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Ato virtual em apoio à greve dos Correios reforça luta de toda a classe trabalhadora

Representantes de centrais sindicais, parlamentares e trabalhadores dos Correios participaram de uma live na tarde desta quinta-feira (27) destacando a mobilização da categoria contra a retirada de direitos

Publicado: 27 Agosto, 2020 - 19h36

Escrito por: Andre Accarini

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A CUT e centrais sindicais participaram de um ato virtual, na tarde desta quinta-feira (27), em apoio à greve dos trabalhadores e trabalhadoras dos Correios, iniciada no dia 17, cujo principal objetivo é a manutenção dos direitos da categoria. A direção dos Correios, sob o comando do general Floriano Peixoto, retirou 70 cláusulas do acordo coletivo anterior, sob a alegação de que são privilégios e não direitos ou benefícios.

A greve com reação dos trabalhadores ao ataque aos direitos é uma forma de dizer a todos que é possível enfrentar a política de desmonte e de Estado mínimo pelo governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL). A afirmação é do presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores (Fentect-CUT), José Rivaldo Silva.

Durante o ato virtual ele também informou que a Federação participou de uma reunião com o ministro Luís Felipe Salomão, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), em que foi apresentada uma proposta que será levada aos trabalhadores em assembleias.

“Ainda assim estamos dizendo aos trabalhadores para se manterem firmes contra a retirada de direitos, capitaneada por Floriano Peixoto”, disse o dirigente.

Para ele, é importante o fortalecimento dos trabalhadores “para enfrentar esse governo fascista”. José Rivaldo alertou que “hoje é com os Correios, amanhã, serão bancários, petroleiros, trabalhadores da iniciativa privada os próximos a serem atacados” e que, por isso é importante resistir.

A presidenta do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Distrito Federal e em torno (SINTECT/DF) e Secretária de Mulheres da Fentect-CUT, Amanda Corcino, inciou o “caminhão virtual” destacou a importância do apoio de outras categorias e fez um relato sobre a greve.

 “Estamos há 10 dias em greve contra a retirada de direitos históricos conquistados e um ataque que pode reduzir a remuneração em até 45%, o vale alimentação e cláusulas que não têm impacto financeiro como o direito à amamentação”, disse.

Durante a pandemia, o trabalho dos Correios foi considerado essencial, portanto, com trabalhadores despenhando suas funções de forma presencial. Amanda denunciou a falta de segurança para os funcionários, já que as medidas adotadas foram ineficazes e ocasionaram a morte de pelo menos 100 trabalhadores dos Correios, em decorrência da Covid-19.

“Trabalhadores foram responsáveis pela entrega de testes e respiradores, além de material para pesquisa sobre vacinas. Infelizmente muitos contraíram e temos 100 óbitos”, denuncia.

A dirigente ainda reforçou que a luta dos trabalhadores é contra a privatização da empresa, que tem 357 anos de história e a estratégia da direção é de desmonte para retirar o direito dos brasileiros de terem acessos a serviços postais.

 

Luta de todos

A luta dos trabalhadores dos Correios representa a luta de toda a classe trabalhadora e é referência de resistência no momento pelo qual passa o país. Dirigentes de centrais sindicais e parlamentares reafirmaram que a greve é uma forma de mostrar ao governo de Bolsonaro que os trabalhadores de todas as categorias não vão aceitar menos direitos

O Presidente da CUT, Sérgio Nobre, lamentou o tratamento dado aos Correios pelo governo federal, em especial neste momento.

“Vivemos uma pandemia que essa semana deve ceifar a vida de mais 120 mil pessoas e os Correios têm sido uma empresa exemplar, porque tem chegado com alimentos, materiais de higiene em todos os cantos do país, coisa que nenhuma empresa privada faria. Os Correios são uma empresa estratégica para o Brasil ”, afirmou o presidente da CUT.

