Escrito por: Redação CUT

Greve geral contra política econômica do governo para a Argentina

Cerca de um milhão de trabalhadores e trabalhadoras aderiram à paralisação de 24 horas, segundo os sindicalistas. Companhias aéreas cancelaram voos

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Pela terceira vez, a Argentina está paralisada. Cerca de um milhão de trabalhadores e trabalhadoras aderiram à greve geral de 24 horas, desta segunda-feira (25), segundo a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT). OS argentinos estão sem trens, metrô, ônibus e voos – as companhias éreas Gol, Latam e Aerolíneas Argentinas cancelaram voos que tenham como origem ou destino os aeroportos do país.

A Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) e a CTA-Autônoma, uma das divisões da CTA, aderiram à paralisação  contra a política econômica do presidente Maurício Macri, que tentou resolver a crise com um duro ajuste fiscal que resultou em aumentos das tarifas públicas, da inflação e a desvalorização do peso. Este mês, fez um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um resgate de 50 bilhões de dólares (190 bilhões de reais) que, segundo os técnicos do governo, permitirá ao país enfrentar a crise cambial iniciada em abril. A paralisação ocorre cinco dias após o primeiro desembolso dos US$ 50 bilhões do FMI. Em troca do empréstimo, o governo se comprometeu a reduzir os gastos públicos e a inflação, que este ano deve chegar a quase 30%.

Os trabalhadores e trabalhadoras protestam também contra as demissões na administração pública, pedem a reabertura da negociação de ajustes salariais desse ano, para que se alinhem à projeção de inflação, calculada agora pelo Banco Central em 27% - as negociações realizadas no começo do ano fizeram um cálculo de 15%.

Desde a meia-noite, os ônibus não circulam pelas grandes cidades, segundo as agências de noticias.  A greve está afetando agências bancárias,  escritórios, hospitais (com exceção das urgências) e escolas e universidades públicas, assim como os serviços de retirada de lixo e as estações de serviço.

Reivindicações

Os diferentes sindicatos têm pauta comum: reajuste de salários para combater a elevação do custo de vida, que em 2017 chegou a 25%. Também reivindicam garantias para evitar  demissões.

Por sua vez, o governo anunciou que vai reduzir o tamanho do Estado e o programa de obras públicas – que esperava usar para reativar a economia e gerar empregos. O ministro da Fazenda, Nicolas Dujovne, disse que o crescimento econômico será menor e a inflação será maior do que o esperado. Segundo ele, o acordo com o FMI impediu o agravamento da crise.

 Desde dezembro, o peso argentino perdeu metade de seu valor. Segundo o presidente do Banco Central argentino, Luis Caputo, a desvalorização terá um custo no curto prazo.  “Foi o melhor que pode ter acontecido”, resumiu Caputo, informando que a medida obrigou a Argentina a buscar o apoio do FMI e estabilizar a economia.

 Pressão

 O ministro do Trabalho, Jorge Triaca, afirmou que a greve geral “não serve para coisa alguma, porque não vai resolver os problemas dos argentinos”. Segundo ele, o objetivo da gestão Macri é manter o diálogo com as centrais sindicais. O sindicato dos caminhoneiros ameaçou parar o país e voltou atrás, após conseguir aumento de 25%. Mas outras categorias não obtiveram o mesmo.

 A Igreja Católica também divulgou um documento, apelando ao governo para não adotar políticas de ajuste que aumentem a desigualdade. Em nome do papa Francisco, que é argentino, religiosos apelaram para que o interesse social se sobreponha ao econômico.

O governo  e o próprio FMI têm ressaltado que o atual programa vai garantir a manutenção dos programas sociais, para proteger os “mais vulneráveis”.

COm informações da Agência Brasil