Escrito por: Rafaela Dotta, Brasil de Fato | Mariana (MG)

Atingidos paralisam rodovia em Mariana (MG) nos quatro anos do crime do Rio Doce

MG 129, saída para a Samarco, está bloqueada para denunciar falta de indenizações e de moradias

Divulgação MAB

Um protesto pelo cumprimento dos seus direitos. É assim que os atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), relembram os quatro anos de um dos maiores crimes socioambientais do Brasil. Eles chamam atenção para a responsabilização da mineradora Samarco, controlada pela Vale e BHP Billiton. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) fecha, desde as 5h30 desta terça-feira (5), a rodovia MG 129, por onde passam os funcionários da Samarco, de construtoras contratadas para erguer as casas de "Novo Bento" e de Barão de Cocais.

Cerca de 250 atingidos participam do ato. A integrante do MAB, Letícia Oliveira, explica o motivo do bloqueio. "Nós precisamos dar o recado que há ainda grandes problemas que a Samarco, a Vale e a BHP precisam resolver com os atingidos. São quatro anos sem nenhuma casa construída, a maioria dos atingidos que estão aqui não receberam nada. São pescadores e garimpeiros que não foram reconhecidos como atingidos. Tiveram sua renda completamente perdida", diz. Na opinião de Letícia, a mineração pode continuar a funcionar desde que cumpra com os direitos das pessoas e famílias atingidas.

Segundo a Polícia Militar, o fechamento da rodovia refletiu no trânsito até o centro de Mariana. Na cidade ocorrem mais dois atos políticos hoje. Às 14h, o MAB promove um ato ecumênico e, às 16h30, uma caminhada em denúncia à enrolação da Vale.

O bloqueio é parte das atividades do encontro que ocorre de 3 a 5 de novembro, em Mariana, com atingidos de quatro áreas de Minas Gerais.