Escrito por: CUT-RS
Cerca de duas mil pessoas participaram do ato em Porto Alegre (RS) contra as privatizações da água do estado e da capital Porto Alegre
O movimento “RS pela Água” levou mais de duas mil pessoas às ruas do Centro Histórico de Porto Alegre, na manhã da quinta-feira (08), em protesto à política de entrega da Companha Riograndense de Saneamento (Corsan) e do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae).
O ato chamou a atenção do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre os riscos de privatização da Corsan e defendeu a suspensão do leilão marcado pelo governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) para o próximo dia 20 de dezembro, às vésperas do Natal.
“Água é vida, saúde, um bem do planeta para a humanidade. O leilão tem que ser suspenso. A Corsan não é presente de Natal para um punhado de acionistas privados”, afirmou o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.
O presidente do Sindiágua-RS, Arilson Wünsch, ressaltou que “mais uma vez estamos a aqui para mostrar que a sociedade quer a Corsan e o Dmae públicos e que a água não deve ser tratada como mercadoria”.
Além de trabalhadores e trabalhadoras da Corsan e do Dmae, participaram sindicatos e entidades representativas, movimentos sociais, deputados e vereadores. “Mais um ato histórico no Rio Grande do Sul em defesa da água pública no país”, destacou Arilson, agradecendo a presença de todos os manifestantes.
Privatização desenfreada
O governo do Estado anunciou em 29 de novembro o leilão da Corsan para o dia 20 de dezembro sem ter o aval do Tribunal de Contas. As entidades questionam a pressa do governo em privatizar e alertam o TCE e a sociedade gaúcha sobre os riscos à população em caso de venda da Companhia.
Quase na mesma data, o prefeito Sebastião Melo (MDB) criou em 30 de novembro um grupo de trabalho para avaliar a privatização do Dmae com prazo de até 30 dias para formular uma proposta de “parceirização”
A conta não fecha
O Sindiágua-RS tem levado informações importantes ao TCE referente aos números da Companhia, como os da cobertura de água e esgoto que a Corsan possui, além de dados técnicos que embasam os estudos feitos para barrar a privatização. De acordo com o diretor do Sindicato Rogério Ferraz, os números legítimos são omitidos da sociedade, pois não condizem com a realidade da estatal.
“Temos a obrigação de mostrar aos órgãos competentes a falácia do governo do Estado, que desmoraliza o serviço da Companhia para atender um interesse pessoal. Fizemos um estudo de valores projetando o futuro da arrecadação de todos os contratos em vigor com os municípios, além do valor patrimonial da estatal que é superior ao valor absurdo de R$ 4,1 bilhões que a direção da Companhia apresentou”, destacou Ferraz, criticando o preço mínimo estipulado para a venda da Corsan.
Vereadores e prefeitos mobilizados
Vereadores de diversas cidades do estado enviaram ofícios aprovados pelas câmaras de vereadores ao Tribunal de Contas, solicitando que adotem medidas para suspender a desestatização da Companhia até que se possa garantir maior transparência e envolvimento dos municípios, os quais são os titulares do poder concedente dos serviços de água e esgoto.
O prefeito de São Sepé, João Luiz Vargas (PDT), esteve presente no ato e conclamou uma revisão criteriosa do TCE. Ele, que já foi presidente do Tribunal, orientou pela suspensão do leilão.
Funcionários da Corsan aprovam estado de greve
Antes da caminhada, os funcionários e as funcionárias da Corsan deliberaram pelo estado de greve na assembleia convocada pelo Sindiágua-RS, realizada em frente à prefeitura. A plenária autorizou a Diretoria Executiva e os delegados sindicais a deliberarem pelo início da paralisação, caso o leilão não seja suspenso.
História se repete
A primeira greve realizada pelo Sindiágua-RS iniciou em 23 de dezembro de 1998. Com o leilão marcado para o dia 20 de dezembro, a greve poderá ser deflagrada no dia 23 de dezembro até o dia 2 de janeiro de 2023.
“Caso o leilão realmente aconteça, justamente nas festas de final de ano, o governo do Estado poderá deixar a sociedade gaúcha sem abastecimento de água e coleta de esgotamento sanitário”, declarou Arilson.
A mobilização contou com a presença da deputada estadual Sofia Cavedon (PT), do deputado estadual eleito Miguel Rossetto (PT), dos vereadores Matheus Gomes (PSol) e Jonas Reis (PT), e diversas representações sindicais e sociais, como o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Levante Popular da Juventude e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), dentre outros.
Com informações do Sindiágua-RS