Escrito por: Luciana Waclawovsky, especial para Portal CUT

Bancários realizam mobilização nacional contra retirada de direitos

Trabalhadores reivindicam que Fenaban, entidade que representa os bancos, assine, na mesa de negociação de quinta 12, pré-acordo garantindo validade da Convenção Coletiva após 31 de agosto

Contraf-CUT

Com direitos em riscos, bancários e bancárias de todo o Brasil realizam, desde as primeiras horas da manhã desta quarta-feira (11), atos em agências e centros administrativos de todo o país para pressionar a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) a assinar o pré-acordo de manutenção dos direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCV), a chamada ultratividade, até o fechamento de um novo acordo da categoria. A próxima rodada de negociação está marcada para a quinta-feira (12).

Na primeira rodada deste ano, ocorrida em 28 de junho, pela primeira vez o pré-acordo não foi assinado. Em anos anteriores, a assinatura sempre ocorria no início da negociação. Sem esse pré-acordo, a CCT e todos os direitos previstos nela, como vales refeição e alimentação, auxílio-creche, plano de saúde ou contratação com salários abaixo do piso, podem ser suspensos após 31 de agosto, uma vez que a nova legislação trabalhista extinguiu a ultratividade prevista em lei, princípio que garantia a validade de um acordo coletivo até a assinatura de outro. A data-base da categoria é 1º de setembro.

Para a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira, a categoria está disposta a negociar.

Seeb-SP

“Esperamos que os bancos demonstrem disposição para debater com seriedade a pauta dos bancários na rodada agendada para amanhã”, reforçou a dirigente.

“Queremos sair da mesa do dia 12 com um calendário de negociações, a exemplo do que sempre fizemos em anos anteriores. Em 2018, nossa CCT completa 26 anos e é um exemplo de construção baseada num processo democrático, com respeito à representação dos trabalhadores e dos bancos. E assim queremos que continue sendo.”

A dirigente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Marta Soares, logo nas primeiras horas da manhã, estava em frente ao CAB/Itaú, na Av. Brigadeiro Faria Lima, na capital paulista, para dialogar com a categoria. "Estamos nas ruas conversando com os bancários e bancárias e deixamos bem claro que haverá muita resistência para garantir a manutenção dos direitos que foram incorporados com muita luta ao longo dos anos", disse. 

“Em 2017, os cinco maiores bancos tiveram resultados que ultrapassam R$ 77 bilhões. Esse resultado não é feito nem por máquinas e nem por estruturas, mas sim pelos bancários e bancárias que trabalham para atingir metas”, completou.

Além de São Paulo, os estados de Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio de Janeiro foram às ruas para engrossar a mobilização nacional.

Setor em expansão mesmo em tempos de crise

Os cinco maiores bancos lucraram R$ 77,4 bilhões em 2017, alta de 33,5% num dos piores anos da economia nacional. E 2018 já repete essa trajetória de décadas de crescimento: foram R$ 20,6 bi no primeiro trimestre ou 20,4% mais que o mesmo período do ano anterior.

Ainda assim, os bancos promovem cortes no seu quadro de funcionários: foram extintos 17.905 postos de trabalho em 2017. De janeiro a maio deste ano 2.675 bancários já ficaram sem seus empregos.

*Com informações da Contraf-CUT e Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região