BA: Petroleiros realizam ato contra ameaça de demissões e transferência
Manifestação foi em frente ao Torre Pituba, onde funciona a administração da Petrobras na capital baiana. À tarde, às 16h30, acontece uma assembleia com os trabalhadores do Torre Pituba, no Hotel Fiesta
Publicado: 16 Setembro, 2019 - 12h55 | Última modificação: 16 Setembro, 2019 - 13h12
Escrito por: Carol Athayde, Sindipetro-BA
Petroleiros realizaram na manhã dessa segunda-feira (16), um ato contra a saída da Petrobras da Bahia, demissões e transferência de trabalhadores e trabalhadoras para outros estados e em defesa do fundo de pensão da categoria, o Petros. A manifestação foi em frente ao edifício Torre Pituba (Ediba), onde funciona a administração da estatal na capital baiana. À tarde, às 16h30, acontece uma assembleia com os trabalhadores do Torre Pituba, no Hotel Fiesta.
A estatal anunciou na semana passada a demissão de 2,5 mil terceirizados e a transferência para outros estados de 1,5 efetivos que trabalham na Torre Pituba, a partir de novembro, além da rescisão do contrato de locação do edifício, onde funciona a administração da Petrobras na Bahia. A empresa pretende desfazer um contrato de 30 anos de aluguel do prédio firmado com a Petros, proprietária do edifício que tem 22 andares. Se a medida for concretizada, o fundo de pensão dos petroleiros perderá os R$ 6,8 milhões de aluguel mensais pagos pela estatal.
Os dirigentes do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA) alertam que a desocupação do Edifício Torre Pituba está sendo realizada de forma unilateral pela Petrobrás e o problema para a Petros é enorme já que o fundo de pensão da categoria petroleira é o proprietário do imóvel e o contrato de aluguel com a Petrobras, que vence em 2045, prevê o retorno integral do investimento que o fundo fez na construção do prédio, que foi de cerca de R$ 1 bilhão.
Desinformação
Os trabalhadores se queixam ainda de falta de informação e clareza por parte da alta gestão da Petrobras quanto a situação dos efetivos que podem ser transferidos para outros estados. A notícia dada pela própria gerência em reuniões no Torre Pituba é de que não há lugar para todos nas unidades da empresa nos outros estados.
Na sexta-feira (13), a Petrobrás abriu um novo Plano de Demissão Voluntária (PDV) específico para os trabalhadores lotados nas unidades que estão à venda ou serão fechadas. A intenção da Companhia é desmobilizar cerca de 70% desses trabalhadores, a maioria sem tempo de contribuição para se aposentar.
A estatal está oferecendo três opções para esses trabalhadores: o PDV (com incentivo); PDA, que é o Plano de Demissão Acordada, baseado nas regras da nova reforma trabalhista, com direitos reduzidos (para o PDA, devem ser chamados trabalhadores que a estatal não tem mais interesse) e a transferência.
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e o Sindipetro BA souberam por meio de uma fonte da alta cúpula da gestão da Petrobras que as pessoas que estão sendo transferidas para outros estados não terão nenhuma garantia de permanecer no emprego. Cada área, em cada unidade - aquisição de serviços, setores tributário, financeiro de gestão de pessoas etc - terá uma limitação de pessoal.
“Caso haja transferência de um maior número de pessoas do que, pela visão da empresa, comporte em um determinado setor, a orientação é clara: o excedente de pessoal será demitido”, denuncia o diretor da FUP, Deyvid Bacelar. Segundo ele a ordem foi dada aos gerentes executivos pelo alto corpo de gestão da empresa e pelo Conselho de Administração.
“A Petrobrás não está levando em conta nem o transtorno dos trabalhadores, que vão mudar de cidade, muitos deixando família, amigos e casa em Salvador. Esse trabalhador não terá nenhuma garantia e pode ser surpreendido com a demissão sumária”, lamenta o coordenador do Sindipetro, Jairo Batista.
Apesar de a Petrobras ter emitido nota negando as demissões, na prática, internamente, a estatal vem confirmando as denúncias feitas pelo Sindipetro Bahia.
“Até o momento as notas de esclarecimento da Petrobras não merecem crédito, pois diz uma coisa para a imprensa e outra para seus funcionários, confundindo a mídia e a opinião pública”, afirma o Diretor de Comunicação do Sindipetro, Radiovaldo Costa.