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Ato em Pelotas protesta contra precarização do trabalho na CEEE Equatorial

A empresa privada usa o nome de CEEE Equatorial para dividir a responsabilidade pela precarização dos serviços com a empresa pública que já não existe mais

Publicado: 17 Agosto, 2023 - 11h42 | Última modificação: 17 Agosto, 2023 - 11h48

Escrito por: CUT-RS

Senergisul e Semapi-RS
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O Semapi-RS e o Senergisul, com o apoio da CUT-RS, realizaram um ato na manhã desta quarta-feira (16), em frente à Singel, na cidade de Pelotas, no interior gaúcho, protestando contra os baixos salários e as condições precárias de trabalho nas empresas terceirizadas contratadas pela Equatorial após a privatização da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).

A Equatorial arrematou por apenas R$ 100 mil o braço de distribuição da CEEE, durante leilão promovido em 31 de marco de 2021 pelo governador Eduardo Leite (PSDB). Cerca de 1 mil eletricistas foram demitidos depois da privatização.

A empresa privada usa o nome de CEEE Equatorial para dividir a responsabilidade pela precarização dos serviços com a empresa pública que já não existe mais. A dura realidade não é muito diferente no Maranhão, Pará, Piauí, Amapá e Goiás, onde também atua.

Privatização, terceirização e precarização

Os dirigentes sindicais distribuíram panfletos, dialogaram com os terceirizados e ouviram relatos de problemas como desvio de função e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) vencidos. Os trabalhadores foram orientados sobre a importância de defender os seus direitos.

Clique aqui para acessar o PDF do panfleto.

“Recebemos relatos de terceirizados que são preocupantes. Muitos deles tiveram que pagar do próprio bolso o pedágio e a alimentação durante as saídas para atender a cidade de Rio Grande, que foi muito atingida pelo último ciclone”, afirmou o secretário de Relações de Trabalho da CUT-RS, Paulo Farias.

Após as conversas com os trabalhadores que chegavam para iniciar a sua jornada, os sindicalistas foram convidados para participar de uma reunião com o administrador da Singel na região de Pelotas e Rio Grande.

Farias disse que foi aberto um canal de diálogo com a empresa. “Nós fomos contra a privatização da CEEE, mas já que foi privatizada estamos aqui para esclarecer os trabalhadores terceirizados de que todos devem ter condições dignas e seguras de trabalho”, frisou.

Aumento no número de mortes no trabalho

Para o presidente da Senergisul, Antonio Silveira, são preocupantes as denúncias dos trabalhadores que já foram encaminhadas ao Ministério Público do Trabalho (MPT). Ele destacou que algumas empresas que prestam serviços para a Equatorial não investem em treinamento adequado para os seus trabalhadores.

“Estamos verificando um aumento no número de mortes no trabalho que estão ocorrendo na região de Pelotas, principalmente entre os trabalhadores terceirizados e isso nos preocupa muito”, destacou Antônio

Segundo ele, também é visível a queda na qualidade dos serviços prestados desde a entrega da CEEE. Ele alertou que, “conforme índices da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mesmo com o aumento no número de trabalhadores contratados, a Equatorial está apresentando uma piora na qualidade de serviços prestados. Por exemplo, o tempo de espera para atendimento praticamente dobrou desde a privatização”.  

Trabalhadores terceirizados não estão sozinhos

O diretor do Semapi-RS, Paulo Roberto Rocha, considerou que “houve uma interação muito boa com os terceirizados da Singel, que são representados pelo Sindicato, que possui um acordo coletivo que abrange esses trabalhadores, com a data-base em 1º de maio. Eles puderam ver que não estão sozinhos”.

Rocha também acredita que o diálogo com os trabalhadores e a mobilização são o melhor caminho para pressionar a Equatorial na melhoria das condições de trabalho e segurança e da qualidade de energia para a população. “Algumas comunidades na região de Pelotas e Rio Grande chegaram a ficar 15 dias sem luz após o ciclone, o que é um absurdo”, salientou.

“Nesse último evento climático, tivemos até trabalhadores mutilados por falta de EPIs. Existem diferenças nos pisos salariais para a mesma função, o que é um descumprimento dos direitos trabalhistas e algumas empresas não estão pagando o vale refeição”, denunciou o dirigente do Semapi-RS. 

O secretário de Assuntos Jurídicos da CUT-RS e diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Pelotas, Elton Lima, avaliou que “a manifestação foi propositiva”, observando que muitos trabalhadores entenderam e apoiaram o papel do movimento sindical, na luta contra a precarização e em defesa dos salários e dos direitos da classe trabalhadora.

A Equatorial é responsável pelo atendimento de cerca de 1,8 milhão de gaúchos e gaúchas em 72 municípios das regiões Metropolitana de Porto Alegre, Sul, Centro-Sul, Campanha, Litoral Norte e Litoral Sul.