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Ataques de Bolsonaro à China podem causar “apagão de vacinas” no Brasil

O Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informaram que paralisaram a produção de imunizantes por falta de insumos produzidos na China. Já está faltando vacinas em 322 municípios brasileiros

Publicado: 17 Maio, 2021 - 12h18 | Última modificação: 17 Maio, 2021 - 12h35

Escrito por: Redação CUT

Rovena Rosa/Agência Brasil
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No momento em que especialistas alertam para o surgimento de uma supercepa do novo coronavírus,  e sem conseguir decolar a vacinação da população contra a Covid-19, o Brasil corre o risco de sofrer um “apagão de vacinas” nas próximas semanas por falta de imunizantes. O momento é de incerteza. A China está atrasando o envio do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), usado na produção  da vacina, em represália aos insultos que o presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL) vem fazendo ao país.

De acordo com o levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM), há falta de vacinas em 322 municípios para aplicação da primeira dose e em 1.142 para a segunda dose.

A CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan, de São Paulo, em parceria com a empresa chinesa Sinovac,  é a vacina mais esperada por 92% das cidades que relataram a falta do imunizante. De acordo com o levantamento, a falta do imunizante corresponde a 41,6% de 3.051 prefeituras consultadas entre 10 e 13 de maio. Em 1.758 municípios (57,6%) não houve relato do problema. A produção foi paralisada na sexta-feira (7).

Já a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que produz a vacina da AstraZeneca,  em parceria com a Universidade Oxford, informou que deve paralisar a produção de imunizantes por falta de insumos esta semana, se a China não liberar o envio do IFA.

O desastre articulação diplomática do governo Bolsonaro, que prefere atacar a China com declarações ideológicas, vem colocando o Brasil em risco por falta de matérias-primas para a produção de vacina.

Na semana passada, o Butantan entregou 1,1 milhão de doses, que fazem parte do segundo contrato com o Ministério da Saúde, de mais 54 milhões de doses. Até o momento, não há novas previsões de nova entrega.

Segundo o Butantan, dez mil litros do IFA já estão prontos e separados na China para envio ao Brasil, mas o país asiático ainda não liberou o embarque desses insumos depois da declaração de Bolsonaro contra o país chinês.

Pelo twitter, o governador do Maranhão Flávio Dino (PC do B) falou que o país pode viver um apagão de vacinas nos próximos dias. “Viveremos, nos próximos dias, um “apagão de vacinas” no Brasil. Quadro, que já não era bom, vai piorar. Quem será responsabilizado por isso?”, perguntou.

Ainda de acordo com a pesquisa da CNM, mais de 97% municípios promovem campanhas de conscientização para incentivar a população a tomar a vacina. Ainda assim, 957 afirmam haver resistência da população em relação à vacinação.

A possibilidade de falta do kit intubação foi apontada por 559 cidades, o equivalente a 18,3% das consultadas. No levantamento anterior, o índice estava igual.

Ameaça de novas cepas

Com a vacinação lenta e o descontrole da pandemia de Covid-19, especialistas alertam para o perigo de novas cepas. Ao jornal Valor Econômico, o médico sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão,

“Não temos como afirmar categoricamente que uma variante que resista a vacinas vá surgir no Brasil. Vírus mutam o tempo todo. Algumas dessas mutações podem nos ser favoráveis, outras não. Mas, em tese, a possibilidade existe e precisamos trabalhar com diferentes cenários de risco”.

Após quatro meses do início da vacinação contra a Covid-19, em 17 de janeiro, especialistas avaliam que o “jeito brasileiro” de responder à pandemia impõe agora a desconfortável posição de lidar com um risco em perspectiva.

Números da pandemia

O Brasil ultrapassa a marca de 435.751 mortes desde o início da pandemia. Em 24 horas, foram registrados 1.036 novos óbitos provocados pela doença. Neste sábado (15), o painel de dados marcava 434.715 vidas perdidas desse o início da pandemia.

Há 3.680 falecimentos em investigação, de acordo com os dados do Ministério da Saúde. Isso ocorre porque há casos em que um paciente morre, mas a causa segue sendo apurada mesmo após a declaração do óbito.

A soma de pessoas infectadas desde o início da pandemia chegou a 15.627.475. Entre sábado (15) e domingo (16) foram confirmadas 40.941 novas infecções pelo novo coronavírus.

O número de pessoas que se recuperaram da covid-19 desde o início da pandemia totalizou 14.097.287. O número equivale a 90,2% do total de infectados pelo vírus no país.