Escrito por: Andre Accarini

Ato unificado das centrais em Brasília denuncia governo genocida de Bolsonaro

Respeitando protocolos de segurança e sem aglomerações, centrais sindicais e movimentos sociais se mobilizaram pelo auxílio emergencial de R$ 600, contra a fome, carestia e pela vacinação imediata da população

Jean Maciel

 

Expostas no gramado em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, 600 cestas com alimentos cultivados e colhidos pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), formaram o cenário de denúncia sobre a trágica situação pela qual passa o país, de milhões de brasileiros passando fome, de desemprego e de miséria. Tudo isso em consequências da política genocida do presidente Jair Bolsonaro (ex-PSL), cujo negacionismo no enfrentamento à pandemia resultou na morte mais de 450 mil brasileiros por Covid-19, além da falta de políticas efetivas de geração de emprego, renda e distribuição da riqueza.

Estes foram os motivos principais do ato unificado da  CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central, CSB, Intersindical, Pública, CSP-Conlutas, CGTB, CONTAG, MST e das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, realizado em Brasília na manhã desta quarta-feira (26). O ato antecedeu a entrega da Agenda Legislativa das Centrais Sindicais para a Classe Trabalhadora à presidência da Câmara dos Deputados e do Senado.

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, reforçou que o ato – que foi simbólico, sem provocar qualquer espécie de aglomeração e seguiu todos os protocolos de distanciamento social e uso de equipamentos de segurança – teve o objetivo de chamar a atenção do povo brasileiro para a realidade do país.

“Queremos chamar a atenção para a questão da fome, da carestia. Famílias inteiras estão dormindo nas calçadas. Isso tinha acabado e não esperávamos que essa situação voltasse – pessoas, crianças, pedindo auxilio nos faróis e supermercados”, disse o dirigente.

A crítica situação econômica da maioria dos brasileiros muito se deve à redução do auxílio emergencial, que neste ano chega a apenas cerca de metade daqueles que receberam no ano passado, e com valores ínfimos de R$ 150 a R$ 375, contra os R$ 600 determinados pelo Congresso no ano passado, após pressão da CUT e demais centrais sindicais.

A maioria dos trabalhadores que ainda tem emprego, ganha até dois salários mínimos, ressaltou o presidente da CUT. A carestia – encarecimento de custo de vida – que tem como causa o aumento excessivo nos preços dos alimentos, do gás de cozinha, e de produtos essenciais para a sobrevivência penaliza milhões de brasileiros, acrescentou o presidente da CUT.

A redução do auxílio emergencial é um crime porque o Brasil, oitava economia do planeta tem dinheiro, sim, para socorrer o povo brasileiro- Sérgio Nobre

Sérgio Nobre / Foto: Valci Araújo
Ato solidário

O presidente da CUT ainda destacou que o objetivo da manifestação não foi provocar aglomerações. “Sabemos a realidade da pandemia. O número de mortos, mais de 450 mil, é uma tragédia e o responsável é Bolsonaro”, afirmou o dirigente no caminhão de som, estacionado na Esplanada dos Ministérios.

E esse foi o espírito do ato, que teve, no gramado, representantes de entidades dos movimentos sociais, de sindicatos e de centrais – todos distantes uns dos os outros e, em meio a eles, faixas, bandeiras e cartazes com as pautas “fora, Bolsonaro”, “vacina no braço, comida no prato”, “em defesa do SUS” e “auxílio emergencial de R$ 600”.

Kleber Freire

Jean Maciel/ BSB

Doação de cestas de alimentos

As cestas com alimentos para doação aos mais vulneráveis foram colocadas formando o número “600”, para simbolizar a luta pelo auxílio com valor mais digno.

Carrinhos de supermercado com o (muito) pouco que dá pra comprar com o valor do atual auxílio (a maioria recebe parcelas de R$ 150) também fizeram parte da cena como forma de sensibilizar os parlamentares para que votem uma Medida Provisória que estabeleça, no mínimo, R$ 600 como auxílio emergencial até o fim da pandemia do novo coronavírus.

Ao todo, mais de três toneladas de alimentos, oriundos de assentamentos e da agricultura familiar foam doados à Cooperativa de Catadores de Reciclados do Distrito Federal (Centcoop).

Kleber Freire

Movimentos e centrais

O presidente da Contag, Aristides Veras dos Santos, após reforçar que é preciso a vacinação avançar no Brasil e a necessidade de que parlamentares aprovem projetos voltados à agricultura Familiar e à reforma agrária, disse que o ato tem o objetivo da aprovação do auxílio emergencial de R$ 600.

“Esse é ato é por R$ 600, contra a fome, contra a miséria, contra a pobreza e para que o Congresso Nacional encaminhe pautas que interessam ao povo”, disse o presidente da Contag.

Matheus Alves/MST

Além do MST e da Contag, participaram do ato também representantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), União Nacional dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e entidades representativas de trabalhadores do setor público e privado, como a Confederação Nacional dos Eletricitários (CNE), Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos (Fentect-CUT) e Confederação Nacional dos Trabalhadores em Comércio e Serviços (Contracs-CUT).

Parlamentares também participaram. A presidente do PT, deputada Federal Gleisi Hoffmann, considerou fundamental a luta das centrais e movimentos sociais para que o povo brasileiro ‘saia da miséria’.

“Vamos mostrar que não concordamos com a destruição do Brasil e com a crise que o povo brasileiro passa. É fundamental lutarmos para que o povo saia da miséria, a fome não cresça e para defendermos a vida com a vacina”, disse Gleisi.

Assim como Sérgio Nobre, presidente da CUT, presidentes das centrais sindicais também defenderam a importância de denunciar à sociedade e mostrar ao parlamento o projeto de destruição do Brasil, capitaneado por Bolsonaro e que tem relegado o povo brasileiro à própria sorte.

 Edição: Marize Muniz