Aracaju, sem ônibus nem comércio, teve 10 mil nas ruas
Na Capital e no Interior de Sergipe, população se organiza contra as reformas.
Publicado: 01 Julho, 2017 - 02h02 | Última modificação: 20 Abril, 2018 - 14h07
Escrito por: Iracema Corso / CUT-SE
Em greve por direitos, Sergipe parou. Em Aracaju, desde as primeiras horas desta sexta-feira, dia 30 de junho, o movimento sindical e social organizado pela CUT e pela Frente Brasil Popular passou a madrugada na porta das garagens das empresas de ônibus mobilizando as trabalhadoras e trabalhadores para a Greve Geral. A vigília foi animada com forró pé de serra e o resultado da luta em plena madrugada foi decisivo na vitória da greve. O comércio não abriu e não houve ônibus circulando em Aracaju nesta sexta-feira.
Contra as Reformas Trabalhista e da Previdência e por Eleições Diretas já, a sexta-feira de luta também foi marcada por protestos nos municípios de Estância, Maruim, Riachuelo, Lagarto, Poço Redondo, Canindé do São Francisco e Porto da Folha. Manifestantes bloquearam a Avenida Lauro Porto que dá acesso a Aracaju pela Santa Gleide. Da mesma forma, foram fechadas a ponte que dá acesso ao conjunto João Alves, a Avenida Marechal Rondon e, no município de Lagarto, a Rodovia Lourival Batista.
Na véspera da Greve Geral foi noticiado em veículos de comunicação da mídia sergipana que a greve estaria proibida pela Justiça do Trabalho e pela Justiça comum. No entanto, o presidente da CUT/SE, professor Rubens Marques explicou que a Justiça apenas havia se pronunciado para casos de vandalismo e depredação do patrimônio público, o que não ocorreu. A tentativa de criminalizar o movimento sindical e social não surtiu efeito, as ruas ficaram repletas de manifestantes no dia da Greve Geral.
10 mil na rua
À tarde, mesmo com chuva abundante, cerca de 10 mil pessoas e lideranças de todas as entidades que integram a Frente Brasil Popular se reuniram na Pça General Valadão, em Aracaju, de onde partiram numa grande caminhada pelas ruas do Centro até o bairro 13 de Julho.
Chegando ao bairro 13 de Julho, o vice-presidente da CUT/SE, Plínio Pugliesi, falou sobre o estrago do golpe. “Quando foi para bater panela e para fazer ato com gato pingado no mirante, a burguesia não teve medo de chuva pra dar um golpe no país. Agora é a gente vai pra lá. Sabemos que nem todo mundo que mora na 13 de julho é golpista. Mas é simbólico que os trabalhadores venham aqui neste momento pra mostrar o tamanho do estrago que foi feito por aqueles que não souberam respeitar a maioria do voto popular. Agora estão aí: os direitos trabalhistas, os direitos previdenciários, o próprio direito de votar, tá tudo indo por água abaixo. E a burguesia além de gananciosa é burra. Apoiaram o golpe e estão torcendo pela destruição de direitos porque não conseguem perceber que se o trabalhador for empobrecido, ele não vai ter dinheiro para bancar o luxo do burguês comprando seus produtos e serviços”.
Itanamara Guedes, presidente da FETAM/CUT, afirmou que é inaceitável o que está acontecendo no Brasil e puxou vaias para a senadora Maria do Carmo (DEM) que votou a favor da Reforma Trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. “Escolhemos o lugar certo para ocupar, o lugar que representa a elite sergipana, o lugar que representa a burguesia brasileira. E nós ocupamos a 13 de julho não foi com as panelas nem foi com as camisas verde-amarelas, nós ocupamos a 13 de julho com a cara do povo, com a juventude negra, LGBT, com as mulheres, os homens trabalhadores do campo e da cidade, nós ocupamos aqui para dizer que nós não aceitaremos a senzala, a volta da escravidão, a retirada de direitos, não aceitaremos que este Congresso condene a nossa juventude e as nossas mulheres a não terem direito de se aposentar. Não aceitaremos a retirada de direitos trabalhistas. Assim como nós não aceitamos essa quadrilha que hoje se encontra comandando a política brasileira. No planalto, nós não aceitamos Temer, não aceitamos a senadora Maria do Carmo, que se diz senadora de Sergipe, mas não me representa, porque ela não sabe o que é trabalhar, ela só sabe o que é explorar trabalhadores. Por isso ela votou a favor da Reforma Trabalhista”.
Sérgio Passos, presidente do SINDISAN, enfatizou que é papel do movimento sindical lutar pela construção de uma sociedade melhor. “Toda greve é uma escola de formação da consciência dos trabalhadores, pois nós, trabalhadores que produzimos toda riqueza da sociedade, não podemos permitir que essa reforma trabalhista, nem a reforma da previdência sejam aprovadas. A gente, que luta com suor e sangue, não podemos permitir que retirem de nós os nossos direitos adquiridos com muita luta. E não podemos permitir que a burguesia usufrua de toda riqueza produzida pela classe trabalhadora. Essas reformas só vão beneficiar os patrões, as grandes multinacionais que levam toda as riquezas da nação. Então é necessário organizar os trabalhadores em seus locais de trabalho, em seus locais de moradia, e fazer esta corrente de conscientização”.
Roberto Silva, vice-presidente do SINTESE e diretor da CUT/SE, avaliou que o sucesso da greve em todo Brasil só foi possível com a unidade dos trabalhadores, do movimento sindical e social. “Com chuva, desde a 0h de hoje, nas portas das garagens, nas rodovias, nós paramos o Estado de Sergipe, paralisamos o transporte coletivo, porque hoje é dia dos trabalhadores estarem nas ruas lutando, hoje não é dia de trabalhar, é dia de dizer NÃO a essas reformas que só visam destruir os diretos da classe trabalhadora. Então vamos nesta greve geral mostrando a unidade da classe trabalhadora do campo e da cidade, na luta por direitos”.
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