Escrito por: Rosely Rocha, especial para Portal CUT
Trabalhadores e trabalhadoras protestam contra a privatização da empresa, contra a precarização dos serviços públicos e a negativa do governo em negociar o acordo coletivo da categoria
Está sendo realizado nesta segunda-feira (16) o Dia Nacional de Luta contra a Privatização do Sistema Eletrobras, que vem sendo sucateado pelo golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) para atrair compradores que só se interessam por altos lucros e não pela prestação de um serviço de qualidade à população.
O Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo (Sinergia) denuncia que o sucateamento começou com milhares de demissões, em julho passado, quando a Eletrobras anunciou um corte de metade do seu quadro. E em apenas um ano e meio, a empresa já implementou dois programas de demissões incentivadas. Mais de seis mil trabalhadores e trabalhadoras foram demitidos nos últimos 18 meses.
“Com menos trabalhadores, tanto a manutenção quanto a troca de equipamentos no tempo certo são prejudicadas e quem paga por tudo é o consumidor”, diz Carlos Alberto Alves, presidente do Sinergia Campinas e coordenador do Dia Nacional de Luta no estado de São Paulo.
Para o dirigente, a base do governo se equivoca ao dizer que vai ter apagão se não privatizar. “Vai ter apagão com a privatização porque o governo está sucateando a empresa e isso começou nos últimos anos, depois do golpe de 2016”.
O presidente do Sinergia Campinas critica a estratégia do atual governo de enxugar muito sem se preocupar com a perda de conhecimento, do chamado know-how.
“Quem está indo embora são os trabalhadores mais experientes, com 25 /30 anos de empresa. Com salários mais altos, os que têm know-how são os alvos principais das demissões”, diz.
Trabalhadores contra a privatização
Para o Sinergia, com a privatização da Eletrobras, as hidrelétricas mais antigas que vendiam energia a preço de custo serão adequadas à vontade do mercado, ou seja, na ampliação do lucro.
Além disso, o governo estuda não renovar as concessões às distribuidoras de energia e reajustar as tarifas antes de privatizar a empresa. Com isso, espera atrair empresários e convencê-los de que seus lucros serão melhores com a cobrança de tarifas muito superiores.
“Isso é extorquir a população”, diz a direção do Sinergia em nota publicada no site do sindicato.
Troca de comando no ministério
A informação de que as ações da Eletrobras desabaram – o prejuízo para a União foi de R$ 2,6 bilhões, em uma semana – após a troca de comando no Ministério das Minas e Energia (saiu Fernando Coelho Filho e entrou Moreira Franco) não surpreendeu o presidente do Sinergia.
“Os investidores estavam prontos para comprar a empresa. Mas Moreira Franco é um homem “fragilizado” por uma série de denúncias. O mercado achou ruim porque ele não reúne condições efetivas pra vender a Eletrobras”, diz Carlos Alberto.
Na avaliação do dirigente, o quadro é pior ainda para o governo porque Moreira Franco não está conseguindo agregar o Congresso Nacional em torno da venda, já que a maioria dos deputados e senadores se posicionou contra a privatização.
“Não vai vender no tempo que o governo queria. E, é por isso também que estamos lutando”, afirma o representante do Sinergia.
Negociação salarial
Em seu Dia Nacional de Luta os trabalhadores também reivindicam que a empresa aceite a pauta de reivindicações da categoria, que tem data base em 1º de Maio.
No entanto, não houve avanços por parte da direção da empresa, que não apresentou nenhuma proposta nas duas reuniões entre as partes. A Eletrobras apenas comunicou que nenhuma reivindicação referente às cláusulas novas foi aceita.
A terceira rodada de negociação está prevista para o próximo dia 24 de abril. A Estatal se comprometeu a apresentar o índice de reajuste salarial e os índices econômicos da PLR referente ao exercício de 2017.
O sistema Eletrobras
A Eletrobras é a maior produtora de energia junto a Itaipu. Atualmente a empresa tem 13 mil funcionários.
BANNERAtos no Brasil
O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), os trabalhadores de Furnas da base do Sinergia CUT e das demais empresas do Sistema Eletrobras marcaram atos em todos os locais de Furnas,Eletronorte e Chesf.