Ataque de Israel a hospital batista na Faixa de Gaza deixa pelo menos 500 mortos
Mortes no território palestino chegam a 3 mil. Proposta brasileira sobre o conflito que seria votada hoje no Conselho de Segurança da ONU foi adiada para amanhã
Publicado: 17 Outubro, 2023 - 16h33 | Última modificação: 17 Outubro, 2023 - 18h09
Escrito por: Redação CUT | Editado por: Rosely Rocha
Os ataques israelenses à Faixa de Gaza, onde vivem cerca de 2,2 milhões de palestinos, em sua grande maioria crianças e mulheres, deixou cerca de 500 mortos nesta terça-feira (17), quando uma bomba atingiu um hospital na região, disseram autoridades palestinas.
O hospital Batista Ahly Arab abrigava, além de pacientes, dezenas de pessoas que lá se protegiam, por acreditarem que por ser um prédio “não palestino”, seria mais seguro. Israel pediu que moradores de todo o norte da Faixa de Gaza, incluindo a Cidade de Gaza, deixassem suas casas.
Há divergências entre as autoridades locais sobre o número de mortos. O chefe da Defesa Civil de Gaza afirmou que 300 pessoas morreram. O Ministério da Saúde palestino fala de 200 vítimas, mas diz que o número deve crescer. Já segundo o jornal "The New York Times", o porta-voz do ministério palestino citou 500 mortes.
Após a reação ao ataque do grupo extremista Hamas que matou centenas de israelenses, e sequestrou quase 200 civis, já são 4.400 mortos, sendo 3.000 palestinos e 1.400 israelenses, a grande maioria civis. A ofensiva que chega ao 11º dia atingiu as cidades do sul, inclusive Rafah, na fronteira com o Egito, e Khan Younes.
As Forças de Defesa de Israel afirmaram em um comunicado que hospitais não são alvos deles e que o ataque foi feito pelo grupo Jihad Islâmica. O grupo negou a autoria. Já a autoridade Palestina chamou de massacre o ataque e decretou três dias de luto pelas vítimas.
Votação da proposta brasileira sobre o conflito é adiada
Hoje seria votada a proposta do governo brasileiro para o conflito no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova Iorque, mas foi adiada para amanhã.
Segundo informações da imprensa, os Estados Unidos que têm poder de veto, pediu 48 horas para analisar o texto, mas o governo brasileiro contrapropôs 24 horas. Ainda não há desfecho sobre o prazo pedido. França e China, que também tem poder de veto, pediram que a proposta do Brasil seja aceita pelos demais membros do Conselho de Segurança.
A proposta brasileira condena os ataques terroristas e toda a violência e hostilidades contra civis e todos os atos de terrorismo; exige a imediata e incondicional libertação de todos os reféns civis e pede ainda pausas humanitárias para permitir acesso humanitário total, rápido, seguro e sem obstáculos para agências humanitárias das Nações Unidas e seus parceiros implementadores, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e outras organizações humanitárias imparciais, e incentiva o estabelecimento de corredores humanitários e outras iniciativas para a entrega de ajuda humanitária a civis, entre outras propostas.
Leia a íntegra da proposta brasileira:
“O Conselho de Segurança,
“Guiado pelos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas;
“Relembrando as resoluções 242 (1967), 338 (1973), 446 (1979), 452 (1979), 465 (1980), 476 (1980), 478 (1980), 1397 (2002), 1515 (2003), e 1850 (2008) e 2334 (2016);
“Reafirmando que quaisquer atos de terrorismo são criminosos e injustificáveis, independentemente de suas motivações, quando e por quem quer que sejam cometidos;
“Expressando profunda preocupação com a escalada da violência e a deterioração da situação na região, em particular as consequentes pesadas vítimas civis, enfatizando que civis em Israel e nos territórios palestinos ocupados, incluindo Jerusalém Oriental, devem ser protegidos, de acordo com o direito internacional humanitário;
“Expressando profunda preocupação com a situação humanitária em Gaza e seus graves efeitos sobre a população civil, em grande parte composta por crianças, destacando a necessidade de acesso humanitário completo, rápido, seguro e sem obstáculos;
“Reiterando sua visão de uma região onde dois Estados democráticos, Israel e Palestina, vivam lado a lado em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas;
“Relembrando que uma solução duradoura para o conflito israelense-palestino só pode ser alcançada por meios pacíficos, com base em suas resoluções pertinentes.
- “Condena veementemente toda violência e hostilidades contra civis e todos os atos de terrorismo;
- “Rejeita inequivocamente e condena os ataques terroristas atrozes do Hamas que ocorreram em Israel a partir de 7 de outubro de 2023 e a tomada de reféns civis;
- “Exige a imediata e incondicional libertação de todos os reféns civis, demandando por sua segurança, bem-estar e tratamento humano em conformidade com o direito internacional;
4 “Insta todas as partes a cumprirem integralmente suas obrigações nos termos do direito internacional, incluindo o direito internacional dos direitos humanos e o direito internacional humanitário, incluindo aqueles relacionados à conduta das hostilidades, incluindo a proteção de civis e infraestruturas civis, bem como trabalhadores e ativos humanitários e permitir e facilitar o acesso humanitário a suprimentos e serviços essenciais para aqueles necessitados;
- “Insta fortemente a contínua, suficiente e sem impedimentos provisão de bens e serviços essenciais para civis, incluindo eletricidade, água, combustível, alimentos e suprimentos médicos, enfatizando o imperativo, de acordo com o direito internacional humanitário, de garantir que civis não sejam privados de objetos indispensáveis à sua sobrevivência;
- “Insta à imediata revogação da ordem para que civis e pessoal da ONU evacuem todas as áreas ao norte de Wadi Gaza e se reloquem no sul de Gaza;
- “Pede pausas humanitárias para permitir acesso humanitário total, rápido, seguro e sem obstáculos para agências humanitárias das Nações Unidas e seus parceiros implementadores, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e outras organizações humanitárias imparciais, e incentiva o estabelecimento de corredores humanitários e outras iniciativas para a entrega de ajuda humanitária a civis;
- “Enfatiza a importância de um mecanismo de notificação humanitária para proteger instalações da ONU e todos os locais humanitários, e garantir o movimento de comboios de ajuda;
- “Pede o respeito e proteção, de acordo com o direito internacional humanitário, de todo o pessoal médico e pessoal humanitário exclusivamente envolvido em tarefas médicas, seus meios de transporte e equipamentos, bem como hospitais e outras instalações médicas;
- “Enfatiza a importância de prevenir a expansão na região e, a esse respeito, pede a todas as partes que exerçam o máximo de contenção e a todos aqueles com influência sobre elas que trabalhem para esse objetivo;
- “Decide continuar a se ocupar do assunto.”
Com informações do G1