Escrito por: André Accarini
Iniciativa tem como objetivo uma maior aproximação com população, seja nos centros comerciais ou nos bairros, para dialogar sobre o futuro do Brasil e o que é preciso para sairmos da atual crise
Por todo o país, sindicatos, federações e confederações filiados à CUT estão formando Comitês de Luta em Defesa da Classe Trabalhadora, pela Vida e Democracia. A criação dos comitês, cujo objetivo é dialogar com os trabalhadores e as trabalhadoras sobre a causa dos problemas enfrentados pela maioria dos brasileiros e o que é preciso fazer para reconstruir o país, é cada vez maior e a cada dia novos grupos são formados.
No estado São Paulo, o Sindicato dos Bancários do ABC é mais um exemplo dessa mobilização nacional para reconstruir o país e devolver dignidade à população com emprego decente, direitos, combate à inflação e à fome.
Os bancários do ABC Paulista criaram o primeiro Comitê de Luta itinerante para poder atuar em todas as cidades da região: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
O calendário do Comitê itinerante já está definido e começará, na próxima semana, pelos centros comerciais das cidades, uma por dia, de acordo com o presidente do sindicato, Gheorge Vitti. “Depois, as tendas, o carro de som e toda a estrutura organizada para o Comitê, passará pelos bairros das sete cidades”, acrescenta o dirigente.
“Pensamos em percorrer as sete cidades da região não fincando só nas regiões de centro, mas indo às periferias para aproximar o Comitê ainda mais da população”, explica Gheorge.
Além do diálogo de conscientização com os trabalhadores, o sindicato está colhendo assinaturas para um abaixo-assinado em defesa de empresas públicas, entre elas os bancos como a Caixa e o Banco do Brasil e outras empresas estratégicas como a Petrobras, os Correios, a Eletrobras.
“Essas empresas são fundamentais para o desenvolvimento, para a economia e a para políticas sociais no Brasil”, diz o presidente do Sindicato dos Bancários do ABC.
Ele explica que os bancos públicos tiveram papel decisivo durante a pandemia, viabilizando programas sociais. Já Petrobras, diz, “é uma estatal que deve estar sob o total controle do Estado e com uma política diferente da atual que tem feito os preços dos combustíveis chegarem a níveis nunca vistos, penalizando a classe trabalhadora que sente os efeitos dos aumentos não só na gasolina diesel e gás de cozinha, mas também em todos os outros preços de produtos”.
Gheorge Vitti se refere a Preços Internacional da Petrobras (PPI), criada no governo do ilegitimo Michel Temer (MDB) e mantida pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). A PPI atrela o preço do barril de petróleo a cotação do dólar. Por causa dos reajustes de combustíveis determinados pela Petrobras, em 12 meses – de abril do ano passado, portanto, antes da guerra da Rússia congra a Ucrânia, a abril deste ano - a gasolina subiu 30,12%, o diesel 52,53%, o etanol subiu 30,55%, o gás de cozinha 32,45%.
Receptividade
Os brasileiros estão cada vez mais conscientes sobre a realidade que vivem e sabem que a culpa é do governo Bolsonaro, que com seu ministro da Economia, Paulo Guedes, implantou uma política econômica que não prioriza a classe trabalhador a nem o povo mais pobre do país. O resultado é desemprego e inflação recordes, a retirada de direitos e a democracia na corda bamba.
“Temos tido experiências com panfletagens e outras atividades que nos mostra que o povo está mais acordado agora sobre o país. As pessoas estão vendo que quando vão no mercado o preço está alto, quando vai se locomover, seja no carro, seja no transporte público, também está mais caro”, diz o presidente do Sindicato dos Bancários do ABC.
As pessoas começaram a entender que o golpe contra Dilma foi um grande engodo e a eleição de Bolsonaro foi um retrocesso que aprofundou a crise no país- Gheorge VittiPor isso, ele diz, a tarefa de lutar é de todos e todas. E, para isso, os movimentos sociais participarão do Comitê Itinerante do sindicato. “A gente vai contar com movimentos sociais de cada local, valorizando, inclusive, esses atores, ou seja, o movimento artístico e cultural, os militantes, os ativistas de direitos sociais e direitos humanos, enfim todos movimentos de cada região”.
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Solidariedade
Os Comitês em Defesa da Vida, formados pela CUT têm caráter solidário. O Comitê Itinerante não será diferente. “A ideia é sempre aproveitar essas iniciativas para continuar fazendo as campanhas solidárias. Muita gente ainda passa fome no Brasil, revirando lixo, pedindo comida nos faróis, portanto, toda iniciativa que a gente possa trazer algum nível de esperança pra continuar lutando, com comida no prato, é importante”, diz Ghoerge Vitti.
O dirigente reforça que a luta que está sendo travada para reconstruir o Brasil é de cada brasileiros e cada brasileira. “Pode ser na garagem, em casa, até mesmo virtual. O importante é se engajar nessa batalha com a percepção do lado da história que estamos vivendo”, ele diz se referindo, entre outras coisas à consciência de cada trabalhador e uma vítima da política nefasta de Bolsonaro.