Caetano Veloso apelou a Rodrigo Pacheco: “O simples fato de o senhor nos receber aqui é sinal de que tem preocupação com essa agenda, que é central no presente e futuro do Brasil. E nós dois temos motivos de sobra para estarmos preocupados com a questão ambiental”.
Por sua vez, Pacheco afirmou que embora o agronegócio brasileiro tenha a sua importância econômica na pauta de exportações – o setor é o principal interessado na aprovação desses projetos de lei – não pode ser o único contemplado. E disse concordar que os impactos dessas propostas são graves para o meio ambiente, afirmando em público que o Senado vai analisar todas as questões “com zelo, cautela e responsabilidade”. “O Brasil não pode ser pária ambiental”, disse.
Mais de 200 artistas
Em seguida, por volta das 17h30, o grupo voltou para a área externa do Congresso, onde artistas e ativistas fizeram discursos. Entre os artistas presentes, estavam Maria Gadú, Seu Jorge, Nando Reis, Bela Gil, Cristiane Torloni, Letícia Sabatella, Bruno Gagliasso e Lázaro Ramos. Entre os movimentos e organizações, estiveram representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Greenpeace Brasil, Observatório do Clima, ClimaInfo e Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Leia trechos dos discursos de artistas e ativistas:
“Eu estou aqui para que a gente possa frear esses projetos de lei. É um pacote de destruição. Eu só queria trazer essa reflexão, que a gente precisa cuidar e olhar para a mãe terra e cuidá-la para que a gente possa regenerá-la, e quem coloca comida no nosso prato são mulheres que plantam sem veneno” – Bela Gil, ativista.
“As mulheres defendem a terra, as mulheres são contra o veneno, as mulheres são pela saúde e pela alimentação saudável. A gente tem muita luta este ano, a gente precisa converter principalmente quem é isento, quem não se aprofunda e quem não entende o que é o agronegócio. Quem alimenta o brasil é a agricultura familiar” – Bel Coelho, chefe de cozinha.
“O nosso país é fruto de uma história perversa de muita violência, mas também de muita resistência, porque, ao contrário do que eles queriam, nós estamos aqui e vamos superar este momento bárbaro da história brasileira. E nós já superamos momentos piores, de 400 anos de escravidão. Os povos indígenas precisam e terão a demarcação de territórios indígenas, o povo quilombola terá seus territórios titulados, o povo ribeirinho, os povos da floresta terão seus direitos!” – Douglas Belchior, historiador e ativista da Coalizão Negra por Direitos.
“A gestão branca deu ruim. Não sabem fazer, saem matando. Eu olho praquele Congresso [Nacional] e só vejo branco fazendo a mesma coisa, o mesmo genocídio. Eu não me vejo ali. Não vamos arredar o pé, não vamos dar mole, não vamos recuar, temos obrigação cívica de impedir o pacote do veneno” – Elisa Lucinda, atriz e escritora.