Escrito por: Redação RBA

Após uma semana de marcha, sem-terra ocupam Incra em Salvador

Marcha com 3 mil agricultores chega à capital baiana reivindicando pautas agrárias paralisadas há três anos

Rariele Rodrigues / MST

A marcha do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra saiu na segunda-feira (11) de Feira de Santana e chegou ontem (18) na capital baiana. Cerca de 3 mil agricultores que participam do movimento no estado percorreram 110 quilômetros. Com a chegada da marcha, militantes do MST ocuparam o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O protesto denuncia a paralisação da reforma agrária e o não cumprimento das pautas reivindicadas ao órgão federal desde 2018.

As reivindicações vão de regularização fundiária a abastecimento de  água e implementação de infraestrutura nas vias públicas das zonas rurais. Além disso, as famílias pedem educação no campo, fomento e crédito para produção de alimentos saudáveis, enquanto denunciam também o aumento da violência no campo.

As famílias cobram do superintendente Regional do Incra, Paulo Emmanuel Macedo de Almeida Alves, e do Ministério Público Federal, a emergência da desapropriação e emissão de posse de mais de 100 processos paralisados. E também a realização de vistorias nas áreas prioritárias e identificadas pelo movimento para resolver as demandas de famílias acampadas.

Nas áreas de assentamento, reivindicam a regularização imediata de situações pendentes no Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária (Sipra) em 71 assentamentos. Outras urgências pendentes se referem ao acesso à água, com a abertura de 100 poços artesianos e instalação de sistema de abastecimento de água. Além da infraestrutura de recuperação de 1.440 km de estradas em 68 áreas de assentamentos.

Por fim, os manifestantes querem a aprovação dos cursos apresentados pelo colegiado para o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).

MST: prédio do Incra está “largado”

O superintendente interino do Incra recebeu as pautas do movimento, mas condicionou a abertura de negociações à desocupação do prédio pelo MST. “O problema é que tem mais de três anos sem ocupação no Incra, mas eles nunca debateram uma pauta da reforma agrária, que está paralisada”, afirma Lucinéia Durães, da direção do MST na Bahia.

“Outra coisa que é de dar tristeza é que o MST encontra o prédio do Incra exatamente do jeito que está o processo de reforma agrária, largado e jogado às traças. Essa é a situação do Incra, mas a nossa perspectiva é de continuar lutando”, diz Lucinéia. As famílias afirmam que vão permanecer no local até que as reivindicações sejam atendidas.

A ação do MST no Incra, em Salvador, integra a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária.