Escrito por: Tiago Pereira, da RBA
Cerca de 150 pessoas protestam contra proposta da mineradora de reduzir o auxílio financeiro pago às famílias na região da tragédia
Cerca de 150 pessoas, a maioria mulheres, ocupam nesta quinta-feira (22) a sede da mineradora Vale, em Brumadinho, interior de Minas Gerais. Apoiados pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), elas exigem serem recebidas pelo diretor de reparação da empresa para apresentarem sua pauta e reivindicações.
Vale quer acabar com auxílio para atingidos pelo rompimento da barragem
Entre as exigências, estão a prorrogação do auxílio financeiro emergencial e a consolidação do Programa Direito a Renda, proposto pelo movimento. Os atingidos da bacia do rio Paraopeba – onde fica a barragem que ruiu, em janeiro de 2019, matando ao menos 272 pessoas – reivindicam, ainda, o fornecimento de água limpa para a população da região.
Os manifestantes afirmam que agentes da Polícia Militar agiram com truculência, ameaçando utilizar gás lacrimogênio para dispersar o protesto. Além disso, afirmaram que estaria a caminho uma tropa, para fazer a evacuação.
Nesta quinta (22) e sexta-feira (23) ocorrerão audiências de conciliação entre a Vale e o governo de Minas, no Fórum de Belo Horizonte. Dentre as propostas apresentadas pela empresa, estão o fim do auxílio financeiro prestado às famílias. Por outro lado, a situação de vulnerabilidade das famílias atingidas foi agravada ainda mais durante a pandemia.
As parcelas seriam reduzidas gradualmente, e totalmente extintas em abril de 2021, segundo a Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas). Mas os atingidos alegam que não participaram dessas negociações e exigem a manutenção do auxílio integral.
Para as famílias que recebem 50% do auxílio, a última parcela seria paga neste mês de outubro. Quem recebe o valor integral, ganharia 75% entre novembro e fevereiro. Em março, o montante cairia para 50%. No mês seguinte, em abril, nova redução, passando para 25%, quando seria paga a última parcela.
Nas audiências de conciliação, segundo informações do jornal O Tempo, o governo estadual – junto com a Defensoria e o Ministério Público – deve começar pedindo R$ 54,6 bilhões em indenizações. Mas, nos bastidores, estima-se que a Vale deve oferecer menos da metade desse valor.
O MAB, contudo, vê com “muita preocupação” a tentativa se chegar a um acordo dessa proporção sem a participação dos atingidos. “Assim como aconteceu na bacia do rio Doce, assistimos mais uma vez à tentativa de realizar um grande pacto entre as partes sob a aparência de resolução do conflito”, diz o movimento.