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Bancários do BB ampliam resistência contra desmonte e ameaça de privatização

Trabalhadores do banco público fazem protestos presenciais e virtuais contra “plano de restruturação” que prevê demissões e fechamento de agências. Nova greve não está descartada

Publicado: 12 Fevereiro, 2021 - 12h05

Escrito por: Tiago Pereira, da RBA

Reprodução
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Após a greve de 24 horas na última quarta-feira (10), que paralisou agências por todo o país, a direção do Banco do Brasil se recusa a negociar o chamado “plano de restruturação”. No mesmo dia, o Comando Nacional dos Bancários se reuniu com a direção do banco, que se manteve irredutível ao não rever o fim do comissionamento de função dos caixas e nem o abono dos dias de paralisação. Diante do impasse, os trabalhadores devem reforçar as mobilizações contrárias ao fechamento de agências e a retirada de direitos.

Nesta sexta-feira (12), eles realizaram um protesto em frente ao shopping Cidade de São Paulo, na Avenida Paulista, um dos centros financeiros da capital. Os bancários alertaram a população sobre os riscos do desmonte das empresas públicas promovido pelo governo Bolsonaro.

“O objetivo de um banco público deve ser o desenvolvimento do país. Mas com o governo federal que temos, retomamos a política econômica da década de 1990”, afirmou o bancário Felipe Garcez, um dos dirigentes do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região que participaram da manifestação.

Segundo Garcez, a intenção do governo é enfraquecer e preparar a privatização de empresas estatais, como a Petrobrás, a Caixa Econômica Federal e o próprio Banco do Brasil. “Durante a campanha, o hoje ministro Paulo Guedes deixou claro para todo mundo quando perguntado qual o seu programa. Na época, disse que faria o mesmo que o governo Temer vinha fazendo, só que mais rápido”, acrescentou.

O “plano” para o Banco do Brasil

O “plano de estruturação”, que os funcionários chamam de desmonte, foi anunciado em janeiro e começou a valer na última quarta-feira (10). Prevê a demissão voluntária de 5 mil funcionários e o fechamento de 112 agências, 242 postos de atendimento e sete escritórios.

Além de colaborar para a alta do desemprego, o fechamento das agências vai precarizar o atendimento aos clientes. A direção sequer informou os locais onde as agências serão fechadas. O principal temor é o risco de “desbancarização” em pequenos municípios, que muitas vezes contam apenas com agências dos bancos públicos.

Reação

Diante da recusa da direção em buscar um acordo, as organizações sindicais devem ampliar a ofensiva jurídica, com ações contra as desgratificações e o fechamento das agências. Além disso, também devem intensificar contatos com parlamentares, para que pressionem o governo a negociar. Ademais, os trabalhadores também não descartam a realização de novas paralisações. Concomitantemente, vão continuar com campanhas virtuais de conscientização, promovendo novos “tuitaços” para denunciar a chamada restruturação.

A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, destaca que o BB tem registrado lucros bilionários, mesmo durante a pandemia. Portanto, não faz sentido cortar postos de trabalhos e reduzir direitos dos funcionários. Segundo ela, o governo Bolsonaro “joga contra o trabalhador e a população como um todo”.

“Em plena pandemia, a direção do BB, sob ordens do governo Bolsonaro, quer reduzir postos de trabalho, locais de atendimento, cortar gratificações. Ações que prejudicam a todos: bancários, que estarão ainda mais sobrecarregados e terão a remuneração reduzida, e também a população, que terá o atendimento precarizado, lembrando que muitos municípios e regiões periféricas dos grandes centros contam somente com agências da Caixa e do Banco do Brasil, uma vez que os bancos privados não possuem interesse em atuar nestes locais”, aponta.