#1Maio: Artistas e dirigentes pedem 'fora, Bolsonaro' e doações para os vulneráveis
Pela primeira vez sem os trabalhadores nas ruas no 1º de Maio, a celebração foi online com artistas e sindicalistas pedindo para que a população fique em casa, doações para os mais pobres e Fora Bolsonaro
Publicado: 01 Maio, 2020 - 16h16 | Última modificação: 01 Maio, 2020 - 16h33
Escrito por: Redação CUT
Neste primeiro de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, a CUT e demais centrais, Força Sindical, UGT, CSB, CTB, CGTB, NCST, Intersindical, A Publica , com o apoio das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, se uniram para homenagear os trabalhadores e trabalhadoras numa “live” pelas redes sociais, em virtude da pandemia do coronavírus (Covid 19).
A transmissão do “1º de Maio Solidário, um novo mundo é possível “, teve início às 11h30, com uma mensagem de pedido de doação (www.todomundo.org) para os trabalhadores e trabalhadoras que lutaram para construir um Brasil mais justo e, que estão diante de uma crise profunda, largados à própria sorte, sem emprego, comida e dignidade nesta pandemia.
Cantores, cantoras, atores, atrizes, sindicalistas e religiosos falaram sobre a importância dos trabalhadores e trabalhadoras e, que é preciso que as pessoas fiquem em casa e sejam solidárias. Muitos pediram Fora Bolsonaro, que vem negando a existência da pandemia, chamando a Covid 19, de gripezinha.
O arte-educador e MC, Lucas Afonso, e a atriz e MC Roberta Estrela foram os apresentadores do programa. Os artistas reforçaram a importância de ficar em casa para salvar vidas e, que apesar das dificuldades é possível lutar na construção de um novo futuro. Eles lembraram que este primeiro de maio é um dia de reflexão e também de celebração e, que o encontro é uma defesa convicta da democracia e dos direitos da saúde, do emprego e a renda para todo o povo trabalhador do Brasil.
Os primeiros a falar foram religiosos de diversas correntes. Dora Incontri, coordenadora geral da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita, compartilhou um poema de sua autoria, que fala deste “momento sombrio e de esperança escassa se o pão está sob ameaça, se a vida está por um fio, mas que não cabe desfalecer deixar a nossa luta se esvair”.
Makota Celinha, do Centro Nacional de Africanidade e Resistência afro-brasileira lembrou que a tradição africana, não só reconhece a importância do trabalho, mas que é o trabalho que assegura a qualidade de vida.
“O trabalho deve dignificar o trabalhador assegurando os direitos e uma remuneração em condições do exercício profissional condizente com suas necessidades , e nós queremos que esse primeiro de maio seja também de reflexão sobre o país que queremos, que possamos nesta data renovar as esperanças em nossas mobilizações “, disse.
A pastora Romi Márcia Benck , secretária-geral do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs se dirigiu, especialmente às trabalhadoras das diferentes tradições de fé , que nesses tempos de pandemia têm sido negado o direito à existência ,pois não têm garantido os salários que lhes possibilitem.
“Não há democracia, não há justiça, nem economia se a vida das trabalhadoras é colocada em risco”, afirmou.
O Padre Júlio Lancelotti, responsável pelo Vicariato Episcopal do Povo de Rua, falou sobre a importância da luta por uma vida mais digna e justa.
“Não podemos voltar atrás naquilo que foi conquistado com tanta luta , com tanto sacrifício. Não desanimem, não desistam da luta, persistam. A nossa esperança neste dia , é de um mundo mais justo e solidário”, afirmou o padre.
Raj Mangolin, do Comitê Islâmico, transmitiu solidariedade a todos os trabalhadores. Citando um dos profetas islâmicos, Raj diz que Deus, no dia do juízo final seria opositor a três classes e indivíduos, o primeiro aquele que faz uma promessa e jura em seu nome e não cumpre; o segundo é aquele que escraviza um ser humano livre e o terceiro é aquele que contrata um trabalhador e não paga o salário.
“Esses são preceitos que todos os muçulmanos são obrigados a servir, e tratar a classe trabalhadora com o máximo respeito”, afirmou o representante islamismo.
