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Bloqueio nas estradas já afeta abastecimento em vários Estados

Caminhoneiros autônomos decidiram manter a greve, iniciada dia 21, mesmo após o governo ter reduzido centavos no preço do diesel. Setores automobilístico e de alimentos já sentem os efeitos da greve

Publicado: 23 Maio, 2018 - 12h56

Escrito por: Luciana Waclawovsky, especial para Portal CUT

Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Iniciada há três dias, a greve dos caminhoneiros já afeta várias linhas de produção e abastecimento do País. Em algumas cidades, como o Rio de Janeiro, a greve chegou a atingir o transporte público do município, que teve a frota diminuída por falta de abastecimento. Desde cedo, enormes congestionamentos estão sendo registrados nas principais regiões metropolitanas brasileiras.

Com manifestações em 23 estados, os caminhoneiros protestam contra o preço do diesel e os impostos que incidem sobre os combustíveis. Eles reclamam também dos frequentes reajustes que fazem parte da política de preços da Petrobras em vigor desde julho, imposta pelo atual presidente da estatal Pedro Parente.

No final da tarde de ontem, pressionado pelas manifestações, o ilegítimo e golpista Michel Temer (MDB) recuou e mandou a Petrobras reduzir os preços da gasolina em 2,08% e os do diesel em 1,54% nas refinarias a partir desta quarta. Porém, a categoria ignorou o aceno e decidiu manter a paralisação. Eles querem a redução da carga tributária para o diesel e a isenção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE).

A política de reajuste dos combustíveis, que aumenta os preços de acordo com a variação do barril de petróleo no mercado externo, elevou em 16,07% o valor da gasolina somente no mês de maio.

Impactos da greve

Além das principais montadoras de veículos do país (GM, Ford e Fiat), a indústria alimentícia também está sofrendo os impactos da greve dos caminhoneiros. A Associação Brasileira da Proteína Animal (ABPA) disse que oito fábricas de carne suína e de aves do Brasil já estão paradas.

Em nota oficial, a entidade disse que os bloqueios impedem o transporte de aves e suínos vivos, ração e cargas refrigeradas destinadas ao abastecimento das gôndolas no Brasil ou às exportações. “A continuar este quadro, há risco de falta de produtos para o consumidor brasileiro”, alertou a ABPA, que na mesma mensagem disse compreender e apoiar os motivos da paralisação.

Já a Inframerica, concessionária do aeroporto de Brasília, disse em nota à imprensa que o abastecimento de aviões está afetado e lamentou o transtorno que "a situação pode gerar aos passageiros". De acordo com a concessionária, a frota de caminhões que leva o querosene de avião (QAV) para o terminal estava retida no entorno do Distrito Federal.

Rede de solidariedade

Os mais de 300 mil caminhoneiros paralisados em todo o País se comunicam e enviam áudios e vídeos dos bloqueios e paralisações por meio de mensagens em grupos de WhatsApp e outras redes sociais. Em questão de segundos, um bloqueio do Rio Grande do Norte recebeu o apoio imediato da categoria que está no sul do país, por exemplo.

Diversos grupos foram formados para que as ações de protesto sejam todas registradas pelos próprios caminhoneiros, que estão usando a ferramenta como uma maneira de se proteger de possíveis acusações, divulgar a união da categoria e informar familiares e amigos sobre a situação das estradas em tempo real.

As redes também estão servindo para mostrar a solidariedade que a população demonstra aos grevistas. Em alguns pontos, como em Minas Gerais, os caminhoneiros estão recebendo apoio de empresas que oferecem desde pizza e água até a garantia de banho aos motoristas em greve.

Nesta manhã, os agricultores familiares da Fetraf-MG, que estavam a caminho de São Paulo, pararam na estrada para apoiar a paralisação dos caminhoneiros.

Confira no vídeo:

Apoio da CUT

Em nota, o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, disse que a Central apoia a greve e que o objetivo dos aumentos nos preços dos combustíveis, feitos pelo governo Temer, é privatizar a Petrobras.

“Os aumentos nos preços dos combustíveis tornam inviáveis ao trabalhador caminhoneiro prover o seu sustento e o da sua família, já que o valor do frete não cobre os reajustes diários e diminui o valor do salário dele”, denunciou o dirigente.