Arcebispo de Porto Alegre reafirma posição da CNBB contra reforma da Previdência
Em reunião com CUT-RS e centrais, Dom Jaime Spengler, vice-presidente da CNBB, disse que “Falar que essa reforma é a salvação do Brasil é uma bobagem"
Publicado: 13 Junho, 2019 - 16h53
Escrito por: CUT-RS
Na véspera da greve geral, o arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, reafirmou a posição da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)contra a reforma da Previdência, durante reunião com as centrais sindicais no início da tarde desta quinta-feira (13), em Porto Alegre. “Falar que essa reforma é a salvação do Brasil é uma bobagem”, disse ele, que é também vice-presidente da CNBB.
Pela CUT-RS, participaram o presidente Claudir Nespolo, a secretária de Formação, Maria Helena de Oliveira, e o secretário de Comunicação, Ademir Wiederkehr. Também compareceram o secretário-geral da UGT-RS, Cícero Silva, a diretora da CSP-Conlutas, Rejane de Oliveira, e o diretor da Central Pública do Servidor, Paulo Olympio.
Dom Jaime recordou o documento aprovado há menos de três meses na reunião do Conselho Permanente da CNBB, ocorrida em 26 a 28 de março, em Brasília, que expressa a preocupação dos bispos com a crueldade da reforma do governo Bolsonaro. “Reconhecemos que o sistema da Previdência precisa ser avaliado e, se necessário, adequado à Seguridade Social. Alertamos, no entanto, que as mudanças contidas na PEC 06/2019 sacrificam os mais pobres, penalizam as mulheres e os trabalhadores rurais, punem as pessoas com deficiência e geram desânimo quanto à seguridade social, sobretudo, nos desempregados e nas gerações mais jovens.”
Segundo os bispos católicos, “o discurso de que a reforma corta privilégios precisa deixar claro quais são esses privilégios, quem os possui e qual é a quota de sacrifício dos privilegiados, bem como a forma de combater a sonegação e de cobrar os devedores da Previdência Social".
“Consideramos grave o fato de a PEC 06/2019 transferir da Constituição para leis complementares regras previdenciárias como idades de concessão, carências, formas de cálculo de valores e reajustes, promovendo desconstruções da Constituição Cidadã (1988)”, destaca outro trecho do documento da CNBB.
O arcebispo analisou a conjuntura e criticou também a reforma trabalhista, que não gerou os empregos prometidos. Ao lembrar a passagem bíblica “Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundância” (João 10:10), ele completou dizendo que “é vida em abundância para todos e não para poucos”.
O presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, saiu animado do diálogo com o vice-presidente da CNBB. “Temos certeza de que podemos contar com a Igreja do Papa Francisco caminhando ao nosso lado nesta luta, assim como nos próximos enfrentamentos em defesa dos direitos dos trabalhadores e dos pobres do Brasil”, ressaltou.