O ator Osmar Prado, iniciou sua fala com as palavras do ex-presidente Getúlio Vargas, que se dirigia à Nação falando aos trabalhadores do Brasil. Segundo Osmar Prado, Getúlio sabia da importância do trabalhador para o desenvolvimento da Nação e era um defensor ferrenho da soberania Nacional.
“Utilizo as palavras de Getúlio para também de trazer uma mensagem de confiança e de fé , neste momento de pandemia. Lembrem-se vocês são sustentáculo da Nação, vocês que geram riqueza “, disse Osmar Prado. Em seguida, o ator chamou Odair José.
O cantor disse que sempre esteve muito preocupado com o trabalhador brasileiro e que, neste momento, é preciso ficar em casa e sermos solidários.
Odair José lembrou que teve a sua carteira de trabalho assinada em 1969, quando o gravou o primeiro disco e que um dos seus grandes sucessos, em 1973, foi composto em homenagem à empregada doméstica.
“Quando fiz a canção, a empregada doméstica não tinha ajuda do governo, seu trabalho não era regularizado e , isso só aconteceu de verdade no governo da Dilma Rousseff (PT)”, afirmou antes de dar início à sua apresentação musical.
Carmen Foro, secretária-geral da CUT Nacional, defendeu a história dos trabalhadores e trabalhadoras, especialmente os da saúde pública, do SUS e defendeu as mulheres.
“Temos de ser solidárias com os trabalhadores mais vulneráveis, nesse momento, os que estão desempregados e sem renda, com as mulheres que estão sendo violentadas . Infelizmente, aumentou a violência contra as mulheres durante a pandemia. Chega de violência contra as mulheres trabalhadoras e, nós também entendemos que chegou ao fim esse governo. Chega, chega do governo da morte. Fora Bolsonaro”, afirmou
A cantora e compositora de Belém do Pará, Aíla, mandou seu “salve” aos trabalhadores do Brasil e pediu para que ficassem em casa.
“Que a gente possa nesse momento de pandemia mundial estar juntos colaborando. Se vocês puderem ficar em casa, fiquem, para que gente possa passar por tudo isso e ressignificar esse recado que o planeta está nos dando”.
A secretária-geral da Confederação Sindical Internacional, Sharon Burrow, também mandou seu recado aos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, preocupada com o modelo econômico atual e o negacionismo de Jair Bolsonaro, em relação à Covid 19.
“Nós sabemos que o modelo econômico falido dos dias de hoje nos trouxe uma convergência de crises históricas de desigualdade, de emergência climática e, se não resolvemos isso nós vamos, não apenas criar devastação com extremos climáticos , mas ameaçar a própria existência do ser humano. Temos visto pessoas de todo o mundo abrirem mão de liberdades civis, ficando em casa, para salvar vidas , enquanto Jair Bolsonaro está em negação , junto com seu amigo, Donald Trump [presidente dos Estados Unidos], colocando em risco a existência humana “.
Depois da dirigente sindical dar a sua mensagem, o cantor Lucas Santana , cantou em homenagem ao ex-presidente Lula e à sua falecida esposa , dona Marisa.
Em seguida , Gilmar Mauro, da Frente Brasil Popular e da direção nacional do Movimento dos Sem Terra (MST), lembrou que sem a força dos trabalhadores não há produção de riqueza, que é preciso vencer a ignorância e neste momento de pandemia, ajudar o próximo.
“Somos nós que produzimos todas as coisas. Conclamo os professores e as professoras que nos ajude a superar a ignorância . Precisamos também que cada camponês e camponesa plante a comida para sua família, mas também plante para outras famílias, para ajudar a salvar vidas da classe trabalhadora.
A atriz Bete Mendes afirmou que a democracia é possível, se lutarmos juntos.
“A democracia só é possível quando estamos juntos. Vamos todos lutar por saúde, emprego e renda junto com a CUT”, ressaltou.
Antes de apresentar os cantores Francis e Olivia Hime, a atriz Maeve Jinkings, saudou os trabalhadores, que antes da sua geração, lutaram para garantir os nossos direitos.
Francis Hime trouxe uma palavra de solidariedade aos trabalhadores de todo o Brasil.
“Estamos vivendo um momento difícil e espero que o próximo 1º de Maio, a democracia no Brasil esteja de volta”.
O cantor Stefano Ferraz fez questão de levar uma mensagem de amor, carinho, respeito e admiração aos profissionais de saúde e de outras frentes.