Sergio Nobre ainda lamentou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) que não reconheceu a legitimidade do acordo coletivo da categoria, construído no ano passado, com mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e que teria validade até 2021.

“Não era para os trabalhadores estarem em greve se prevalecesse o acordo firmado no ano passado no TST. O Supremo  sem consultar ninguém concedeu liminar dizendo que o acordo vale um ano só”, criticou.

Nesse contexto, ele afirmou, “vêm o militar [General Floriano Peixoto], que nada entende de Correios querendo tirar direitos em plena campanha salarial. Nunca vi nada parecido com isso”, completou o presidente da CUT.

Sérgio também afirmou que não é verdade o argumento usado por Bolsonaro, pelo ministro da Economia, o banqueiro, Paulo Guedes e pelo General Floriano Peixoto, presidente dos Correios, de que a empresa não é eficiente e dá prejuízo.

O presidente da Central de Trabalhadores do Brasil (CTB), Vagner Gomes, também abordou a sanha privatista do governo de Bolsonaro, que quer entregar empresas estratégicas para o desenvolvimento do Brasil.

“Alguém compra empresa que dá prejuízo? ”, questionou o dirigente, afirmando que é falsa a alegação da direção sobre ser uma empresa deficitária.

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, reforçou que o que estão tentando fazer com os Correios é algo que vão tentar depois em outras empresas públicas e outras categorias

Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), destacou que os Correios têm um dos níveis mais altos de confiança pela população e a empresa é valorizada pelos próprios trabalhadores que “militam na instituição”, se referindo a o orgulho dos trabalhadores por fazerem parte dos Correios. “São guerreiros”, afirmou o dirigente.

 

Greve tem apoio de parlamentares

O senador Paulo Rocha (PT-PA), afirmou que a luta dos trabalhadores dos Correios, que poderia ser entendida como específica da categoria, na verdade, se mostra como uma luta da classe trabalhadora, como um todo.

“Tanto é verdade que todas as centrais se uniram em torno dessa luta que é estratégica nesse momento do país, em que estamos perdendo direitos por causa desse governo autoritário a serviço dos interesses internacionais.

O senador também reforçou que os parlamentares de oposição estão atuando no Congresso em favor da luta e dos direitos dos trabalhadores e anunciou que que está mediando com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM/AP) , uma reunião entre os representantes das federações de trabalhadores dos Correios e centrais sindicais para tratar da luta da categoria.

O deputado federal Vicentinho (PT-SP), em nome da bancada do Partido na Câmara, também declarou apoio à greve e anunciou a tramitação de um Projeto de Lei de sua autoria (PL 3866/2020), em caráter emergencial.

De acordo com o parlamentar, o texto do PL determina que todas as categorias consideradas essenciais com data base vencendo ou vencidas durante a pandemia terão mantidos os seus acordos em vigência e todas as cláusulas deverão ser mantidas. Além disse a as negociações deverão ser feitas 45 dias após a pandemia.

Em referência ao comando dos Correios, pelo General Floriano Peixoto, Vicentinho ainda disse que “as Forças Armadas deveriam proteger a soberania nacional e não entregar os Correios a grupos estrangeiros”.

Já o senador Fabiano Contarato (Rede Sustentabilidade/ES) destacou a ação estratégia e social da empresa nos municípios mais pobres, “onde nenhuma empresa privada que chegar”, se referindo à importância de os Correios permanecerem como empresa pública.

A deputada Érica Kokay, (PT/DF)  também destacou a luta contra a privatização. “Se houver a privatização, esses municípios deixarão de ser atendidos”.  Ela lembra que são os Correios que levam vacinas, medicamentos, livros didáticos e outros benefícios aos locais mais distantes, que a iniciativa privada não atenderia.

 

Manifesto

Ao final do ato virtual, o mediador Fausto Augusto Junior, diretor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), leu um manifesto assinado pelas centrais sindicais em apoio ao movimento. 

Manifesto sobre a greve dos Correios - Leia aqui