Escrito por: CUT-RS
Perseguições se somam aos atos antidemocráticos e golpistas que vêm sendo promovidos e financiados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL)
A convite da deputada Luciana Genro (PSOL), a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa ouviu nesta quarta-feira (9) o depoimento da professora aposentada e advogada Janaíra Ramos, que relatou as perseguições que vêm sofrendo da extrema direita na cidade de Casca, no interior do Rio Grande do Sul.
Essas perseguições se somam aos atos antidemocráticos e golpistas que vêm sendo promovidos e financiados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), como os bloqueios de rodovias e as concentrações em frente a quartéis, em especial no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, após a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A parlamentar propôs a realização de uma audiência pública sobre os diversos casos de ameaças, intimidações e violência que vêm ocorrendo desde o segundo turno das eleições contra moradores e comerciantes que supostamente teriam votado no candidato do PT.
Além do caso de Janaíra, que chegou a ter seu porteiro eletrônico destruído por bolsonaristas, Luciana Genro também mencionou o caso do vereador Lalá (PSB), de Marau, que precisou sair escoltado de uma sessão da Câmara Municipal, e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Ijuí, que relatou ter doações canceladas após ser incluída em lista de “boicote a petistas”.
Terrorismo político dos derrotados nas urnas
“É um verdadeiro terrorismo político de segmentos que não estão aceitando o resultado das eleições. Ainda temos manifestações golpistas aqui em Porto Alegre, em frente ao quartel, e estamos vendo o terrorismo político se disseminar no RS. Isso vem sendo estimulado pelo presidente, que se recusou a aceitar a vitória de Lula e seguiu estimulando essas manifestações golpistas pelo país", denunciou a deputada.
Segundo ela, "estão ocorrendo ameaças num verdadeiro clima de terror político, especialmente nas cidades menores, em que Bolsonaro teve uma votação maior. As pessoas que votaram em Lula estão sendo ameaçadas”.
Apologia ao nazismo
Em seu depoimento, Janaíra relatou que no dia 1º de novembro já começou a circular no município uma lista de quem havia votado no Lula e indicando que não se deveria comprar nos 19 estabelecimentos citados. “Fizemos uma denúncia ao MP, que até agora segue sem resposta, e começou a circular no município uma publicação no Instagram dizendo 'você que votou no Lula, identifique seu estabelecimento com estrela vermelha’."
"São coisas extremamente discriminatórias. Somos 9 mil habitantes, então a situação foi muito drástica e tem uma apologia muito forte com o que aconteceu na Alemanha”, destacou, referindo-se ao regime nazista, que identificava com uma Estrela de Davi os estabelecimentos de judeus.
Janaíra denunciou que teve o escritório depredado nesta semana e precisou reforçar o esquema de segurança.
Luciana Genro vem recebendo diversas denúncias em seu mandato de comerciantes que vêm sido afetados por listas deste tipo, que apontam os que teriam supostamente apoiado Lula e chamam boicote aos estabelecimentos.
A perseguição sofrida por Janaíra foi tema do artigo "Uma mulher enfrenta os fascistas da cidade que tentou parar o Brasil" do jornalista e colunista do Extra Classe e do Brasil 247, Moisés Mendes.
Professor também sofre perseguição
A convite da deputada Stela Farias (PT), foi ouvido também o relato do professor Alexandre Adriano dos Santos Lima, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul / Campus Restinga, que denunciou perseguição política por parte de integrantes da Brigada Militar.
Stela, que é vice-presidente da Comissão, concordou com a ideia de realização de audiência pública sobre o tema, a qual ainda precisa ser requerida oficialmente e aprovada pelos demais integrantes da Comissão.
Com informações da ALRS