BA: Trabalhadores e trabalhadoras da Brilux entram em greve nesta segunda (25)
Empresa cresceu, implantou mais duas unidades no país, mas mudou as regras de pagamento de participação nos lucros e não quer pagar valor algum este ano
Publicado: 25 Fevereiro, 2019 - 14h39 | Última modificação: 25 Fevereiro, 2019 - 16h05
Escrito por: Érica Aragão
Mais de 200 trabalhadores e trabalhadoras do grupo Raymundo da Fonte, mais conhecida como Brilux, na Bahia, amanheceram nesta segunda-feira (25) de braços cruzados e prometem só voltar ao trabalho depois que a empresa fizer uma proposta de Programa de Participação dos Resultados (PPR) justa para todos e todas.
A Participação nos Lucros e Resultados (PLR), conhecida como PPR na Brilux, é um direito garantido pela Lei 10.101, que determina que trabalhadores, sindicatos e empresas construam um acordo estabelecendo as regras e critérios para remuneração.
Na Brilux, as regras foram alteradas pela empresa no ano passado e o novo programa foi aceito e assinado por sindicatos de outras plantas da empresa, como dos da matriz em Pernambuco, em Belém, no Pará, e no Rio de Janeiro. Os baianos não concordaram e não assinaram o acordo, que vem sendo discutido deste o começo do segundo semestre de 2018.
“Nós identificamos que como a meta estava desenhada seria impossível receber alguma coisa. Nós não assinamos o acordo e pedimos mudança no programa para que o trabalhador pudesse disputar de forma justa”, explicou o coordenador de Comunicação do Sindquímica Bahia, Iglesias Caballero, que está na frente da fábrica acompanhando a paralisação.
Segundo ele, a empresa, que nesta unidade produz água sanitária, cresceu economicamente, implantou mais duas unidades no país e aumentou o portfólio de produtos, mas para justificar o não pagamento, dizem que foi estipulada uma regra e pela regra os trabalhadores não têm direito.
“O problema é que a Bahia não assinou o acordo e então não tinha regra, não tinha programa, não tinha acerto e nem acordo, mas a empresa não se dispôs a negociar um plano diferenciado, pagar o que os trabalhadores, em tese, teriam direito e por isso estamos aqui em greve”, contou Iglesias.
Para o secretário de Finanças da CUT Bahia, Alfredo Santos Júnior, a Brilux agiu de forma intransigente e unilateral, e decidiu criar um modelo de remuneração com critérios completamente deslocados da realidade.
“A decisão unilateral da empresa para mudar os critérios de remuneração do PPR sem construir um acordo com a categoria é reflexo da conjuntura nacional e da postura patronal de total desrespeito aos sindicatos e de aumento da exploração da mais valia dos trabalhadores”, afirma Alfredo.
Movimento grevista
De acordo com do Iglesias, o Sindquimíca junto com os trabalhadores e trabalhadoras vão manter a mobilização na porta da Brilux até que o conselho ou a direção da empresa ofereça uma proposta de acordo e pague o PPR justo para todos e todas.
“Enquanto isso não acontece, vamos permanecer parados com a bandeira hasteada”, finalizou Iglesias.
O movimento grevista vem sofrendo pressão da polícia e dos patrões. O sindicato, que é filiado a CUT, está garantindo estrutura mínima para os trabalhadores e trabalhadoras em greve, como lanche, café, água e refeição.
“A CUT está junto nessa luta em defesa dos direitos trabalhistas e exigindo que a Brilux remunere os trabalhadores de forma adequada e condizente com o crescimento econômico que a empresa vem experimentando. Não permitiremos retirar os direitos da classe trabalhadora”, concluiu o secretário de Finanças da CUT Bahia, Alfredo Santos Júnior.