Escrito por: Érica Aragão

Boicotadas, mulheres fazem ato histórico em Porto Alegre

“Não há democracia sem Lula nas eleições”, afirmaram milhares de mulheres que ocuparam as ruas da capital gaúcha em defesa da democracia e de um julgamento justo para Lula

Mídia Ninja

A Praça da Matriz, no centro de Porto Alegre, cenário da Campanha da Legalidade comandada por Leonel Brizola em 1961, foi palco novamente, nesta terça-feira (23), de um grande ato que também entrará para a história do País.
 
Liderada por mulheres, a atividade reuniu cerca de 15 mil pessoas no centro da capital gaúcha, um dia antes do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) julgar o recurso da defesa do ex-presidente Lula contra condenação do juiz Sérgio Moro.
 
As mulheres defenderam um julgamento isento de pretensões políticas, com respeito aos princípios básicos do Estado Democrático de Direito e não se intimidaram com o boicote ao ato, inicialmente previsto para ocorrer no auditório Dante de Oliveira da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, que teve de ser deslocado para a rua devido a um apagão inexplicável justamente no horário previsto para início da atividade.
 
“Eu não tenho dúvidas de que hoje escrevemos mais um capítulo na história da luta pela democracia no Brasil. A vontade de transformação do país pulsa em cada uma de nós presentes aqui em Porto Alegre”, declarou, emocionada, a vice-presidenta da CUT, Carmen Foro.

“Temos a certeza de que a democracia é um princípio fundamental, sem ela não teremos direitos. As trabalhadoras e os trabalhadores perderão muito sem o estado de direito”, afirmou Carmen.

“Garantir o direito de Lula ser candidato nas eleições deste ano é garantir a democracia em nosso país, por isso estamos aqui”, concluiu a dirigente.

Para a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Martins Batista, o boicote, que deixou os participantes por mais de 30 minutos no escuro e fez as pessoas se deslocarem do auditório para a rua, favoreceu o movimento, que juntou uma multidão na Praça da Matriz.
 
“As mulheres são resistência. A falta de luz não apagou a luz da manifestação que clamou pelo restabelecimento da democracia em nosso País e exigiu do judiciário brasileiro o respeito ao direito das mulheres votarem no ex-presidente Lula”, destacou Juneia. 

Não existe plano B, diz Dilma
A presidenta legitimamente eleita com 54 milhões de votos, Dilma Rousseff, reafirmou durante o ato que a condenação do ex-presidente Lula em primeira instância tem caráter golpista, cujo objetivo é claro: tirar Lula, o candidato preferido pelo povo, das próximas eleições.
 
“Alega-se que ele recebeu um tríplex que não está no nome dele. A defesa mostrou que esse apartamento estava registrado em nome da construtora OAS, que tinha dado o imóvel como garantia numa operação financeira com o banco. Ou seja, Lula é condenado por um imóvel que uma juíza deu para outra pessoa. Se isso não for perseguição política, não sei mais o que é”, enfatizou Dilma.
 
“Haja o que houver neste julgamento, com apoio de vocês, Lula será candidato. Não existe plano B. Quanto mais tentam destruírem a imagem do presidente, mais ele cresce nas pesquisas. Mais de 40% querem Lula presidente em 2018”, comemorou.
 
Segundo Dilma, se o projeto neoliberal em curso no País, com a aprovação da reforma Trabalhista, da terceirização irrestrita, da Emenda Constitucional que congela os investimentos sociais por 20 anos, fosse submetido ao processo eleitoral, jamais Temer e seus aliados golpistas ganhariam nas urnas.
 
“Nunca seriam eleitos em uma eleição direta se assumissem publicamente que privatizariam a Previdência, acabariam com a Petrobras e outras empresas estatais, que abririam a venda das terras brasileiras aos estrangeiros. Para fazer isso, era preciso do golpe”, afirmou Dilma.

A ex-ministra de Políticas para Mulheres dos governos Lula e Dilma, Eleonora Menecucci, falou emocionada que “precisamos recuperar a democracia porque sem democracia não há igualdade”, se referindo aos direitos das mulheres conquistados nos governos democráticos e populares de Lula e Dilma e que foram extintos com o golpe.
 
“Não há democracia sem eleições. Não há democracia sem o presidente Lula”, finalizou Eleonora.

Foto: Érica AragãoMulheres da CUT em POA 
“Nem recatada e nem do lar, a mulherada está na rua para lutar”, diziam as mulheres da CUT durante caminhada ao local do ato, que contou com a participação de dirigentes da direção executiva da CUT, entre elas, Graça Costa, secretária de Relações do Trabalho; Rosane Bertotti, secretária de Formação; Jandyra Uehara, secretária de Políticas Sociais; Madalena Margarida da Silva, secretária de Saúde do Trabalhador; Rosana Souza, secretária-adjunta de Combate ao Racismo; e Virginia Berriel, diretora executiva.