Escrito por: Redação RBA

Ativistas são presos em Brasília por protesto contra Pacote do Veneno

Grupo foi atacado com spray de pimenta quando tentava erguer um inflável com a mensagem “Bancada do Câncer, não vamos engolir o seu veneno”

Ativistas que protestavam contra a aprovação do “Pacote do Veneno” foram presos nesta quarta-feira (16) em Brasília. A manifestação estava ocorrendo durante a tarde, em frente ao Congresso Nacional. O grupo pretendia denunciar os 301 deputados que aprovaram o Projeto de Lei (PL) 6.299/2002 na semana passada e que facilita a liberação de agrotóxicos no país.

Eles vestiam macacões de segurança e máscaras de gás para denunciar o risco de contaminação por essas substâncias. Também portavam cartazes com os dizeres “Bancada do Câncer, não vamos engolir o seu veneno”. Entretanto, quando tentavam instalar um inflável com a mesma mensagem, foram reprimidos pela Polícia Legislativa.

Os policiais arrancaram os cartazes das mãos dos ativistas, que não reagiram. Ainda assim, um dos agentes os atacou com spray de pimenta. Os policiais também obrigaram os manifestantes a esvaziar e recolher o inflável.

Em seguida, o grupo foi levado numa viatura, sem que fosse informado o motivo das detenções. A Mídia Ninja, que acompanhava o protesto, registrou as cenas de repressão. 

O governo Bolsonaro tem batido recordes de liberação de veneno para utilização pelo agronegócio. Somente no ano passado, por exemplo, houve autorização para 585 produtos, segundo dados do Ministério da Agricultura. Em 2020, foram 493, enquanto em 2019 os ruralistas obtiveram aval para 475 destes produtos químicos.

O Pacote

A aprovação do PL ocorrida na última quarta-feira (9) flexibiliza ainda mais as normas para a liberação de agrotóxicos no país. Isso porque facilita a abertura do mercado para novos pesticidas antes proibidos. Além disso, centraliza no Ministério da Agricultura as tarefas de fiscalização e análise desses produtos. Apesar da gravidade da decisão, os deputados decidiram pela aprovação do “Pacote do Veneno” em menos de quatro horas de discussão.

“Significa incluir na comida substâncias que causam câncer, mutações genéticas, distúrbios hormonais e todos tipo de dano pra saúde”, protestou o líder da Oposição, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ). Nesse sentido, 71 parlamentares votaram contra, além de uma abstenção.

Outros 69 representantes do PT, PSB, PDT, Psol, PV e Rede permaneceram em obstrução, na tentativa de barrar o “trator” comandado pelo presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL). Mas ele já havia firmado um acordo pela aprovação com a bancada ruralista. Assim, aprovaram a proposta em “regime de urgência”, sem debate mais amplo.

O relator da proposta, deputado federal Luiz Nishimori (PL-PR), recebeu R$ 380 mil de empresários e executivos do agronegócio na campanha que o levou à Câmara dos Deputados, em 2018.