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Ato na Refinaria Abreu e Lima encerra mobilizações de julho contra privatizações

Para denunciar os impactos que o desmonte da Petrobrás causará ao país, a Federação Única dos Petroleiros e seus sindicatos realizaram ao longo de julho atos em todas as refinarias ameaçadas de privatização.

Publicado: 26 Julho, 2018 - 12h43 | Última modificação: 27 Julho, 2018 - 18h10

Escrito por: FUP

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A FUP e seus sindicatos realizaram na manhã desta quinta-feira (26) um ato Nacional na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que fechou o calendário de luta deste mês de julho contra as privatizações no Sistema Petrobrás.

Junto com a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, a unidade foi colocada à venda, num pacote fechado, que inclui ainda cinco terminais e 770 km de oleodutos.

O negócio, barrado momentaneamente por uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF), que impede o governo de vender empresas públicas sem autorização do Legislativo, faz parte do projeto de privatização das refinarias anunciado em abril pelos gestores da Petrobrás.

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O objetivo é entregar à concorrência 60% do controle acionário das refinarias do Nordeste e do Sul do país, em dois grandes conjuntos de ativos, que incluem as unidades que atendem cada uma destas regiões, além de todo o sistema de logística da Transpetro para distribuição e escoamento dos derivados produzidos por elas.

O ativo Sul inclui a Refinaria Alberto Pasqualini (REFAP), no Rio Grande do Sul, a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná, sete terminais e 736 km de oleodutos. Essas quatro refinarias representam 36% da capacidade de refino do país e são responsáveis por abastecer toda região Sul, Norte e Nordeste, além de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

Para denunciar os impactos que esse desmonte causará ao país, a FUP e seus sindicatos realizaram ao longo de julho atos em todas as refinarias ameaçadas de privatização. A primeira mobilização foi na RLAM, no dia 03 de julho, seguida da REFAP (no Rio Grande do Sul), no dia 12 de julho, e da REPAR (no Paraná), no dia 17 de julho.

Durante o ato na Abreu e Lima, o diretor da FUP, Deyvid Bacelar, alertou os petroleiros sobre a fragilidade da decisão do STF que proíbe a privatização das empresas estatais. “É bom lembrar que nós não podemos confiar plenamente no judiciário brasileiro. Assim que acabar o recesso, a ministra Carmem Lúcia, presidenta do STF, vai colocar esse tema em votação e nós sabemos que podemos ter uma decisão desfavorável, não somente à categoria petroleira, mas à toda a classe trabalhadora e ao país. Portanto, nós precisamos manter o nosso nível de mobilização, porque em algum momento nós precisaremos, sim, fazer uma greve nacional da categoria petroleira contra o desmonte e as privatizações”, afirmou.

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Focada na produção de diesel, refinaria ainda não foi concluída

Única refinaria a ser construída no país desde a década de 70, a Abreu e Lima foi estrategicamente projetada para produzir óleo diesel, reduzindo, assim, as importações deste derivado. Com tecnologia 100% nacional, ela começou a ser construída em 2007, 34 anos após  a Petrobrás ter erguido a sua última refinaria.

A Abreu e Lima entrou em operação em dezembro de 2014, com a partida do primeiro conjunto de unidades de processamento, o chamado Trem 1. Apesar de ter sido projetada para ter dois trens de refino e processar 230 mil barris de petróleo por dia, a unidade está operando com menos da metade da capacidade. Isso porque até hoje as obras do Trem 2 não foram concluídas.

A importação de diesel, que havia caído em 2015, com a produção da Abreu e Lima, atingiu números recordes no ano passado, com 13 milhões de metros cúbicos importados, 80% deles dos Estados Unidos. Com as refinarias da Petrobrás operando bem abaixo da capacidade, as importadoras ganham cada vez mais espaço e hoje já controlam 25% do mercado interno.

Quem foi Abreu e Lima?

A refinaria de Pernambuco leva o nome de Abreu e Lima, em homenagem a um pernambucano, que lutou ao lado do revolucionário Simon Bolívar, nas lutas pela independência da América do Sul.

José Inácio de Abreu e Lima era um jovem capitão da artilharia, quando, ao lado do seu pai -o ex-sacerdote conhecido como Padre Roma -  participou da Revolução Pernambucana de 1817, que buscou libertar o Brasil do império português.

Os ideais republicanos de Abreu e Lima foram sufocados, assim como a revolução. Preso, ele foi obrigado a assistir ao fuzilamento de seu pai. Mas nem assim esmoreceu. Somou-se às tropas de Simón Bolívar, onde foi consagrado general, e transformou-se em personagem fundamental da Revolução Bolivariana, que libertou a Venezuela, o Panamá, a Colômbia e o antigo Peru, cuja parte do território deu origem à atual Bolívia.

Divulgação internetDivulgação internet
José Inácio de Abreu e Lima (General das massas)

Conhecido como “o general das massas”, Abreu e Lima permaneceu ao lado de Bolívar até a morte do revolucionário, em 1831. Por seu papel histórico nas lutas pela independência da América do Sul, recebeu o título de Libertador de Nova Granada.

De volta a Pernambuco, escreveu e publicou em 1855 o primeiro tratado sobre socialismo das Américas. Morreu em 1869 e teve seu corpo proibido de ser sepultado no povoado de Maricota, onde vinte anos antes liderou a Revolta Praieira. Coube a outro pernambucano libertário não deixar morrer a histórica de Abreu e Lima. Quando governador de Pernambuco, Barbosa Lima Sobrinho rebatizou a cidadezinha de Maricota para Abreu e Lima, que hoje pertence à região metropolitana de Recife.