano passado, mas a saída da antiga prestadora de serviço, a Elasa, ocorreu apenas no dia 25 de janeiro deste ano. No dia seguinte, 26 de janeiro, os trabalhadores da unidade ficaram sem água potável e enfrentaram longas filas no refeitório.
Apesar da fiscalização da Replan sugerir a manutenção dos trabalhadores da Elasa, o Grupo Savvy informou a substituição integral da equipe de funcionários. Com isso, 115 pessoas foram demitidas no final de janeiro.
O novo contrato firmado com o Grupo Savvy é de R$ 29,99 milhões, válido pelo prazo de 730 dias contados a partir da sua assinatura. Com isso, a empresa recebe em média R$ 41 mil por dia para oferecer comida de qualidade para os petroleiros próprios e terceirizados da refinaria.
A variedade da alimentação inclui quatro tipos de salada e um tipo de sopa como entrada, arroz, feijão, dois tipos de guarnições, dois tipos de proteína, dois tipos de fruta e uma sobremesa, além de dois sabores de suco e água mineral.
Histórico
Em 2020, petroleiros das refinarias de Paulínia (Replan), Capuava (Recap) e dos terminais da Transpetro criticaram a postura do Sistema Petrobrás perante o serviço de alimentação contratado, que servia alimentos de qualidade duvidosa e em pouca quantidade.
Já em maio do ano passado, a Mérito – empresa terceirizada de vigilância que opera em unidades da Petrobrás e da sua subsidiária, a Transpetro – rompeu seus contratos sem acertar os direitos trabalhistas dos seus funcionários.
Na época, foram deixados como passivos o salário de maio, o vale refeição de abril e maio, as férias proporcionais, 13º proporcional e multa do FGTS. A empresa ainda se negou a entregar o termo de rescisão.
Além disso, esse sumiço ocasionou um vácuo de vigilância por alguns dias nas unidades que eram atendidas por essa prestadora de serviço, o que gerou um déficit de segurança.