Escrito por: Redação CNTRV
Sindicato conquista bonificação para demitidos e orienta homologações após Grupo Coats Corrente anunciar fim das atividades no estado onde chegou a ter 15 mil funcionários
O Sindicato dos Trabalhadores em Fiação e Tecelagem do Rio Grande do Norte (Sindtextil-RN), entidade filiada à Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário da CUT (CNTRV), tem se dedicado nas últimas semanas a minimizar os graves efeitos causados após o anúncio do fim das atividades no estado do Grupo Coats Corrente, a gigante do ramo têxtil e líder mundial na produção de fio industrial e linhas.
No início de agosto deste ano, a direção da unidade potiguar da Coats Corrente convocou uma reunião para informar a direção do sindicato que, até final daquele mesmo mês, a unidade de Extremoz, a última das três instaladas no estado, seguiria o destino das demais e também encerraria definitivamente suas atividades. Agora, a multinacional tem no Brasil apenas a unidade pioneira, instalada em 1912 no bairro do Ipiranga, em São Paulo.
“A redução de turnos já vinha acontecendo desde o início do ano, com cerca de 600 demissões feitas de forma gradativa desde então. E agora, diante dessa triste notícia e do caráter irrevogável da decisão da empresa, nossa missão passou a ser buscar formas de amenizar o sofrimento dos trabalhadores e de prestar todo tipo de assistência relativa aos trâmites das rescisões”, explicou Celma de Souza, dirigente do Sindtextil-RN.
A dirigente explicou que o principal benefício conquistado pelo sindicato foi a concessão, por parte da empresa, de uma bonificação progressiva para beneficiar os trabalhadores e trabalhadoras de acordo com seu tempo de trabalho. A bonificação para os demitidos ficou assim definida:
Além da conquista das bonificações e assistência trabalhista aos demitidos, Celma de Souza explica que o sindicato também atua para ajudar essa massa de trabalhadores especializados a buscar recolocação no ramo têxtil de Natal, que conta com outros importantes parques industriais. Dentre eles estão unidades da Vicunha, a maior delas, com cerca de 1,8 mil funcionários, da Nortex (cerca de 500), e da Grantex (de 70 a 80 trabalhadores).
Histórico da crise
A multinacional de origem escocesa, que se instalou no Brasil no início do século passado, começou a operar no Rio Grande do Norte há cerca 40 anos com três unidades industriais na região metropolitana de Natal. No auge da atividade no estado do Nordeste, a Coats Corrente chegou a empregar cerca de 15 mil trabalhadores e trabalhadoras.
Segundo Celma de Souza, os primeiros sinais de dificuldades da Coats Corrente no estado foram dados já na primeira década deste século, quando o grupo fechou uma de suas três unidades do estado, a de Borborema. Pouco mais de uma década depois, em 2019, a unidade fechada foi a de Macaíba.
Durante a pandemia, a dirigente lembra que cerca de 1.000 postos de trabalho, diretos e indiretos, foram eliminados.
Em maio de 2022, a multinacional de quase 270 anos de história – foi fundada em 1755, na Escócia –, com operação em cerca de 50 países e empregando 17 mil trabalhadores em seis continentes, anunciou a venda de suas operações no Brasil e na Argentina para um grupo brasileiro. Na América do Sul, o grupo britânico só manteve controle da unidade da Colômbia.
Agora, em 2024, a Coats Corrente anuncia o fim de todas suas atividades no Rio Grande do Norte. No início deste mês de setembro, o prédio que abrigou a unidade de Extremoz contava com poucos trabalhadores, alguns na portaria, um técnico de segurança, e alguns funcionários paulistas que tratam da transferência do maquinário para a unidade do bairro do Ipiranga, em São Paulo.