Bancários rejeitam proposta indecente de banqueiros de perda real nos salários

Após doze rodadas de negociação da campanha salarial 2022, os representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) fizeram uma proposta econômica indecente para os bancários. Eles sugeriram reajuste salarial de apenas 65% da inflação da data-base, ou seja, a alta acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de setembro do ano passado a setembro deste ano.

A perda real seria de 2,9%, considerando a última estimativa do Banco Central 8,95% de inflação para a data-base, em 1º de setembro.  

O índice de reajuste, apresentado sem constrangimento pelos banqueiros em reunião nesta sexta-feira (19), com o Comando Nacional dos Bancários, foi imediatamente rejeitado. As discussões continuam na mesa e negociação e a próxima reunião está marcada para segunda-feira (22).

“O setor mais lucrativo do país propõe perda real de 2,9% para seus trabalhadores, um desrespeito com os principais responsáveis pelos seus lucros”, criticou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva, que também é coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.

“A categoria está mobilizada e organizada e não vai aceitar esse índice”, acrescentou a dirigente.

“Entre as propostas absurdas também querem diminuir e congelar a PLR dos trabalhadores”, concluiu Ivone.

Os bancos também propõem o mesmo indicador para reajuste da PLR, para aumentar o lucro dos acionistas.

Lucros dos bancos

Os lucros dos cinco maiores bancos do país (Itaú, Santander, Bradesco, Caixa e BB), no primeiro semestre, somaram R$ 56 bilhões, com alta média de 3,7% em doze meses.

A remuneração per capita anual da Diretoria Executiva dos maiores bancos tem previsão de atingir R$ 8,9 milhões por diretor (a) em 2022, com crescimento de 11,1% em relação a 2021 e 132 vezes maior do que a remuneração anual da função de escriturário (salário, 13º, férias, tickets, PLR).

Em contrapartida, em 2021, os três maiores bancos privados distribuíram em média 6,6% de seus lucros para os trabalhadores, sendo que a distribuição da regra básica está próxima de 5% e da parcela adicional próxima de 1,6%, portanto muito abaixo dos 2,2% previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

Índices

Desde 1997, a PLR do cargo de caixa bancário teve aumento real de 126%. No mesmo período, o crescimento real do lucro dos bancos foi de 359%, 2,85 vezes mais do que o valor da PLR.

De acordo com dados da Economática, os bancos foram o setor econômico com maior lucro líquido entre as empresas de capital aberto (com exceção de Vale e Petrobrás) em 2021, com quase o dobro do lucro do segundo setor econômico mais lucrativo que foi o de energia elétrica.