Escrito por: Andre Accarini
Ato virtual teve participação dos ex-presidentes Lula e Dilma, que falaram sobre os ataques às estatais. Sérgio Nobre, presidente da CUT, reforçou a importância das estatais para o desenvolvimento do país
Diversos atos presenciais e virtuais em defesa das empresas estatais e do serviço público como elementos essenciais para a soberania do Brasil, e contra a política econômica do desgoverno de Jair Bolsonaro (ex-PSL) e de sua equipe econômica, foram realizados neste sábado (3).
O Ato Virtual pela “Soberania Nacional e pela Defesa do Povo Brasileiro”, transmitido pelo Portal CUT e pela TVT teve a presença dos ex-presidentes Lula e de Dilma Rousseff, de lideranças sindicais, movimentos sociais, parlamentares e artistas.
Lula defendeu que “é o Estado que tem que assumir a responsabilidade pelo bem-estar social de seus 210 milhões de brasileiros”.
A Petrobras que completa 67 anos de história nesta data simbolizou a luta por todas as empresas públicas brasileiras, estratégicas para o desenvolvimento do país, como Eletrobras, Caixa Federal e Banco do Brasil, Correios e serviços públicos como saúde, segurança e educação.
Lula ressaltou o papel da Petrobras afirmando ter “orgulho de uma empresa que nasceu por responsabilidade de um povo que teve coragem de dizer que [o Brasil] tinha petróleo”. Afirmou ainda que “a Petrobras é símbolo principal da soberania brasileira”.
O ex-presidente explicou que a soberania do Brasil passa pela manutenção da empresa como indutora de desenvolvimento porque a Petrobras acumulou conhecimento tecnológico que a tornou quarta maior petrolífera do mundo.
“A Petrobras é a maior empresa de prospecção de petróleo em águas profundas do mundo e, por isso, encontramos o pré-sal”, disse Lula completando que a descoberta trouxe investimentos, desenvolvimento e soberania para o país.
Ainda sobre o ataque à soberania brasileira, Lula ressaltou que o Brasil não pode permitir a interferência de nenhum outro país, mas essa soberania corre risco.
“Temos um presidente que lambe-botas do presidente americano, um cara violento, que não respeita direitos humanos, mesmo quando ele fala bobagem contra ao Brasil. O que você pensa da soberania? Que está correndo risco!”, disse Lula.
A ex-presidenta Dilma Rousseff também denunciou a destruição da estatal pelo governo Bolsonaro.
“Desde 2016, quando fui destituída da presidência por meio de um golpe, a Petrobras passou a ser esquartejada e enfraquecida para ser entregue às petrolíferas internacionais”, disse a ex-presidenta.
Como resultado, diz , “a estatal está se tornando uma empresa produtora de óleo bruto, menos rentável e dependente da importação dos produtos finais, a gasolina o diesel, o que eleva os preços aos brasileiros”.
“Esse governo age deliberadamente para desnacionalizar nossas empresas e isso é gritante ataque à soberania”, afirmou Dilma ao conclamar a sociedade brasileira a lutar contra o governo.
Não há outro caminho a não ser tirar Bolsonaro do poder- Dilma RousseffPela manhã houve um abraço simbólico ao prédio sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, organizado pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), além de outras entidades sindicais e movimentos sociais representados pelas Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo.
Fotos: Celso Ramalho
Em outro ato pela manhã, no primeiro poço de perfuração do Brasil, na Bahia, petroleiros cantaram parabéns à Petrobras.
Para falar sobre a defesa das estatais, do serviço público, da soberania e dos direitos do povo brasileiro, o ato virtual abordou diversos temas como trabalho, meio ambiente e educação, entre outros.
O presidente da CUT, Sérgio Nobre, falou sobre as consequências das privatizações para a sociedade brasileira e para o desenvolvimento do Brasil. “Nunca houve na história um momento em que o crescimento não tenha sido impulsionado pelas estatais. A inciativa privada nunca fez investimentos necessários, ao contrário do o Guedes [ministro da Economia] prega”.
O dirigente ainda citou a importância estratégica de empresas como os Correios, que tiveram papel fundamental na entrega de insumos às regiões de mais difícil acesso do Brasil desde o início da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e dos bancos públicos como Caixa Federal e Banco do Brasil que foram fundamentais nesse período para que milhões de trabalhadores tivesse acesso ao auxilio emergencial.
Sérgio explicou que a luta pela soberania é, fundamentalmente, uma luta por empregos e criticou a política de exportar empresas e empregos.
“É uma ameaça de novo. A pandemia deixou claro que foi um erro ter levado empresas para a China como foi feito com o setor de saúde e a oitava econômica do mundo [Brasil], hoje, não consegue produzir camas, álcool gel e nem respiradores”, disse o presidente da CUT.
Além das estatais, Sérgio Nobre ainda destacou a importância dos serviços públicos, que estão sob ataque com a proposta de reforma Administrativa do governo Bolsonaro . “O Brasil não se desenvolve se não tiver estatais e o povo brasileiro não tiver serviço público de qualidade”, disse.
Presenças no ato
Além de Lula e Dilma, a mobilização também conta com a presença dos deputados federais Marcelo Freixo (Psol-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ), do ex-senador Roberto Requião (MDB-PR) e do coordenador do MTST, Guilherme Boulos, além de lideranças sindicais e de movimentos sociais.