Escrito por: Tiago Pereira, da RBA
Trabalhadores do banco público fazem protestos presenciais e virtuais contra “plano de restruturação” que prevê demissões e fechamento de agências. Nova greve não está descartada
Após a greve de 24 horas na última quarta-feira (10), que paralisou agências por todo o país, a direção do Banco do Brasil se recusa a negociar o chamado “plano de restruturação”. No mesmo dia, o Comando Nacional dos Bancários se reuniu com a direção do banco, que se manteve irredutível ao não rever o fim do comissionamento de função dos caixas e nem o abono dos dias de paralisação. Diante do impasse, os trabalhadores devem reforçar as mobilizações contrárias ao fechamento de agências e a retirada de direitos.
Nesta sexta-feira (12), eles realizaram um protesto em frente ao shopping Cidade de São Paulo, na Avenida Paulista, um dos centros financeiros da capital. Os bancários alertaram a população sobre os riscos do desmonte das empresas públicas promovido pelo governo Bolsonaro.
“O objetivo de um banco público deve ser o desenvolvimento do país. Mas com o governo federal que temos, retomamos a política econômica da década de 1990”, afirmou o bancário Felipe Garcez, um dos dirigentes do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região que participaram da manifestação.
Segundo Garcez, a intenção do governo é enfraquecer e preparar a privatização de empresas estatais, como a Petrobrás, a Caixa Econômica Federal e o próprio Banco do Brasil. “Durante a campanha, o hoje ministro Paulo Guedes deixou claro para todo mundo quando perguntado qual o seu programa. Na época, disse que faria o mesmo que o governo Temer vinha fazendo, só que mais rápido”, acrescentou.
O “plano de estruturação”, que os funcionários chamam de desmonte, foi anunciado em janeiro e começou a valer na última quarta-feira (10). Prevê a demissão voluntária de 5 mil funcionários e o fechamento de 112 agências, 242 postos de atendimento e sete escritórios.
Além de colaborar para a alta do desemprego, o fechamento das agências vai precarizar o atendimento aos clientes. A direção sequer informou os locais onde as agências serão fechadas. O principal temor é o risco de “desbancarização” em pequenos municípios, que muitas vezes contam apenas com agências dos bancos públicos.
Diante da recusa da direção em buscar um acordo, as organizações sindicais devem ampliar a ofensiva jurídica, com ações contra as desgratificações e o fechamento das agências. Além disso, também devem intensificar contatos com parlamentares, para que pressionem o governo a negociar. Ademais, os trabalhadores também não descartam a realização de novas paralisações. Concomitantemente, vão continuar com campanhas virtuais de conscientização, promovendo novos “tuitaços” para denunciar a chamada restruturação.
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, destaca que o BB tem registrado lucros bilionários, mesmo durante a pandemia. Portanto, não faz sentido cortar postos de trabalhos e reduzir direitos dos funcionários. Segundo ela, o governo Bolsonaro “joga contra o trabalhador e a população como um todo”.
“Em plena pandemia, a direção do BB, sob ordens do governo Bolsonaro, quer reduzir postos de trabalho, locais de atendimento, cortar gratificações. Ações que prejudicam a todos: bancários, que estarão ainda mais sobrecarregados e terão a remuneração reduzida, e também a população, que terá o atendimento precarizado, lembrando que muitos municípios e regiões periféricas dos grandes centros contam somente com agências da Caixa e do Banco do Brasil, uma vez que os bancos privados não possuem interesse em atuar nestes locais”, aponta.