“Meu muito obrigado pelo trabalho de todos vocês”, disse.
Dela Cruz pediu para que as pessoas tenham consciência, se cuidem e aproveitem para de alguma maneira tirar algo positivo desta quarentena.
“Sei que nem todo mundo estão numa posição confortável. Os trabalhadores da saúde estão na linha de frente, se arriscando pela manutenção das nossas vidas. Então, se possível fiquem em casa”, alertou o cantor.
O secretário-geral da Industriall Global Union , Walter Sanches ,que representa 630 sindicatos em 30 países, lamentou que , pela primeira vez em muitos anos, os trabalhadores em todo mundo não possam sair às ruas em defesa dos seus direitos, e criticou Jair Bolsonaro pelos ataques aos direitos trabalhistas .
“Os direitos dos trabalhadores estão sob ataques. Em vez de combater o vírus, Bolsonaro combate os trabalhadores e seu povo. Vocês podem contar com a Industriall para tudo que for necessário para que a luta continue.”
A deputada e cantora, Leci Brandão, disse que esse primeiro de maio é completamente diferente de tudo que já vimos, mas demonstra a força dos trabalhadores.
“Tudo isto demonstra que uma coisa é certa , a força dos trabalhadores é fundamental, porque se não fossem os trabalhadores da linha de frente, iriam acontecer coisas muito piores”, analisou.
Antes de chamar a banda Dead Fish, a atriz Palely Siqueira conclamou a todos para que fiquem em casa, neste momento delicado.
“ Precisamos proteger nos proteger, proteger a todos e quem puder fique em casa”.
O pedido de ficar em casa também foi dfito pelo Mistura Popular. Para os integrantes da banda, este é um momento de solidariedade.
“É também um momento de muita resistência aos ataques do governo federal . Por isso, quem tem uma cesta de alimento, ajude seus amigos, os vizinhos mais próximos, os que moram nas comunidades e por gentileza, contribuam com quem precisa”.
A cantora Taciana Barros também pediu colaboração e doações.
“ Tem muita gente trabalhando para que ficarmos em casa. Quem puder é muito importante colaborar com doações, é momento de sermos solidários’, afirmou.
A atriz Inez Viana também demonstrou solidariedade aos e trabalhadoras que nesse momento, estão passando por muitas dificuldades. Em seguida chamou a apresentação da cantora Preta Ferreira, que também pediu para que as pessoas fiquem em casa.
A mesma preocupação para que as pessoas fiquem em casa demonstrou o cantor Felipe Catto.
“Temos esta interface maravilhosa [redes sociais] para nos encontrar. Não estamos sozinhos. Estamos juntos no combate ao coronavírus. Fiquem em casa”, pediu o cantor.
Marcelo Jeneci, do Mistura Popular, falou sobre a perversidade do capitalismo e que já passou da hora de lembramos o que a natureza vem mostrando.
O médico e cientista brasileiro Miguel Nicolelis, falou dos desafios atuais e, agradeceu a cooperação de todos e os esforços heroicos de quem precisa trabalhar para que o Brasil possa sair dessa crise assustadora .
“ Vamos tentar imaginar o novo futuro, que vai emergir desta crise da pandemia. Sairemos dela, com um grau muito maior de empatia humana, de solidariedade”,
Nazaré Cruz, do Coletivo de Entidades Negras afirmou que os mais afetados com essa pandemia são as pessoas negras, que tem seus salários reduzidos, e muitos não conseguem acessar o auxílio emergencial , de R$ 600,00.
“ São elas que saem todos os dias, arriscando suas vidas para garantir o sustento de suas famílias. Por isso, repudiamos , esse governo da morte de Jair Bolsonaro, que não tem compromisso com a classe trabalhadora. Continuaremos a luta até derrubar este governo. Fora Bolsonaro!.
O ativista periférico, Bruno Ramos, também pediu para que todas as pessoas fiquem em casa, independente de sua classe social. Depois chamou para dar o sue recado, a rapper e escritora Preta Rara, que falou sobre o trabalho das empregadas domésticas e pediu doações aos informais.
“São sete milhões de domésticas no Brasil e 78% são mulheres pretas. Elas e outros profissionais informais estão sem renda, não sabendo quando isso vai acabar e este é o momento em que um tem que ajudar o outro e praticar a empatia”.