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Benedita vai recorrer à Justiça contra a exclusão do seu nome na Fundação Palmares

Nas redes sociais, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) falou da decisão de Sérgio Camargo , presidente da Fundação Palmares. Ela também denunciou os ataques racistas que vem sofrendo na internet

Publicado: 02 Outubro, 2020 - 15h54 | Última modificação: 02 Outubro, 2020 - 18h20

Escrito por: Redação CUT

DIVULGAÇÃO/ASSESSORIA DE IMPRENSA
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Aparelhado pela ideologia racista do governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL), a Fundação Palmares, sob a gestão de Sérgio Camargo, retirou da lista de personalidades negras a deputada federal e candidata à Prefeitura do Rio, Benedita da Silva (PT). A deputada irá recorrer à Justiça contra a decisão.

Não é a primeira vez que Camargo exclui o nome da deputada de lista do site da Fundação Palmares. Em junho deste ano, ele disse que mandou tirar Benedita e Marielle Franco do site por conta do “ícone da esquerda vitimista”.  Na ocasião, a página “Personalidades Negras”, que trazia biografias de cerca de 100 figuras do movimento negro do Brasil e do mundo, deixou de aparecer no site da fundação.

Nesta última decisão, Camargo alegou que a medida foi tomada por Benedita responder a um processo por improbidade administrativa. A deputada respondeu afirmando que o ato de Camargo é "abuso de poder" e que irá à Justiça contra a decisão.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, Benedita além de falar da decisão de Sérgio Camargo, também denunciou os ataques racistas que vem sofrendo, na internet nos últimos dias.

"Hoje ainda fui surpreendida por uma decisão arbitrária do Capitão do Mato que preside, a mando de Bolsonaro, a Fundação Palmares, que deveria preservar a memória e a cultura do povo negro, mas está fazendo o contrário. Depois de excluir Mandela, Zumbi dos Palmares da lista de personalidades negras ele retirou meu nome desta galeria. O que ele fez é ilegal, é abuso de poder", afirmou a deputada.

Em nota divulgada na tarde desta quinta-feira (1º), as secretarias nacionais de Mulheres e de Combate ao Racismo do PT repudiaram a “conduta autoritária” do presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, de retirar da lista de personalidades negras da fundação o nome da deputada federal.

“Benedita é atualmente uma das principais candidatas na disputa eleitoral à prefeitura do Rio de Janeiro, de modo que, este ato – em meio ao processo eleitoral – representa mais uma vez o uso da máquina pública para desgastar a imagem de quem se demonstrou a principal adversária política nesta disputa”, diz um trecho da nota.

Em reação ao vídeo da deputada, Camargo disse que vai à Justiça após ser chamado de "capitão do mato a mando de Bolsonaro".

Deputada tem história na luta antirracista no Brasil

Benedita da Silva foi a primeira mulher negra a ser eleita para o Senado em 1994, ocupando o cargo entre 1995 e 1998, e também a primeira negra vereadora na cidade do Rio de Janeiro, com mandato entre 1983 e 1986. Ela foi vice-governadora do Rio de Janeiro entre 1999 e 2002, e tornou-se governadora em 2002, quando Anthony Garotinho deixou o cargo para disputar a Presidência da República.

Ela foi também foi a relatora da PEC das Domésticas, em 2013, que regularizou os direitos trabalhistas dos empregados domésticos. Além de ser autora do projeto que inscreveu Zumbi dos Palmares no panteão dos heróis nacionais, e autora da proposta que oficializou o 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra, uma homenagem a Zumbi, que morreu nessa data em 1695.

Benedita da Silva cumpre seu terceiro mandato seguido na Câmara dos Deputados, e já havia sido deputada federal entre 1987 e 1995.

Leia a íntegra da nota de Benedita da Silva

Benedita reage ao racismo e à interferência do governo Bolsonaro nas eleições do Rio

A candidata da coligação “É a vez do povo”, Benedita da Silva, tem sofrido nas redes sociais, nos últimos dois dias, ataques orquestrados de robôs, incluindo posts racistas e preconceituosos contra a população das áreas pobres do Rio de Janeiro.

Simultaneamente, a Presidência da República escalou seu mais notório capitão-do-mato, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, para interferir no processo eleitoral do Rio de Janeiro e atacar a candidata. Os capitães-do-mato eram negros serviçais de fazendeiros que capturavam escravos fugitivos antes de 1888.

O serviçal de Bolsonaro anunciou unilateralmente a retirada do nome de Benedita da Silva da galeria da lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares, alegando que ela responde a processo. Com 40 anos de vida pública, a deputada Benedita da Silva já foi vereadora, deputada, senadora, secretária, governadora e ministra, sem jamais ter sido condenada sequer em primeira instância.

O mesmo serviçal de Bolsonaro já havia excluído da galeria da Fundação Palmares heróis como Zumbi dos Palmares e Nelson Mandela. Benedita continua, portanto, em boa companhia, enquanto o capitão-do-mato segue sua desprezível carreira de bajulador.

A reação dos racistas coincide com a apresentação de um projeto de lei, de autoria da deputada Benedita da Silva, que reserva para os negros 20% das vagas nas ações financiadas com recursos públicos em parceria com organizações não governamentais.

Assim como fez recentemente ao ser atacada de maneira racista por um elemento radicado em Belém do Pará, deputada Benedita da Silva vai à Justiça para denunciar os crimes de racismo e para que sejam reparados os danos causados, e denunciará à Justiça Eleitoral a interferência indevida do Poder Executivo Federal no processo eleitoral do Rio de Janeiro.