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Ato em Porto Alegre repudia fascismo e racismo, e exige medidas da Câmara Municipal

Houve manifestações de repúdio aos fatos ocorridos na sessão plenária da semana passad

Publicado: 26 Outubro, 2021 - 09h02 | Última modificação: 26 Outubro, 2021 - 09h20

Escrito por: CUT RS

Reprodução / Facebook
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Um ato contra o fascismo e racismo foi realizado no início da tarde desta segunda-feira (25), em frente à Câmara Municipal de Porto Alegre. O portão de entrada estava trancado, ao contrário da última quarta-feira (20), quando pessoas de um grupo antivacina, que praticaram crimes de racismo e apologia ao nazismo, encontraram o portão aberto e entraram sem dificuldades. 

Houve manifestações de repúdio aos fatos ocorridos na sessão plenária da semana passada. Cerca de 30 pessoas ingressaram livremente nas galerias da Câmara para protestar contra o passaporte vacinal, muitos vestindo roupas em verde e amarelo.

Na ocasião, teve inclusive exibição de um cartaz com o símbolo da suástica nazista, o que é proibido por lei, o que gerou um tumulto com vereadores e assessores, além de agressões físicas e ofensas racistas contra as vereadoras Bruna Rodrigues (PCdoB), Daiana Santos (PCdoB) e Laura Sito (PT).

Não iremos silenciar

“Eles acreditam que podem realizar uma escalada de violência num espaço público de debate, que tem como alvo uma agenda de direitos, que atinge o povo pobre e o povo negro”, criticou Laura. Segundo ela, o recado é que “não iremos silenciar, não aceitaremos que o espaço público vire uma arena sem limites, criminosa, um espaço violento que inclusive coloque em risco a nossa vida”.

Bruna destacou como “um processo revolucionário” ter mulheres negras ocupando assentos da Câmara Municipal. “Quando uma mulher olha para três negras e diz que somos ‘lixo’ é porque ela nos desconsidera enquanto seres humanos, enquanto agentes protagonistas das nossas histórias, mas acima de tudo nos nega porque ela entende que nós somos algo que afronta o privilégio dela, de uma mulher que sempre esteve nesse lugar”, refletiu.

Para o vereador Matheus Gomes (PSOL), não se pode ter dúvida de quem eram as pessoas que protagonizaram os atos violentos na Câmara. “Eram sim membros de organizações que misturam neonazistas, fascistas e negacionistas”, disse. O que eles fizeram, segundo ele, “não pode ficar impune, pois representa um primeiro ensaio da proposta de restrição das instituições às liberdades democráticas que ainda restam”.

Além das falas dos vereadores, houve também manifestações de partidos de esquerda, centrais sindicais e movimentos sociais. Vários participantes mostraram cartazes, com frases como "Racismo é crime", "Nenhuma mulher negra é tua empregada" e "Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim", dentre outras.

Derrotar o fascismo nas ruas

O vice-presidente da CUT-RS, Everton Gimenis, disse que “estamos aqui para prestar solidariedade em especial à bancada negra na Câmara de Vereadores. O que aconteceu é inadmissível”. Ele lembrou que muitas vezes os trabalhadores “foram barrados” na Câmara, impedidos de se manifestar contra a retirada de direitos.

O dirigente sindical denunciou que “teve vereadores que organizaram, acobertaram e planejaram porque não é possível que a segurança da Casa não tenha feito nada. Eles estavam praticando crimes e deviam ter saído presos”.

Gimenis frisou que para derrotar os fascistas “é só com o povo na rua”, pois “saíram do armário e estão atacando a democracia”. Para ele, “temos que destruir os fascistas e combatê-los nas ruas”.

Vereadores cobram providências do presidente do Câmara

Durante o ato, vereadores das bancadas do PT, PCdoB e PSOL, em conjunto com lideranças de movimentos sociais, se reuniram com o presidente da Câmara, Márcio Bins Ely (PDT), para cobrar medidas de combate às ações de ódio, intolerância e discriminação racial contra as vereadoras da bancada negra. Também participaram a deputada federal Maria do Rosário (PT) e Sofia Cavedon (PT).

Eles exigiram a identificação das pessoas que protagonizaram as ofensas racistas, a consequente proibição de entrar novamente no parlamento municipal e que a Casa se manifeste judicialmente sobre o caso já denunciado na Delegacia de Combate à Intolerância.

Líder da oposição ao prefeito Sebastião Melo (MDB) na Câmara, o vereador Pedro Ruas (PSOL) defendeu “medidas de segurança para que o trabalho parlamentar possa ser exercido, para que não sejamos atacados pelos nazifascistas”. Segundo ele, em seus sete mandatos, depois da ditadura militar, nunca viu uma galeria com suástica. “Vi agora, é um choque ver isso, é inacreditável, e eles vieram jogar para cima de nós seus socos, pontapés e malditos cartazes”, criticou.

“A gente precisa dar uma resposta à altura para essa violência, porque é crime, racismo é crime, apologia ao fascismo e ao neonazismo é crime, então a gente precisa dar um posicionamento que seja exemplar. Toda essa mobilização é para que a gente volte a ser exemplo”, salientou a vereadora Daiana Santos (PCdoB).

Para ela, não foram isolados e são reflexos de uma estrutura maior e que não se pode deixar que cresça ainda mais, principalmente na “Casa do povo”.