Escrito por: Redação RBA
Bancos propõem dois anos sem reajuste, só abonos. “Não há possibilidade de acordo”, diz presidenta da confederação dos bancários
Na 11ª rodada de negociação, nesta terça-feira (25), a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) propôs reajuste zero por dois anos, apenas com pagamento de abonos. Além disso, continua tentando reduzir o valor da participação nos lucros ou resultados (PLR) paga aos trabalhadores. O Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta. Foi marcada outra reunião para amanhã, às 14h. Na quinta, a categoria fará novas assembleias. Na noite de hoje, foram realizadas assembleias e plenárias da campanha dos bancários pelo país.
Pela proposta já recusada, os bancos pagariam R$ 1.656,22 de abono neste ano e R$ 2.232,75 no próximo. O Comando lembra que o valor corresponde a apenas metade da inflação, considerando o salário médio do empregado. E, sem ser incorporado, o abono não incide sobre 13º, férias e Previdência. Só sobraria mesmo o desconto no imposto de renda, reduzindo ainda mais a quantia. Os trabalhadores querem reajuste com ganho real (acima da inflação) na data-base (1º de setembro).
“Propor abono sem índice é impor uma perda muito grande nos salários. Não há possibilidade de acordo de dois anos com abono. Ninguém sabe qual será a inflação do ano que vem”, afirmou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “Os bancários se arriscaram muito este ano para receber uma proposta de retirada de direitos”, acrescentou.
De positivo, a Fenaban retirou a proposta de reduzir a gratificação de função. Mas em relação à PLR, “os bancos inventaram mais uma proposta, que é pior que todas as outras”, criticou Juvandia.
Além de manter a redução do percentual da parcela adicional e do “acelerador” da regra básica, agora o setor propõe limitar o gasto ao mesmo percentual distribuído em 2019. Pela nova proposta apresentada hoje pelos bancos, o percentual a ser distribuído cairia de 6,9% (oferta feita no sábado) para 6,2%. Isso traria perda de, em média, 38%, subindo a 47,3% no Bradesco. No Itaú a perda seria de 37,3% e no Santander de 28,1%. “Parece que os bancos imaginam que a gente não sabe fazer conta”, critica a presidenta da Contraf-CUT.
Com essa posição patronal, os sindicatos deverão manter-se em processo de assembleia permanente, afirmam os dirigentes. “Com certeza, nunca negociamos em um cenário como esse e chegamos na mesa com a categoria bem decepcionada As assembleias de quinta-feira serão decisivas.”