Bancos negam relação entre adoecimento e pressão por metas e não apresentam proposta
Os bancos se enquadram entre as empresas com maior risco de acidente de trabalho ou doença ocupacional no Brasil.
Publicado: 15 Agosto, 2022 - 15h08 | Última modificação: 15 Agosto, 2022 - 15h28
Escrito por: Cecília Negrão, SPBancarios | Editado por: Marize Muniz
O Comando Nacional dos Bancários debateu, nesta segunda-feira (15), com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), a relação entre o alto índice de adoecimento na categoria e o estabelecimento de metas, as cobranças abusivas e o assédio e cobrou propostas dos banqueiros para resolver o problema.
Os banqueiros se limitaram a negar o que as pesquisas já comprovaram e não apresentaram nenhuma proposta. Nos últimos cinco anos, o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%, ou seja, entre os bancários a variação foi 1,7 vezes maior.
"Na consulta nacional com a categoria bancária, feita com mais de 35 mil trabalhadores, 77% relataram cansaço, fadiga e preocupação constante em função das metas abusivas; 44% com crises de ansiedade e pânico e 35,5% afirmaram que tomaram medicação controlada nos últimos 12 meses. Os casos de adoecimento entre os bancários viraram epidemia na categoria", destacou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional, que representa a categoria na mesa com a Fenaban.
De acordo com a dirigente, entre 2013 e 2020 a média de afastamentos na categoria bancária foi de mais de 20 mil por ano. "Nos últimos cinco anos o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%, ou seja, entre os bancários a variação foi 1,7 vezes maior do que na média dos outros setores", acrescentou Ivone.
Para fechar a campanha é preciso avançar no combate ao assédio moral. Os trabalhadores estão adoecendo para manter os lucros bilionários dos banqueiros.
Categoria adoecida
A categoria bancária tem peso de menos de 1% no emprego formal no Brasil, mas tem peso de 3% nos afastamentos acidentários (B91).
- Consulta da Campanha Nacional de 2022 da categoria bancária:
77% relatam cansaço, fadiga e preocupação constante
54% relatam desmotivação, vontade de não ir trabalhar, medo de estourar
51% relatam for ou formigamento nos braços, ombros ou mãos
44% crises de ansiedade e pânico
42% dificuldade em dormir
35,5% afirmam que tomaram medicação controlada nos últimos 12 meses
“Até o levantamento apresentado pelos bancos constata maior adoecimento mental e físico dos bancários na comparação com outras categorias. Mas, os bancos insistem que o adoecimento não tem origem na cobrança de metas”, disse a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que é coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.
Precisamos acabar com os geradores do adoecimento que, sabemos, está ligado ao assédio moral e a cobrança abusiva de cumprimento de metas inatingíveis.
Teletrabalho
Além do debate sobre metas, também houve acertos sobre a redação de cláusulas sobre o teletrabalho, que vem avançando desde a reunião passada. A Fenaban analisará as observações feitas pelo Comando Nacional dos Bancários e enviará uma nova proposta sobre o tema já considerando as observações do Comando.
Calendário
A próxima reunião acontece no dia 18/08. A data-base da categoria é dia 1º de setembro.
- Entrega da minuta: 15/06
- Definição de calendário: 22/06
- Emprego e Terceirização: 27/06
- Igualdade de oportunidades: 06/07
- Cláusulas sociais e teletrabalho: 26/07
- Cláusulas sociais e segurança: 28/07
- Saúde e condições de trabalho: 01/08
- Cláusulas Econômicas: 03/08
- Cláusulas Econômicas: 11/08
- Cláusulas Econômicas: 18/08