Escrito por: Rosely Rocha
Desemprego cai de 14,8 para para 12,6%, atigindo 13,5 milhões de pessoas, mas aumenta em 10% os sem carteira. Rendimento dos trabalhadores cai 4% no último trimestre e 11% no ano, mostra pesquisa do IBGE
O índice de desempregados no país caiu de 14,2% para 12,6%, atingindo 13,5 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, mas aumentou em 10% os sem carteira assinada e o rendimento dos trabalhadores caiu 4% no trimestre de julho a setembro de 2021, em relação ao trimestre de abril a junho de 2021.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE e foram divulgados nesta terça-feira (30).
Se for considerada toda a mão de obra subutilizada, falta empregos para 30,7 milhões de brasileiros. Isso sem falar dos informais, trabalhadores sem nenhum direito garantido na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
De acordo com o IBGE, a taxa de informalidade teve um novo aumento. Foi de 40% no trimestre anterior para 40,6% da população ocupada, ou 38 milhões de trabalhadores informais. No mesmo trimestre de 2020 foi de 38,0%.
A técnica do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Adriana Marcolino, ressalta que a economia começa a rodar depois do isolamento social, mas essa retomada é baseada no emprego precário e de subutilização do mercado de trabalho.
“É o mesmo movimento do último dado de mercado de trabalho do IBGE. Está caindo desemprego e subutilização, mas está ampliando as formas de controle de contratos precários”, diz Adriana.
Os números da pesquisa mostram isso. A contratação sem carteira assinada, por exemplo, aumentou 10,2%, (1,1 milhão de pessoas) em relação ao trimestre anterior, e 23,1% (2,2 milhões de pessoas) em relação a igual trimestre de 2020. Hoje não tem carteira assinada no setor privado 11,7 milhões de pessoas.
Já os empregos com carteira assinada somam 33,5 milhões de pessoas, um aumento de apenas 4,4% (+ 1,4 milhão), frente ao trimestre anterior, e de 8,6% (mais 2,7 milhões de pessoas) frente a 2020.
O rendimento médio também caiu, de R$ 2.562 para R$ 2.459 (menos 4,4%). No ano, o acumulado das perdas é ainda maior, chegando a 11,1%, já descontada a inflação do período. Em 2020, o rendimento médio chegava a R$ 2.766.
O número de trabalhadores domésticos (5,4 milhões de pessoas) aumentou 9,2% no confronto com o trimestre de abril a junho e 21,3% frente a igual período de 2020.
Subutilizados e precariedade
A pesquisa do IBGE mostra ainda que a taxa composta de subutilização (26,5%) caiu 2,0%, em relação ao mesmo período (28,5%) e 3,9% , ante ao mesmo trimestre de 2020 (30,4%).
A população subutilizada (30,7 milhões de pessoas) diminuiu 5,7% (menos 1,9 milhão de pessoas) frente ao trimestre anterior (32,6 milhões de pessoas) e 8,9 %. (menos 3,0 milhões de pessoas) no confronto com igual trimestre de 2020 (33,7 milhões de pessoas subutilizadas).
A população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas (7,8 milhões de pessoas) apresentou estabilidade em relação ao trimestre anterior (7,7 milhões de pessoas) e crescimento em relação ao ano anterior (6,3 milhões de pessoas).
“Quando a gente olha o número de subutilizados no mercado houve um recuo, mas dentro dele se mantêm aquelas condições de insuficiências de horas, de subocupados. Ou seja, os empregos precários não estão recuando, se mantêm”, diz.
Nível de ocupação, desalento e população fora da força de trabalho
O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi estimado em 54,1%, subindo 2,0 % frente ao trimestre de abril a junho de 2021 (52,1%) e de 5,1 pontos percentuais frente ao mesmo período do ano anterior (49,0%).
A população fora da força de trabalho (65,5 milhões de pessoas) recuou 2,7% (menos 1,8 milhão de pessoas) ante o trimestre anterior e caiu 9,4% no ano (menos 6,8 milhões de pessoas).
A população desalentada (5,1 milhões de pessoas) teve redução de 6,5% (menos 360 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e de 12,4% frente a igual período de 2020 (5,9 milhões de pessoas).
“O projeto de desenvolvimento deve ter como tema central, a justiça social. Não adianta crescer, sem projeto e sem distribuição de renda. Por isso, além de outras medidas, os empregos precisam ser de qualidade, com direitos e salários dignos”, afirma Adriana, ao analisar os dados do IBGE.
Para o próximo trimestre, com as festas de final de ano deve haver uma contratação grande de serviços. Isso, diz a técnica do Dieese, possivelmente vai ter um impacto positivo na geração de empregos, mas em geral são empregos temporários, sem carteira assinada que não garantem uma condição de dignidade para os trabalhadores.