MENU

Bolsolão do Lixo: vendeu caminhão de lixo para  governo, mas parece empresa fantasma

E são duas. Uma funciona em uma casa abandonada, venceu licitração de R$ 12 milhões; a outra, funciona em um galpão e venceu licitação de R$ 9 milhões – o dono da segunda empresa recebeu auxílio emergencial

Publicado: 24 Maio, 2022 - 16h02 | Última modificação: 24 Maio, 2022 - 16h49

Escrito por: Redação CUT | Editado por: Marize Muniz

Paula Villar (@artevillar)
notice

As duas empresas que estão entre as que mais venderam caminhões de lixo para o governo de Jair Bolsonaro (PL) com preços inflados têm características de empresas fantasmas, ou seja, de empresas que não existem fisicamente, nem sequer atuam verdadeiramente no mercado, mas que ainda assim possuem registros jurídicos. 

A Globalcenter Mercantil Eireli, que venceu pregões de R$ 12 milhões para venda de caminhões de lixo, funciona em uma casa abandonada, cercada de mato, em Goiânia (GO). A empresa, que começou a vender caminhão de lixo em 2020, está em nome do empresário Herbert Rafael Lacerda Neco, 30.

Perto dali, em um galpão recém-reformado, funciona a Distribuição e Logística Eireli, outra vencedora licitação no valor de R$ 9 milhões para a venda dos veículos no ano passado. No papel o dono é Jair Balduíno de Souza, de 50 anos, que recebeu auxílio emergencial de R$ 600 pago a quem perdeu renda durante a Covid-19.

A investigação sobre as empresas foi feita pelos jornalistas Vinícius Valfré, André Shalders e Julia Affonso, do Estadão, que começaram a publicar uma série de reportagens sobre a denúncia no domingo (22).

Na reportagem publicada nesta terça-feira (24), eles revelam detalhes sobre as duas empresas e histórias como o caso em que o governo aceitou pagar a uma delas até R$ 85,6 mil a mais pelo mesmo caminhão comprado dois meses antes por um valor menor.

Além do superfaturamento e empresas em nome de “laranjas” e pessoas ligadas a políticos, os jornalistas contam que licitações suspeitas foram encerradas em apenas 88 segundos.

Entre os políticos citados na reportagem, envolvidos em emendas para compras superfaturadas de caminhões de lixo estão bolsonaristas e líderes do Centrão, como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO) e as deputadas Bia Kicis (PL-DF) e Magda Mofatto (PL-GO). 

Todos, em algum momento nos últimos três anos e cinco meses de governo Bolsonaro, já deram declarações contra a corrupção. O presidente, por sua vez, ainda tem coragem de dizer que em seu governo não tem corrupção.

Como disse o Supremo Tribunal Federal (STF) no Twitter "Uma mentira contada mil vezes não vira verdade!".

A frase do STF é uma alusão indireta à célebre frase de Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista de Adolf Hitler, que dizia que "uma mentira dita mil vezes torna-se verdade".