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Ato em Porto Alegre mobiliza comunidade da UFRGS e acende luzes pela democracia

Comunidade acadêmica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), acendeu velas e luzes de celulares, iluminando a luta pela democracia na noite dessa segunda (1º).

Publicado: 02 Agosto, 2022 - 16h45 | Última modificação: 02 Agosto, 2022 - 16h57

Escrito por: CUT-RS

Carolina Lima / CUT-RS
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O ato “Luzes pela Democracia”, realizado no início da noite desta segunda-feira (1º), em Porto Alegre, mobilizou a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que acendeu velas e luzes de celulares, iluminando a luta pela democracia e esquentando a preparação do ato nacional em defesa do estado democrático de direito no próximo dia 11.

A manifestação foi organizada pelo Coletivo Frente UFRGS, uma coalizão de entidades, sindicatos, movimentos estudantis e sociais, junto com o Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito.

Após concentração em frente à Faculdade de Arquitetura, na Rua Sarmento Leite, os participantes saíram em caminhada até a Avenida Oswaldo Aranha, onde fizeram um ato com pronunciamentos das entidades organizadoras e centrais sindicais

No trajeto, houve gritos de “democracia” e “Fora Bolsonaro e Bulhões”, numa crítica ao atual reitor da UFRGS, Carlos Bulhões, que foi nomeado pelo presidente da República mesmo tendo ficado em último lugar na lista tríplice das chapas concorrentes. 

Por eleições livres

O secretário de Comunicação da CUT-RS, Ademir Wiederkehr, destacou a importância de defender a democracia e que essa luta não começou agora. “Nós lutamos contra o golpe de 2016, quando tiraram a Dilma. Nós lutamos contra a prisão injusta do Lula. Estamos aqui lutando para que a democracia seja respeitada nesse país, para que possamos ter eleições livres”, afirmou.

Ele defendeu o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas. “Quem é contra essa urna é quem quer dar golpe. As urnas eletrônicas já provaram que são eficientes. Estamos juntos nessa luta pela democracia e construindo juntos um grande ato no dia 11", enfatizou.

Ademir destacou que a CUT e centrais sindicais orientaram os trabalhadores e as trabalhadoras a assinarem a "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, lançado no último dia 26 de julho pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). O texto já possui mais de 600 mil assinaturas.

Clique aqui para ler e assinar o manifesto

O diretor de Relações Sindicais do Sindicato Intermunicipal dos Professores de Instituições Federais de Ensino Superior do Rio Grande do Sul (ADUFRGS Sindical), Jairo Bolter, lembrou que “maus políticos atacam a democracia e as instituições e nos fazem sair de casa para vir defender a democracia”.

O professor afirmou que é necessário “dar um basta” nos constantes ataques à democracia, à universidade e às instituições do país. “Não é possível que as nossas instituições, que a nossa democracia, que a nossa universidade, a nossa liberdade de expressão e a nossa autonomia sejam atacadas por quem desconhece a lei, a Constituição e o direito de nos manifestarmos”, frisou.

“A ADUFRGS-Sindical estará junto com os trabalhadores e trabalhadoras comprometidas em defender a democracia, as eleições limpas e o direito das pessoas a se manifestarem dizendo não à barbárie, não ao machismo, não ao ódio, não à violência e sim à liberdade de expressão, sim à democracia, sim às eleições de políticos que representam o povo brasileiro. Temos direito de escolha e seguiremos nas ruas defendendo a democracia”, reforçou Jairo.

Iluminar o caminho do Brasil

A professora da UFRGS Marcia Barbosa, representando o Coletivo Frente UFRGS, saudou todas as entidade e os movimentos “que se juntam para iluminar o caminho do Brasil”.

Ela disse que as pessoas ali presentes são as que darão apoio na caminhada “para garantir a democracia e reconstruir, a partir dos pedacinhos que vão nos deixar o Brasil, um país que é capaz de produzir ciência de ponta, de produzir cultura de ponta, de ter uma sociedade equilibrada, equânime, justa e bela”.

O professor aposentado da UFRGS e integrante do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito e da Rede Estação Democracia (RED), Benedito Tadeu César, reforçou a necessidade da união numa grande frente em defesa da democracia.

“O momento não é de divisão, de afirmação de princípios isolados ou de bandeiras partidárias. É salutar que todos tenham seus posicionamentos, mas o momento presente é da defesa da democracia e da Constituição cidadã construída com a luta de muitos de nós, com a morte de muitos de nós que lutaram contra a ditadura que nos assolou por 21 anos”, disse.

Ele, que é também cientista político, defendeu ainda a importância de dialogar com aqueles que foram iludidos a votar em Bolsonaro, mas perceberam que sua eleição levou o país ao caos.

Benedito defendeu igualmente a assinatura do manifesto. “Nós temos que acolher todos aqueles que quiserem caminhar junto conosco. Essa carta, nesse momento, é a voz da unidade. Inclusive porque boa parte da elite brasileira está se associando a essa carta. É o momento de unirmos todos em defesa da democracia e da Constituição cidadã”, salientou.

Respeitar o resultado das eleições

O advogado e membro do Comitê em Defesa da Democracia, Mário Madureira, falou que é preciso respeitar as eleições. “Queremos respeito ao Estado Democrático de Direito. Estamos vivendo uma situação muito grave. Nós estivemos nos últimos tempo sob uma tormenta, ameaçados de golpes, retrocessos, não respeito às eleições. Mas, os últimos dias nos trazem otimismo. Esse documento já tem mais de 645 mil assinaturas. É importante que nós convoquemos as pessoas para ler, assinar e compartilhar”, expôs.

A professora do Departamento de Estatística da UFRGS, Luciana Nunes, alertou que “tem muitas ameaças, veladas ou não tão veladas. A gente tem realmente sentido um pouco de apreensão na hora de se expressar. Entretanto, nada pode se sobrepor ao que estamos fazendo hoje. Temos que acabar com o fascismo que tomou conta do país, eu não tenho dúvida disso. E eu como professora, como mulher, como mulher lésbica, vou levantar todas as bandeiras que forem possíveis para seguir na luta, de verdade.”

Levante da comunidade acadêmica

“Esse ato, apesar de mais simbólico, também significa um levante da nossa comunidade acadêmica, temos sofrido perseguições dentro da Universidade, temos tido um cerceamento. Entendemos, inclusive, que isso que a gente tem vivido desde 2018 é um apagão da democracia. Sobretudo nesse momento, onde temos na presidência da República alguém que se coloca como um possível golpista, que não aceitaria os resultados em outubro”, afirmou a estudante de Engenharia de Materiais na UFRGS e representante da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gabriela Silveira.]

O estudante de História e dirigente do DCE da UFRGS, Daniel Oliveira, relatou ser o primeiro de sua família a entrar para a universidade, numa referência à importância das ações afirmativas que permitiram a negras e negros o acesso à educação superior.

Segundo ele, o “momento exige a defesa da democracia, que passa pela defesa da universidade”. Ele ressaltou ainda que o DCE está passando nas salas de aula da UFRGS para convocar os estudantes para a manifestação nas ruas em 11 de agosto contra o golpismo.

O ato contou ainda com a presença dos deputados federais Maria do Rosário (PT), Henrique Fontana (PT), da deputada estadual Sofia Cavedon (PT), dos vereadores Jonas Reis (PT) e Daiana Santos (PCdoB) e da suplente do senador Paulo Paim (PT), Reginete Bispo.

Com informações do Brasil de Fato-RS e Sul21