Escrito por: Rosely Rocha

Aprovação da Carteira Verde e Amarela pela Câmara é provocação aos trabalhadores

Secretário de Assuntos Jurídicos da CUT critica decisão dos deputados federais em aprovar dois itens da MP 1045, derrubada no Senado em 2021, que retira direitos de trabalhadores e favorecem patrões

Alex Capuano

A Câmara dos Deputados aprovou esta semana um projeto que volta com parte do texto da Carteira Verde e Amarela, proposta de Jair Bolsonaro (PL), que foi derrotada no Senado e também pela maioria da população que elegeu um novo governo que tem outra proposta econômica e de proteção aos trabalhadores. Foram 286 votos favoráveis e 91 contrários à proposta.

A proposta com a falsa premissa de facilitar a contratação de jovens de 19 a 24 anos e pessoas a partir de 50 anos, reduz os ganhos dos trabalhadores enquanto os patrões ganham duas vezes: pagando menores salários e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), e ainda recolhem menos para a Previdência Social, provocando um rombo que o governo federal terá de cobrir com dinheiro dos impostos pagos pela população.

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O texto prevê o recolhimento mensal do FGTS, de 8% a 2% no caso das microempresas; de 4% empresa de pequeno porte, entidade sem fins lucrativos, entidade filantrópica e associação ou sindicato. Para as demais empresas, a alíquota fica em 6%.

A contribuição social da empresa à Seguridade Social passa de 20% para 10% do salário do trabalhador, o que vai provocar um aumento do déficit da Previdência Social, já que essa renúncia não prevê de onde virá o dinheiro para cobrir este prejuízo. As contratações ficariam limitas a 10% do quadro funcional.

Para o secretário de Assuntos Jurídicos da CUT Nacional, Valeir Ertle, a aprovação deste projeto que a CUT e movimentos sindicais lutaram para derrubar é uma provocação ao governo Lula e aos trabalhadores.

“É uma chantagem que o Congresso está fazendo em função das emendas parlamentares que estão reivindicando”, diz.

Este Congresso, infelizmente, é fisiológico, fica pressionando o governo, tentando de todas as formas receber emendas parlamentares às custas dos trabalhadores para colocar no bolso deles- Valeir Ertle

O dirigente lembra que essas propostas estavam na MP nº 1045 que foi derrotada após pressão da CUT e movimentos sindicais. Valeir argumenta que o trabalho já está demasiado precarizado, desde a reforma Trabalhista de 2017 e, aprovar esse projeto é uma chantagem do Congresso.

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“É tirar dinheiro do erário sem se preocupar com a população brasileira. É difícil entender qual o motivo da votação. Não tem cabimento, é um descalabro, um absurdo. Espero que o Senado tenha o bom senso de derrotá-la e vamos trabalhar para isso”, conclui Ertle.

Para ser aprovado definitivamente o projeto precisa ser votado pelo Senado e sancionado pelo presidente da República.