Ato contra Bolsonaro, por Marielle e democracia reúne milhares em Porto Alegre
Mobilização foi organizada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Estadual de Estudantes (UEE-RS), com o apoio das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo
Publicado: 06 Novembro, 2019 - 14h22
Escrito por: CUT-RS
Milhares de estudantes e trabalhadores tomaram as ruas do centro de Porto Alegre no final da tarde desta terça-feira (5), protestaram contra o governo Bolsonaro, cobraram os nomes dos mandantes do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol) e defenderam a democracia, os direitos e Lula livre. Eles reivindicaram também a cassação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que propôs “um novo AI-5”, se a esquerda “radicalizasse” contra o governo, durante recente entrevista à jornalista Leda Nagle.
Após um ato na Esquina Democrática, os manifestantes saíram em caminhada pela Avenida Borges de Medeiros até o Largo Zumbi dos Palmares, repetindo o trajeto da maioria das marchas pela democracia no centro da capital gaúcha.
A mobilização foi organizada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Estadual de Estudantes (UEE-RS), com o apoio das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
"Marielle perguntou, eu também vou perguntar, quantos mais têm que morrer pra essa guerra acabar?" foi um dos gritos entoados pelos estudantes. Outro foi “por Marielle, quero justiça. Eu não aceito presidente da milícia”.
“Não vamos esmorecer”
“A nossa luta é incansável. Nós não vamos esmorecer. Também querem saber quem mandou matar Marielle. Ela não foi assassinada por ser uma simples mulher, mas porque ela representava uma simbologia de conquistas, de democracia e de enfrentamento a esse sistema que nos oprime e nos assassina”, afirmou a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-RS, Isis Marques.
Ela cobrou agilidade nas investigações para descobrir os mandantes da execução de Marielle. “Não deixaremos passar impune e a memória dela está sempre presente e reafirmada em nossos atos”, destacou Isis.
Derrotar Bolsonaro nas ruas e nas urnas
A dirigente do Intersindical, Neiva Lazarotto, disse que “é uma luta por justiça para Marielle, queremos saber quem mandou matar Marielle, queremos saber quem estava na casa 58 no condomínio do presidente da República e se tem envolvimento dele com as milícias”.
“Esse presidente está destruindo o país. Nós não conseguimos impedir. Eles deram um golpe. Derrubaram a Dilma, prenderam o Lula, estão matando lutadoras como a Marielle. Nós estamos nas ruas e resistimos. Nós vamos derrotar o Bolsonaro nas ruas e nas urnas”, apontou Neiva.
Justiça para Marielle
A coordenadora-geral do DCE da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Ana Paula Santos, destacou o legado de Marielle como lutadora social. "Estamos aqui para exigir justiça para Marielle Franco, que era uma mulher, negra, lésbica, da favela, que defendia muitas das lutas que todos os dias a gente defende.
“Nós temos o dever histórico de lutar por justiça, buscar resposta, mas mais do que tudo seguir defendendo as ideias que Marielle defendia", assinalou a estudante.
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Lula livre
O ex-prefeito Raul Pont (PT) ressaltou a temerosa escalada autoritária do governo federal. "Estamos vendo que a família do Bolsonaro, e o próprio Bolsonaro, não só elogiavam torturadores, como fazem a defesa como alternativa política do AI-5. Então nada mais oportuno do que este ato demonstrando a capacidade de luta e de resistência, que é o que todos nós temos que assumir", afirmou.
Raul propôs também uma luta “para recuperar os direitos perdidos ao longo deste período” e denunciou o megaleilão do pré-sal, “a maior poupança” do povo brasileiro”. Para ele, “isso é um crime, um verdadeiro roubo a céu aberto de recursos naturais para entregar a meia dúzia de empresas de rapina, que vêm aqui para explorar o máximo que puderem e depois vão embora”.
“Por tudo isso, fora Bolsonaro, eleições novas, limpas e justas, e Lula livre”, concluiu o ex-prefeito.
Houve também manifestações em outras capitais de estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, repudiando a ditadura e os retrocessos do governo Bolsonaro e reafirmando a memória de Marielle, a defesa da democracia e da soberania nacional e a luta pela liberdade de Lula.